Na manhã desta segunda-feira (1º), o plenário Carmen Lúcia da Câmara Municipal de Vitória da Conquista sediou uma audiência pública para discutir a importância das associações e os desafios enfrentados por seus representantes. O encontro reuniu lideranças comunitárias, movimentos sociais, representantes do poder público e da iniciativa privada, que contribuíram com sugestões e reflexões sobre como fortalecer o papel das associações no município. A iniciativa foi do vereador Luciano Gomes (PCdoB), que destacou a relevância dessas organizações para o fortalecimento da participação popular e para o desenvolvimento econômico e social.

“Esse debate em torno das associações é necessário porque ainda existe uma discriminação muito grande com os presidentes e, por que não dizer, com os movimentos sociais. As associações são extremamente importantes. Eu sou fruto das associações e cheguei até aqui graças a esse trabalho coletivo. Por isso, precisamos dar visibilidade e respeito às associações e aos seus dirigentes, que muitas vezes deixam a vida pessoal em segundo plano para servir à comunidade”, afirmou Luciano Gomes.

O vereador também alertou que muitas associações acabam sendo usadas apenas em períodos eleitorais e depois são esquecidas, reforçando a necessidade de valorização contínua por parte da sociedade, do poder público e da iniciativa privada.

O secretário municipal de Agricultura, Breno Farias, também destacou as ações da pasta para apoiar o associativismo no campo e fortalecer as comunidades. “Hoje temos um setor específico na Secretaria só para cuidar das associações. Já ajudamos na regularização de 85 associações que estão em pleno funcionamento, e onde não existe nossa equipe incentiva a criação. Isso é fundamental porque políticas públicas de Governo do Estado e Federal, como entrega de tratores, kits produtivos, casas de farinha e secadores de café, só chegam através das associações. O associativismo gera emprego, renda, capacitação e ajuda a manter o homem e a mulher no campo com qualidade de vida”, explicou o secretário.

Na sequência, Jeandro Laytynher, presidente da Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional/CAR, reforçou a importância de unir esforços entre governos e sociedade civil para fortalecer a agricultura familiar. “Essa audiência é para vocês, agricultoras e agricultores. Ela precisa refletir as necessidades do homem e da mulher do campo, e os entes federados devem se comprometer com o desenvolvimento. Precisamos dar as mãos e seguir firmes nessa luta, porque estamos vivendo uma emergência climática e somente a agricultura familiar pode salvar o nosso planeta. O acesso a recursos e tecnologias para o agricultor familiar ainda é muito menor do que o destinado ao agronegócio, e precisamos lutar para tornar isso mais equilibrado, garantindo desenvolvimento com qualidade, tecnologia social e implementações que facilitem a produção”, afirmou Jeandro Laytynher.

Também participou da audiência Roque Soares, coordenador técnico da Bahiater, que reforçou a importância do associativismo para o fortalecimento da agricultura familiar e o acesso a políticas públicas. “O caminho do fortalecimento da agricultura familiar é o associativismo. Estamos sempre à disposição das associações para reduzir dificuldades, principalmente em regiões com escassez de água. É com comunicação, educação e assistência técnica que garantimos que o agricultor produza com dignidade, tenha excedentes para comercialização e alimentos de qualidade. Vitória da Conquista é referência no sudoeste, e precisamos pavimentar essa estrada para uma agricultura forte e um desenvolvimento digno”, destacou Roque.

A audiência também contou com a participação de representantes de diversas associações comunitárias. Entre eles, Javan Pinheiro, presidente da Associação de Moradores dos Bairros Vila Marina e Recanto dos Pássaros, que destacou as conquistas obtidas pelas entidades e incentivou a participação da sociedade. “Recentemente, conseguimos o asfaltamento completo do bairro Vila Marina e, para o Recanto dos Pássaros, uma área institucional para a prática de esportes. Meu conselho para quem quer começar uma associação é doação: doar tempo, boa vontade e assumir responsabilidades para construir uma sociedade melhor. Discutir associativismo em uma audiência pública é fundamental para fortalecer a comunidade e criar uma sociedade mais organizada e participativa”, ressaltou Javan.

Outra representante presente foi Alaide Santana, da Associação de Mulheres do Assentamento Mutun, que relatou avanços e reforçou a necessidade de mais investimentos para as comunidades rurais. “A nossa associação já conquistou benefícios como trator, máquina de ração e de cereais, mas não queremos parar por aí. Precisamos de desenvolvimento para as mulheres da zona rural e, principalmente, de água. Sem água, não conseguimos produzir. Não adianta ter maquinário se falta o essencial. Por isso, pedimos um olhar melhor para a nossa região”, destacou Alaide.

Já Rita Rodrigues, coordenadora do território do médio Sudoeste, reforçou a importância do associativismo para atrair investimentos e trouxe um exemplo prático de como a organização comunitária faz diferença. “O Governo do Estado já investiu cerca de R$ 22 milhões na área rural, e só o município de Manoel Vitorino recebeu R$ 16 milhões. Por quê? Porque é um dos municípios mais bem organizados, com muitas associações ativas. Isso mostra como o associativismo é essencial para avançarmos. Precisamos sair daqui com propostas concretas para que Vitória da Conquista possa receber mais recursos e crescer junto com o homem e a mulher do campo, garantindo dignidade e respeito”, afirmou Rita.

Na sequência, Padre Lenito de Jesus Santos, presidente da Associação Mãe Rural, destacou o papel histórico da Igreja e a importância da conscientização dos cidadãos sobre seus direitos e deveres. “Desde 1935, a Igreja tem contribuído para a fundação de associações. É preciso conscientização da humanização associativa e comunhão com o povo. As pessoas precisam conhecer seu valor, seus direitos e deveres, para organizar ideias e colocar em prática toda ação associativa. A audiência de hoje nos traz responsabilidade para o crescimento de Vitória da Conquista e da Bahia, e mostra que o envolvimento deve ser contínuo, não apenas em períodos eleitorais”, afirmou o Padre Lenito.

Em seguida, o deputado estadual José Raimundo Fontes destacou o papel das associações na promoção da justiça social e no fortalecimento da democracia. “O modelo de representação atual está cansado, e é preciso fortalecer a democracia. As organizações sociais e movimentos comunitários não servem apenas para reivindicar melhorias materiais, mas para criar uma cultura de combate às desigualdades. O associativismo ajuda a distribuir renda e poder, fortalece relações humanas, cria companheirismo, fraternidade e amor ao próximo, e garante que os benefícios cheguem às comunidades que mais precisam”, afirmou José Raimundo.

Na sequência, o deputado estadual Fabrício Falcão explicou como o associativismo e o cooperativismo contribuem para gerar renda, agregar valor aos produtos e fortalecer a economia local. “O associativismo e o cooperativismo são fundamentais para que trabalhadores e produtores tenham força coletiva. Sozinhos, eles não conseguem melhores condições; juntos, conseguem agregar valor à produção, acessar crédito e gerar renda. Por exemplo, produtores de leite que se unem em cooperativas podem montar laticínios e vender produtos com valor agregado, ao invés de leite in natura. É assim que o associativismo ajuda a melhorar a vida das famílias e fortalece o desenvolvimento da região e do Estado da Bahia”, afirmou Fabrício Falcão.

Já o deputado federal Waldenor Pereira destacou a importância da organização comunitária e o papel do associativismo no desenvolvimento social e econômico dos municípios. “O associativismo é um instrumento fundamental para o desenvolvimento de qualquer município. É imprescindível que o povo se organize em associações e cooperativas para gerar emprego, renda e dinamizar a economia local. Parabenizo o vereador Luciano Gomes pela realização deste evento, pois o associativismo permite que a população faça jus a direitos e benefícios que os governos federal, estadual e municipal devem oferecer”, afirmou Waldenor Pereira.

Logo após, Climério Vale da Silva, secretário-executivo da CEDASB, destacou como o associativismo possibilita a agregação de valor aos produtos e melhora a renda dos produtores. “Quando os trabalhadores se unem em associações ou cooperativas, conseguem melhorar preços, acessar crédito e agregar valor à produção. Por exemplo, produtores de leite que se organizam podem montar laticínios, produzir queijo, iogurte e requeijão, elevando a renda e fortalecendo a economia local. O associativismo transforma o trabalho individual em força coletiva, e o Estado da Bahia e o Governo Federal apoiam essas iniciativas para garantir melhores condições de vida às famílias e desenvolver a região”, afirmou Climério Vale da Silva.

Anuska Meirelles