A Câmara Municipal aprovou nesta sexta-feira (11) a nomeação de uma rua em homenagem a Mãe Olga de Alaketu, uma das mais importantes mães de santos da Bahia do século XX. A decisão celebra não apenas a vida e o legado de Mãe Olga, mas também reconhece a importância histórica e cultural do terreiro Ilê Maroiá Láji, fundado pela africana Otampê Ojarô, princesa da linhagem real Arô, do antigo reino de Ketu, localizado no atual país Benin. Ela chegou ao Brasil na condição de escravizada e foi rebatizada de Maria do Rosário.
A lei que denomina a atual Rua C, localizada no Loteamento Vivenda Vale das Flores, como Rua Olga do Alaketu, foi proposta pelo vereador Xandó (PT) e aprovada por unanimidade pelo plenário da Câmara. Segundo o parlamentar, a nomeação é um passo importante para a valorização da cultura afro-brasileira em Vitória da Conquista, lembrando sobre a relevância das tradições e das figuras que contribuíram para a diversidade cultural do Brasil.
“A nomeação da rua homenageia a tradição religiosa afro-brasileira, fazendo com que nos recordemos de uma de suas sacerdotisas mais proeminentes em nível nacional, mas também se torna um indicador de que no Loteamento Vivenda Vale das Flores há uma casa de candomblé cujas raízes rituais remontam à Casa Branca do Engenho Velho e cujas relações, ultrapassando essa casa matriz, se estende a outros terreiros matriciais da Bahia”, afirmou.
Mãe Dulce de Iemanjá, do terreiro Axé Yanguí – que fica localizado na rua que agora recebe o nome de Mãe Olga de Alaketu –, manifestou seu contentamento com nomeação da rua. “Trata-se de nossa raiz, de nossa história, de nosso segmento dentro do Candomblé. Nos sentimos honrados e privilegiados em ter o nome de uma rua no Axé Yanguí representado por uma figura tão grande e importante para nossa tradição", afirmou.
Mãe Olga do Alaketu nasceu em 9 de setembro de 1925 e foi uma figura central na preservação e promoção da cultura afro-brasileira. Como Iyalorixá do terreiro Ilê Maroiá Laji, fundado na primeira metade do século XIX, ela dedicou 57 anos de sua vida à liderança espiritual e cultural da comunidade. Sua trajetória foi marcada por conquistas significativas, incluindo a recepção da Ordem de Mérito Cultural, concedida pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, em reconhecimento à sua contribuição à cultura brasileira.
O terreiro do Alaketu, tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) em 2004, é considerado um patrimônio cultural do Brasil. A nomeação da rua não apenas celebra a vida de Mãe Olga, mas também destaca a importância do candomblé e das tradições afro-brasileiras na formação da identidade cultural da região.
Localizado no mesmo loteamento, o terreiro Axé Yanguí, fundado pelo babalorixá Júlio Santana Braga, amigo íntimo de Mãe Olga, também reforça a conexão entre as tradições religiosas e a comunidade local. O Axé Yanguí é o primeiro terreiro de candomblé estabelecido no bairro Lagoa das Flores e é parte de uma rica herança cultural que se estende por várias gerações.