Câmara Municipal de Vitória da ConquistaVereadoresSessão EspecialNotícia
18/09/2024 11:50:00
Foi realizada na manhã desta quarta-feira, 18, no plenário Carmen Lúcia, da Câmara Municipal de Vitória da Conquista uma sessão para debater Síndrome de Down e autismo. Participaram da discussão pais, representantes de associações e profissionais que trabalham diretamente com esses públicos.
O vereador Augusto Cândido (MDB) lamentou a falta de conhecimento, por parte da população, acerca sobre o autismo ou o TEA, que pode comprometer o reconhecimento da importância em discussões como essa. “A cada 100 pessoas nascidas, em torno de 40 nascem com Autismo e com relação a Síndrome de Down, uma a cada 700 pessoas nascidas apresentam a síndrome”, informou. Lembrou também que as discussões se fazem necessárias pois muitas pessoas não tem condições financeiras para realizar os tratamentos e, por isso, a importância de se falar sobre recursos públicos voltados para essas áreas. Citou a Constituição Federal, que assegura a capacidade das pessoas para execução de trabalhos e tarefas diárias e ressaltou a importância do diagnostico precoce em crianças com autismo e investimentos públicos para que todos tenham oportunidade de tratamento.
“A gente fala daquilo que incomoda”- Geysa de Fátima, Assistente Social e Presidente da Associação Conquista Down, falou da sua experiência, enquanto mãe e membro da associação que dá apoio a pais atípicos. Geysa lembrou da trajetória de luta por um espaço para instalação da entidade. “Em 2020 conseguimos um espaço para construir a sede, veio a pandemia e tudo parou. Em 2021 houve o retorno dos atendimentos com jovens e bebês. Na época, nasceram muitos bebês no período da pandemia”, disse. Ela lamentou que o retorno do projeto tenha sido justamente no período eleitoral e que, por conta disso, ficam impedidos de alavancar a causa, sendo necessário aguardar mais uma vez. Geysa lembrou que o dia 21 de Setembro é Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência, e da importância de reconquistar a garantia de direitos. Ela fez a ressalva no termo “portador”, que não se usa mais, o correto é pessoa com deficiência, “A gente fala daquilo que incomoda e a luta é importante e necessária”, pontuou.
Projeto para jovens autistas - Juliana Cardoso, da clínica Maria e João, lembrou que a luta é grande mas será vencida. Contou como surgiu a clínica e seu desejo em ajudar famílias que precisam de atendimento terapêutico para crianças e adolescentes autistas. Apresentou o projeto voltado para jovens autistas, primeiro na Bahia, onde atenderá jovens na parte terapêutica e profissionalizante. Pediu ajuda dos poderem Executivo e Legislativo para que o projeto funcione de forma efetiva. Lamentou a falta de condições da clínica em atender todas as crianças que precisam e esse novo projeto vem para ajudar a inserir esses jovens na sociedade.
O apoio é a base - Fábio Luís Dias falou da dificuldade enfrentada pelas associações e atribuiu a falta de documentação e orientação. “Sem documentação para que o recurso chegue de fato as associações, falta apoio e profissionais que auxiliem e orientem essas associações” disse. Para ele, esses fatores influenciam também na falta de dados estatísticos para identificar o numero de pessoas com deficiência. “Muitos por falta de recursos, outros por vergonha ou falta de aceitação das famílias”, argumentou. Fábio ressaltou que a sociedade tem visto o autismo como uma coisa infantil, e se esquecem que essas crianças vão se tornar adultos, e a sociedade precisa estar preparada para receber esse adolescente e adulto atípico, uma sociedade que oportuniza e inclui. “É importante formar pessoas melhores, cidadãos mais evoluídos”, defendeu.
Linguagem é a maior dificuldade - A professora e fonoaudióloga Carla Almeida, da UESB, afirmou a importância de políticas públicas voltadas para áreas do autismo e síndrome de Down. Lembrou que famílias passam por dificuldades desde o diagnóstico até as terapias e acompanhamento das famílias. Pediu união de todos os poderem, as associações e comunidade para que possam oferecer oportunidades a essas famílias. Disse que a linguagem é o maior desafio que ela tem como profissional, pois esses são públicos que apresentam uma grande dificuldade com a fala e por isso não conseguem organizar suas ideias para se comunicar. Cobrou investimentos em profissionais capacitados para que essas pessoas possam se desenvolver da melhor forma possível.
O que a família do autista precisa? - Maria Betânia dos Santos Dias relatou um pouca do seu dia a dia enquanto mãe atípica e defensora da causa. Ela evidenciou as necessidades das famílias de pessoas autistas. “O que a família do autista precisa?”, questionou. Ela questionou também como a sociedade e os governos tem se comportado em relação ao assunto. Lembrou que o número de adultos sendo diagnosticados com o autismo tem aumentado e que não tem esse apoio da sociedade. “Seria necessário uma sala pública para atender as mães carentes, pois o custo de tratamento, apoio é muito caro. A família as vezes precisa de mais atenção do que a própria criança. Infelizmente, poucas famílias conseguem esse apoio”, declarou.
O autismo não espera - O vereador Marcus Vinícius (PODEMOS) comemorou a iniciativa dessa audiência e destacou a importância de se promover mais espaços de debate e conscientização. “Precisamos dar visibilidade às dificuldades enfrentadas por essas famílias e pensar em soluções que realmente incluam as pessoas com TEA na nossa sociedade”, afirmou o vereador. Marcus fez um apelo ao poder público. “Precisamos que os nossos gestores olhem para essa causa com mais atenção. As demandas são muitas e não podemos mais esperar por soluções paliativas. O autismo não espera, e as famílias precisam de uma resposta concreta", enfatizou.
Efetividade das políticas públicas - O vereador Edivaldo Ferreira Júnior (PSDB) destacou a importância do diálogo entre a comunidade e os órgãos públicos. "O TEA não pode ser invisível nas políticas públicas. Precisamos discutir o que pode ser feito para melhorar o atendimento e a inclusão dessas pessoas na nossa cidade", afirmou o parlamentar. Nesse sentido, ele lamentou a falta de efetividade das políticas públicas que são pensadas, discutidas e criadas no âmbito legislativo. “"Não basta termos legislações que garantem direitos às pessoas com TEA se, na prática, as políticas públicas não são executadas. A vontade política precisa ser traduzida em ações reais, com orçamentos bem direcionados e uma gestão eficiente", afirmou Edivaldo. O vereador reforçou a importância da pressão popular e do engajamento dos representantes públicos. "Estamos avançando, mas é necessário reforçar a parceria com todos os atores envolvidos. A política pública só será eficaz se houver um esforço coletivo, além de um direcionamento claro e a alocação correta de recursos", ponderou.