Durante a sessão desta sexta-feira (17) na Câmara Municipal de Vitória da Conquista, a vereadora Viviane (PT) fez um pronunciamento contundente em defesa da população da zona rural e da melhoria dos serviços públicos essenciais. A parlamentar abordou a escassez de água, especialmente nos povoados mais distantes da zona urbana, e criticou a falta de celeridade na resposta do poder público.
“Recebemos diariamente reclamações sobre a falta d’água. A situação está crítica em localidades como Lagoa da Visão, onde os moradores aguardam há quase seis meses a liberação do cartão para o recebimento de água após a vistoria da Defesa Civil”, relatou. Ela alertou que, com a chegada do verão, o problema tende a se agravar e exige uma resposta urgente dos órgãos responsáveis.
Viviane também chamou a atenção para a leitura da Lei Orçamentária Anual (LOA) para 2026, que prevê quase R$ 2 bilhões em recursos. Segundo a vereadora, a educação receberá quase R$ 600 milhões, e a saúde, cerca de R$ 400 milhões. No entanto, ela criticou a desconexão entre o orçamento projetado e a realidade enfrentada pela população.
“É inadmissível que, com esse orçamento, as pessoas ainda encontrem dificuldades para acessar medicamentos básicos, fitas de glicemia, e consultas com especialistas. Isso prejudica não apenas Conquista, mas os mais de 78 municípios da região que dependem da nossa rede de saúde por meio da pactuação programada”, afirmou.
A vereadora cobrou mais atuação da Comissão de Saúde da Câmara, relembrando sua própria experiência quando integrava o grupo. “Fazíamos audiências, fiscalizações e reuniões constantes com os secretários. Saúde é o bem mais essencial da população, e essa comissão precisa cumprir seu papel.”
Outro ponto destacado foi a chegada do Projeto de Lei nº 36/2025, que trata da autorização para o município contrair um empréstimo de R$ 400 milhões junto a instituições financeiras. A vereadora levantou preocupações sobre a falta de detalhamento no projeto.
“Novamente, temos ações genéricas. E o mais grave: não há nenhuma previsão para habitação popular, um problema crônico em Vitória da Conquista. O município busca um valor alto, mas sem clareza de onde e como será investido cada centavo”, alertou.
Viviane também criticou a possibilidade de uso político do recurso. Segundo ela, parte do valor do empréstimo estaria sendo distribuído entre vereadores para indicação de obras, como forma de garantir apoio à votação do projeto, prática que ela classificou como reflexo do não cumprimento das emendas impositivas desde 2017.
“Se a prefeitura tivesse respeitado as emendas impositivas, que representam 1,2% do orçamento, não precisaríamos estar diante desse tipo de negociação. Estamos falando de obras básicas indicadas por nós, como vereadores, e que nunca saíram do papel. Agora, a gestão tenta calar o debate oferecendo fatias desse empréstimo como moeda política.”
Ao final, a vereadora reforçou o alerta à população e aos colegas parlamentares: “Precisamos abrir esse debate, com transparência, responsabilidade e foco nas prioridades reais do nosso povo.”
Por Andréa Póvoas