Câmara Municipal de Vitória da ConquistaNotíciaRádio Câmara FM 90.3
26/08/2025 09:43:00
A mais recente edição do Conquista Tour – programa levado ao ar todas as quintas-feiras, às 10hs, pela Rádio Câmara (90.3 FM) e conduzido pela jornalista Andréa Póvoas e pelo turismólogo Luiz Ferraz – trouxe como tema o Turismo Acessível, levantando reflexões sobre como Vitória da Conquista pode se preparar para garantir lazer, entretenimento e cultura para todos.
O Turismo Acessível é reconhecido como um direito universal, assegurado pela Convenção da ONU sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência (2006). Países como Espanha, França e Portugal já se tornaram referência ao implementarem políticas públicas integradas, com transporte adaptado, hotéis acessíveis, materiais em braile, audioguias e formação de profissionais.
Nos Estados Unidos, a legislação (Americans with Disabilities Act – ADA) estabelece regras rígidas para adaptação de espaços e serviços turísticos, garantindo inclusão e ampliando o mercado. No Brasil, o Ministério do Turismo trabalha o conceito como parte do Turismo Social. Entre as iniciativas estão o Programa Turismo Acessível, a Cartilha de Orientações de Acessibilidade em Meios de Hospedagem e as normas da ABNT (NBR 9050).
Vitória da Conquista, que está em processo de consolidação de seu turismo receptivo, ainda enfrenta limitações para oferecer roteiros adaptados, transporte inclusivo e profissionais capacitados. No entanto, possui um grande potencial em ecoturismo, cultura e eventos, podendo se destacar como um polo regional se adotar a acessibilidade como diferencial competitivo e social.
Para aprofundar a discussão, o programa recebeu três convidados que vivem diariamente os desafios e conquistas da inclusão. Ricardo Shimosakai, consultor e especialista em acessibilidade e inclusão, participou por telefone de São Paulo. Cadeirante, ele destacou que o Brasil tem muito a aprender com modelos internacionais e reforçou que o turismo acessível deve ser visto não apenas como um direito, mas como uma oportunidade de mercado. Para cidades como Vitória da Conquista, ele apontou a importância de começar com ações simples e estruturantes, como capacitação profissional e elaboração de roteiros adaptados.
Luiz Fernando Couto, professor e deficiente visual, relatou que seu maior obstáculo nas viagens é a falta de informação das pessoas sobre como interagir com pessoas cegas. Ele contou uma situação em que uma pessoa tentou ajudá-lo a atravessar a rua puxando sua bengala, em vez de oferecer o braço. Por outro lado, também compartilhou experiências positivas em destinos que possuem guias preparados e estruturas acessíveis. Para ele, ouvir diretamente as pessoas com deficiência é essencial para que gestores e empreendedores avancem na área.
Henrique Oliveira, acompanhado da intérprete de Libras Janyni, trouxe a perspectiva da comunidade surda. Ele apontou como principal dificuldade a ausência de intérpretes em restaurantes, lojas e até em serviços essenciais como hospitais e farmácias. No entanto, lembrou de uma experiência marcante: um city tour realizado em Vitória da Conquista, organizado pela Prefeitura, que disponibilizou transporte e intérprete de Libras. “Foi incrível, passei a ver a cidade com outros olhos”, contou.
Por Andréa Póvoas