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Câmara celebra centenário de José Pedral Sampaio

Câmara Municipal de Vitória da ConquistaNotíciaLuis Carlos DudéUNIÃO BRASIL

13/01/2025 11:27:00


Se estivesse vivo, o político José Fernandes Pedral Sampaio completaria cem anos de idade em 12 de setembro deste ano de 2025. Prefeito três vezes de Vitória da Conquista e reconhecido como liderança política de cujo nome foi originado o termo “pedralismo”, o engenheiro será homenageado com uma série de atividades promovidas pela Prefeitura e Câmara.

Para celebrar a importância política do ex-gestor, a Câmara aprovou a Lei nº 2.957/2024, que cria o “Ano do Centenário de José Fernandes Pedral Sampaio”. Durante todo o ano, serão realizados eventos institucionais comemorativos para destacar as contribuições de José Pedral para o desenvolvimento urbano, econômico e social do município. 

Autor da proposta, o vereador Luís Carlos Dudé (UB) afirmou que a trajetória política de José Pedral Sampaio é um exemplo de dedicação e compromisso com o progresso da cidade, tornando justa a celebração de seu centenário pelo município. Destacou ainda que o ex-prefeito inspirou diversas lideranças locais e teve papel destacado na luta pela democracia.

“Pedral Sampaio era, sobretudo, um democrata. Um homem de uma inteligência singular, que amava esta terra e que foi determinante pra eleição de Waldir Pires ao governo da Bahia. Quem o conheceu de perto sabe o quanto havia de generosidade naquele coração. Sem dúvida, Pedral foi um dos mais extraordinários políticos baianos”, afirmou Dudé.

Além dos diversos eventos programados para o ano de 2025, Prefeitura e Câmara deverão incluir em todos os documentos oficiais do município, no decorrer deste ano, a inscrição Ano do Centenário de José Fernandes Pedral Sampaio. “É uma celebração justa ao nosso grande líder, um homem que dedicou toda sua vida a esta cidade”, declarou Dudé.

José Pedral Sampaio - Nascido em 12 de setembro de 1925, era neto do coronel José Fernandes de Oliveira, o Coronel Gugé, importante líder político local por cerca de 20 anos. Pedral nasceu na casa do avô, localizada na Praça Barão do Rio Branco, tendo como parteiro o médico Régis Pacheco, que se tornaria governador da Bahia, deputado federal constituinte em 1946 e padrinho político de Pedral.

Filho do engenheiro Sifredo Pedral Sampaio e de Dona Maria Fernandes Pedral Sampaio, José Pedral formou-se engenheiro civil pela Escola Politécnica da Universidade da Bahia, em 11 de novembro de 1949. Em 1954, fixou-se em Vitória da Conquista, onde abriu o escritório de engenharia “Construtora Prumo”. Como engenheiro, deixou sua marca em obras importantes, como o Colégio Sacramentinas e o Clube Social Conquista. Casou-se duas vezes, primeiro com Lícia Pedral e, após o falecimento desta, com Zica Pedral. 

Em 1958, Pedral deu início à sua carreira política, candidatando-se pela primeira vez à Prefeitura, ocasião em que eleito Gerson Salles. Em 1962, apoiado pelo PSD (Partido Social Democrático – de Régis Pacheco) e MTR (Movimento Trabalhista Renovador – de Fernando Ferrari), venceu facilmente seus adversários Jesus Gomes dos Santos (da UDN), Hugo de Castro Lima (do PTB) e Jorge Stolz Dias (do PSP), obtendo votação superior aos três candidatos juntos. 

Durante a primeira gestão de José Pedral Sampaio, o clima político em Vitória da Conquista foi fortemente influenciado pelas Reformas de Base propostas pelo então presidente João Goulart, que encontraram grande ressonância na cidade. Na década de 1960, essas ideias foram amplamente discutidas e impulsionaram movimentos sociais. 

Os bancários promoveram greves, os pedreiros fundaram seu sindicato e os estudantes organizaram seus grêmios, marcando o início de um movimento estudantil ativo na cidade. Pedral, assumiu a prefeitura em 7 de abril de 1963 e governou o município até 6 de maio de 1964, quando foi cassado pelo regime militar.

Durante sua curta gestão, de apenas 13 meses, realizou importantes obras e promoveu diversas melhorias na cidade, como a construção de chafariz no bairro Alto Maron, calçamento da Rua do Triunfo, da Rua Plácido de Castro, arborização e calçamento da Praça Sá Barreto. Também celebrou um convênio com a Coelba, transferindo a esta a antiga “Empresa Municipal de Energia Elétrica”. 

Promoveu ainda a transformação do prédio do antigo “Quartel de Polícia” na atual Prefeitura Municipal, além de adquirir o sobrado de Manoel Fernandes dos Santos Silva, transformando-o no “Fórum João Mangabeira”, e ainda realizou a ampliação da Praça da Bandeira com desapropriações e pavimentações, dando-lhe o nome de “Praça Dino Correia” (onde foi construído o Conjunto Comercial do Mercadão na administração de Fernando Spínola).

O golpe militar de 1964 interrompeu a gestão de José Pedral Sampaio, quando o então prefeito foi detido em uma operação repressiva marcada por delações, que levou à suspensão de seus direitos políticos. Vereadores opositores a Pedral, alinhados ao regime militar, aprovaram uma proposição na Câmara Municipal convidando a 6ª Região Militar a visitar o município para "apuração de fatos". 

Em 5 de maio de 1964, a força-tarefa repressiva, comandada pelo capitão Antônio Bendochi Alves Filho, chegou à cidade com seu temido "ônibus do terror", estacionado na Praça Rio Branco, no centro da cidade. O ambiente de delações, característico desses períodos, facilitou o trabalho da equipe repressora. 

No dia seguinte, 6 de maio, começaram as prisões, que contaram com a colaboração ativa de delatores. Os detidos eram levados ao "ônibus do terror", estacionado na Praça Barão do Rio Branco, e depois conduzidos às celas do Batalhão de Polícia (antigo 9º BPM), onde eram interrogados no âmbito do Inquérito Policial Militar (IPM), sob a supervisão do capitão do exército Antônio Bendochi Alves Filho. 

Nesses primeiros dias, com o ônibus da Praça Rio Branco servindo como quartel general e centro de triagem, José Pedral foi preso junto com figuras de destaque como Franklin Ferraz (juiz trabalhista), Reginaldo Santos (diretor do jornal “O Combate”) e Raul Ferraz (advogado). Pedral teve seus direitos políticos suspensos por 10 anos, punição que foi prorrogada por mais 10 anos. 

Retornou à política em 1982, quando candidatou-se pela legenda do PMDB, disputando o cargo de prefeito com Sebastião Castro, Ruy Medeiros e Margarida Oliveira, e foi novamente eleito prefeito de Vitória da Conquista. Durante esse segundo mandato, Pedral implementou obras estruturais importantes, como as feiras do Ceasa e do bairro Brasil e o terminal de ônibus da Lauro de Freitas, que até hoje servem à população. 

Ainda na década de 1980, José Pedral Sampaio consolidou-se como o maior líder político de Vitória da Conquista, até então, quando sua liderança se destacou durante a campanha política de Waldir Pires ao Governo do Estado em 1986, quando coordenou a campanha que derrotou o candidato Josaphat Marinho, apoiado por Antônio Carlos Magalhães. Em 1987, Pedral afastou-se da prefeitura e assumiu cargo de Secretário Estadual dos Transportes. No entanto, com a renúncia de Waldir Pires ao cargo de governador, Nilo Coelho, que assumiu o governo, exonerou Pedral da referida Secretaria. 

José Pedral Sampaio ainda retornou à prefeitura de Vitória da Conquista em 1988 e foi reeleito em 1993, consolidando-se como uma das figuras políticas mais influentes da cidade. Pedral faleceu aos 89 anos, em 16 de setembro de 2014, vítima de câncer. 

Restituição histórica – Em agosto de 2013, durante audiência pública que marcou a instalação da Comissão Municipal da Verdade, Pedral recebeu da Câmara Municipal a restituição formal de seu mandato, interrompido em 6 de maio de 1964. “Conquista me elegeu em 1982, tivemos a vitória em todas as urnas da cidade, o golpe militar feriu a nossa cidade, roubando o mandato do seu prefeito”, lembrou o ex-prefeito, emocionado.



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