Durante a audiência pública realizada na tarde desta quinta-feira, 13, em homenagem ao dia internacional da síndrome de Down e do autismo, na Câmara de vereadores, várias mães aproveitaram para reivindicar melhorias na prestação de serviços públicos na cidade. A audiência foi de autoria da vereadora Viviane Sampaio (PT).
Aparecida Cortes, militante da saúde mental, afirmou que a audiência é um momento para cobranças. Ela alertou para dados de que aumentarão o número de crianças com deficiências diante de um contexto precário na infraestrutura governamental para atender a esse público. De acordo com Aparecida, já existem inúmeras e consistentes políticas públicas, o que é necessário é a efetivação. Ela frisou que falta estrutura, profissionais, medicamentos, equipes para realização de laudos e outras necessidades.
Nerisvalda Assunção Batista, mãe e avó autista citou a falta de acolhimento e atenção no CAPS IA, e que existe uma grande diferença da teoria do que se vive dentro de casa. Pediu mais atenção e disse que as mães estão descobertas no que diz respeito ao atendimento aos filhos autistas. “Hoje temos tudo e nada, porque temos o serviço mas não funciona”, disse. Criticou também o pedido de exames caros por parte de profissionais que atendem na rede pública.
Naiana Oliveira, mãe atípica de um filho autista de 2 anos, reivindicou da Secretaria de Educação a inclusão das crianças em terapias que envolvam outros aspectos para melhorar a inclusão delas, como as práticas artísticas, por exemplo. Em sua fala, questionou que, apesar da responsabilidade ser de todos, como afirmaram os representantes do poder público na audiência, infelizmente, as mães não têm o treinamento adequado que têm os profissionais formados para atuar nessas questões. Nesse sentido, ela exigiu que as secretarias de Saúde e Educação devem proporcionar formas de inclusão mais ativas às crianças comprometidas com essas condições, como cuidadoras que não apenas acompanhem estáticas as crianças autistas, mas estejam preparadas para atuar de forma prática, ensinando a brincar, a se socializar e a ser incluído diante dos seus colegas. Naiana também solicitou que o poder público proponha formação às mães atípicas para lidar com seus filhos em casa de forma mais adequada ao comprometimento deles, finalizou.
Deusdete de Jesus Oliveira, representando o conselho de Saúde, relatou que o papel do conselheiro é fiscalizar, acompanhar e monitorar as políticas públicas de saúde nas mais diferentes áreas, levando as demandas da população ao poder público. “Nós do conselho não ficamos um dia sem defender o povo de Conquista, mas para tratar a saúde é necessário destinar verba, ninguém tem saúde sem dinheiro, saúde é coisa cara”. Oliveira finalizou dizendo que “o nosso SUS representa uma conquista da sociedade, porque promove a justiça social, com atendimento a todos os indivíduos e que tem muita mãe que quer muita coisa e não corre atrás” e lembrou que é preciso defender o SUS.
José Augusto, pai de autista, explicou o que é a condição autista e frisou a complexidade do tratamento e acompanhamento. Para ele, Conquista tem uma boa estrutura, mas faltam profissionais especializados para realização de diagnósticos e terapias. José Augusto ressaltou que o atual secretário municipal de Saúde é novo no cargo, mas as demandas do segmento se arrastam desde a secretária anterior.
Lucimara Ferraz, mãe de criança autista não verbal, criticou a postura da Secretaria de Educação e disse que não existem atividades adaptadas, e que os professores não acreditam na evolução das crianças. Cobrou medicamentos que estão em falta na Secretária de Saúde e mais atenção do secretário de saúde com as crianças autistas.
Irlane Rodrigues, professora da APAE Começou seu pronunciamento enaltecendo o trabalho da instituição. “Temos um trabalho artístico dentro da sala de aula e ano passado nós gravamos o curta metragem, protagonizado por um aluno autista.” Segundo ela o autismo atinge principalmente a comunicação e a linguagem, e essas dificuldades serão mais visíveis no desenvolvimento das habilidades sociais, dificuldades na fala, na linguagem, comunicação não verbal e comportamento inflexível. Rodrigues assegura que “existe dificuldade, problemas no cotidiano, preconceitos, mas nós podemos driblar essa dificuldade”. E para encerrar, ela afirmou que os filhos são capazes de efetuar qualquer tarefa, mas a família tem que trabalhar em equipe com a associação, um trabalho multiprofissional.