No Fala Conquista desta quarta-feira (2), os jornalistas Guilherme Barbosa e Andréa Póvoas receberam no estúdio da Rádio Câmara três mães atípicas, por ocasião do Dia Mundial de Conscientização do Autismo. Jaqueline Ferreira dos Santos, Gabriela Pereira Nunes e Neres Valda Matos fazem parte da Associação “Mães de Autistas Unidas” e, juntamente com outras mães atípicas, são a voz de seus filhos, netos e outros parentes com Transtorno do Espectro Autista (TEA).

Jaqueline é mãe de um adolescente de 16 anos e uma menina de 9, ambos possuem TEA, além de outros transtornos relacionados. Ela também faz uso de medicamentos controlados e, mesmo com toda a sua luta diária, cuida dos dois, “matando um leão a cada hora”, como ela mesma disse: “A luta é o tempo todo. Lá em casa, fazemos uso de 19 medicamentos de uso controlado, dos quais apenas 3 são retirados na Dires. O restante eu tenho que comprar e são caríssimos. Além disso, o município não possui um médico neurologista, o que faz com que o tratamento dos dois seja particular. A consulta custa R$ 500,00”, desabafou. 

Gabriela é mãe de quatro, sendo um autista e outro com microcefalia. Ela reclama da falta do cumprimento das leis a que teria direito: “Eu queria deixar clara a diferença entre prioridade e preferência. Nós temos prioridade em qualquer situação pois nossos filhos não têm a mesma paciência de uma criança ‘normal’. Porém, em nenhum lugar que vamos, isso é respeitado e as pessoas ainda nos julgam, falam que nossos filhos estão fazendo birra, ou que a gente não sabe criar. É uma total ignorância”.

Além da entrevista no Fala Conquista, a presidente da Associação de Mães Autistas Unidas, Nerisvalda Matos também usou a Tribuna Livre na sessão ordinária desta quarta-feira. Mãe de um autista de 31 anos e avó de outro com 10 anos de idade, Nerisvalda começou falando que hoje não seria um dia para comemorações, uma vez que não existem motivos para comemorar, pois ainda há muito trabalho a ser feito. “Há 31 anos não tinha muita informação. Hoje temos todas as informações, mas falta o empenho de políticas públicas e o poder público abraçar a nossa causa”, reivindicou durante a plenária.

Ao Fala Conquista, Neres disse que há muito tempo vem pedindo socorro e que sua luta tem sido abrir os olhos da população e das autoridades para a importância da saúde mental: “De acordo com o CAPS IA (Centro de Atenção Psicossocial Infanto-Juvenil), são 4000 crianças e adolescentes usuárias do serviço, que não dá conta da demanda. O atendimento que poderia ser mensal ocorre de seis em seis meses. Para a gente conseguir um diagnóstico, a criança tem que passar por vários atendimentos e, às vezes, o laudo vem depois de anos. Sem o laudo, ficamos de fora de uma série de benefícios que os nossos filhos precisam. Isso demonstra a necessidade da criação de um Centro de Referência para Tratamento de Autismo”.

A Câmara de Vereadores e a Rádio Câmara, 90.3 FM se solidarizam com a Causa Autista e estão de portas abertas para se unir à luta das mães atípicas. 

Por Andréa Póvoas