Na sessão desta quarta-feira (9), a Câmara Municipal de Vitória da Conquista entregou Moção de Aplauso ao Professor. Dr. Itamar Pereira Aguiar, figura com mais de 50 anos dedicados à educação e 42 deles na Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB). A homenagem, apresentada pelo presidente Ivan Cordeiro, reconhece o impacto de Aguiar na cidade, abrangendo desde a filosofia e o Direito até o desenvolvimento social e a cultura afro-brasileira.

Ivan Cordeiro destacou que a trajetória de Itamar Aguiar se confunde com a história de Vitória da Conquista. Como fundador e dirigente do DFCH e da ADUSB na UESB, ele desempenhou um papel crucial na universidade. Sua atuação como secretário de Desenvolvimento Social na gestão de Murilo Mármore foi marcada pela implementação de programas de habitação popular, pela efetivação do Estatuto da Criança e do Adolescente e pelo apoio a associações de bairros, creches e hortas comunitárias. 

Ivan Cordeiro lembrou que Itamar Aguiar também promoveu o primeiro assentamento de reforma agrária na cidade e construiu moradias para milhares de pessoas em regime de mutirão, demonstrando sua preocupação com os mais necessitados. Em sua fala, o professor dividiu a homenagem com as lideranças do movimento de associação de moradores e os pais de santo, evidenciando sua visão de que o trabalho em prol da comunidade é um esforço coletivo.

Itamar Aguiar dedicou parte de seu trabalho ao estudo da cultura afro-brasileira, com foco na diversidade religiosa. Sua etnografia do povo de santo e das casas de culto de matriz africana em Vitória da Conquista revela um compromisso com a valorização e o reconhecimento das tradições religiosas afro-brasileiras. Aguiar destacou a importância do tombamento do primeiro terreiro de tradição iorubana em Vitória da Conquista, mencionando o Pai Jorge, o pai do primeiro terreiro de tradição iorubana instalado na cidade, a partir de 1993.

Ele também ressaltou o carinho e a atenção da Câmara de Vereadores com as tradições afro-indígenas brasileiras. No entanto, Aguiar aponta para a realidade de preconceito, intolerância religiosa e falta de apoio governamental enfrentada pelos terreiros e comunidades de matriz africana no Brasil, além da falta de reconhecimento legal que dificulta a preservação de suas práticas culturais. 

Outro ponto central da fala de Itamar Aguiar foi a defesa da criação de uma indústria de cinema e audiovisual em Vitória da Conquista. Ele ressaltou a vocação natural da cidade para essa atividade, lembrando que Glauber Rocha, “uma grande figura deste mundo do cinema e do audiovisual no Brasil e no mundo”, é filho da terra. Aguiar argumentou que a criação de um curso de cinema e de uma indústria de cinema e audiovisual pode gerar empregos, projetar a cidade no cenário mundial e impulsionar o desenvolvimento econômico e cultural. Ele presenteou a Câmara de Vereadores com o livro “Filosofia, Cinema e Educação”, no qual explora a relação entre cinema e imaginação, como um marco dessa iniciativa.