Na sessão ordinária desta quarta-feira (22), o vereador Alexandre Xandó (PT) cobrou respeito e valorização à capoeira, após o grupo Viva Conquista – um dos mais antigos da cidade – receber uma notificação proibindo o treinamento na quadra do Estádio Municipal Edvaldo Flores. A orientação, segundo ele, é que os capoeiristas passem a realizar os treinos em área descoberta, “ao relento”, no entorno do estádio.

“O Grupo Viva Conquista, um dos mais antigos da cidade, recebeu uma notificação com a proibição de treinar na quadra coberta do Estádio Edvaldo Flores, onde há anos realiza suas atividades. Estão sendo obrigados a treinar ao relento, justamente nesse período de chuva e frio. Isso é um desrespeito com a capoeira”, afirmou o vereador.

Ele lembrou que o grupo já havia sido retirado anteriormente da sala de artes marciais e realocado para a quadra, que agora também lhes foi negada. “E aí eu pergunto: criou-se uma Secretaria de Esportes para quê? Isso é fortalecer o esporte? Isso é fortalecer a capoeira, uma manifestação cultural reconhecida internacionalmente?”, questionou Xandó.

O parlamentar fez um apelo direto ao secretário municipal de Esportes, Chico Estrela, para que a decisão seja revista. “Respeite a capoeira, secretário. Nós não vamos aceitar que o grupo seja escorraçado do local onde sempre treinou. Se for preciso, faremos uma roda de capoeira dentro da Prefeitura para chamar atenção para o problema”, disse.

O vereador classificou a medida como um caso de racismo institucional contra a cultura afro-brasileira. “Se fosse qualquer outra arte marcial, como karatê, jiu-jitsu ou muay thai, jamais seria colocada para treinar no tempo. Mas a capoeira, que é coisa de preto, parece que pode ser colocada em qualquer lugar. Por ser coisa de preto, merece respeito”, declarou.

“A polícia da Bahia é a que mais mata no Brasil. A cada quatro mortes provocadas por policiais no país, uma ocorre aqui. Isso é reflexo de uma cultura institucional de conflito e letalidade. É preciso mudar essa lógica”, destacou.

O vereador explicou que o plano, articulado entre os três poderes, faz parte do programa ‘Táía pela Paz’, voltado à prevenção da violência e à qualificação da atuação policial. “O objetivo é reduzir riscos para os policiais e para as comunidades, com mais controle, transparência e uso de tecnologias como câmeras corporais. Também está sendo criado um programa de apoio psicológico para policiais que vivenciam situações recorrentes de confronto”, informou.

Xandó defendeu a expansão das câmeras corporais para o interior do estado e a ampliação do uso de equipamentos não letais nas operações. “A Bahia precisa avançar na implementação dessas medidas. É uma política que salva vidas - de cidadãos e também de policiais. Parabéns ao governador Jerônimo Rodrigues, ao secretário de Justiça e Direitos Humanos e a todos os envolvidos. Contem com o nosso apoio”, concluiu.

Anuska Meirelles