Câmara Municipal de Vitória da ConquistaAudiência PúblicaNotíciaSubtenente Muniz
22/08/2022 22:33:00
Na noite desta segunda-feira, 22, a Câmara Municipal de Vitória da Conquista se reuniu para discutir, em uma audiência pública, a conscientização sobre a fissura labiopalatina, uma das malformações congênitas faciais mais comuns entre os recém-nascidos e que atinge uma a cada 650 crianças nascidas no Brasil.
Fruto da iniciativa do mandato do vereador Subtenente Muniz (AVANTE), a audiência contou com a participação de autoridades políticas, da área de saúde e representantes de pais de crianças com fissura labiopalatina.
União - Muniz apontou ser de grande importância que pais e amigos de pessoas com a fissura devem se unir, formando uma associação em defesa da garantia dos direitos dessas pessoas, principalmente no tocante ao acesso ao tratamento necessário. “Olha hoje o que representa a Apae em Vitória da Conquista, a Acide”, disse ele lembrando associações que já existem para apoiar a causa de pessoas com outros problemas de saúde. Ainda em seu pronunciamento, o vereador garantiu apoio à causa: “Vamos partir pra cima, lutar junto com vocês para que isso aqui não seja em vão, para que a gente siga. Muitas vitórias virão”.
Estado deve oferecer acolhimento - O presidente da Rede Nacional de Associações de Pais e Pessoas com Fissura labiopalatina (Rede Profis), Thyago Cezar, que é advogado, apontou que o Estado tem o dever de acolher devidamente as crianças com a fissura e suas famílias. “É importante que o Estado compreenda que essas pessoas precisam ser acolhidas, destinada para os locais adequados”, disse ele, que destacou a importância de o tratamento ser iniciado o mais rápido possível, para evitar sequelas graves.
Orientação - Denize Pereira, mãe de uma criança com fissura labiopalatina, apontou que falta orientação às mães desde o pré-natal. “As mães ficam sem informações da forma correta de alimentar essa criança. Não se fala sobre a fissura no período de pré-natal”, contou.
Além da falta de orientação ela denunciou a falta de medicamentos nos postos, e destacou que muitos deles são caros. “Raramente encontramos nos postos de saúde”, disse ela.
Denize cobrou ainda a disponibilização de uma casa para receber os responsáveis por crianças de outros municípios que chegam a Conquista em busca de tratamento. “É importante ter uma casa de apoio para acolher essas mães. Muitas vezes as famílias deixam de fazer o tratamento das crianças por não ter o suporte”, explicou ela.
Acompanhamento Psicológico - Também mãe de criança fissurada, Iracilene Rodrigues cobrou apoio psicológico para as crianças e a família. “Por mais que a mãe seja forte, que tenha um médico acompanhando é uma situação muito sensível”, avaliou. “As crianças tem direito a um acompanhamento, os pais, os irmãos”, complementou.
Alta demanda – A coordenadora municipal de Saúde Bucal, Luiza Lorrayne Oliveira, representando a Prefeitura, apontou que a demanda pelos serviços de saúde pública é muito alta. “Nós temos uma demanda alta. Essa parte dos fissurados é algo que realmente envolve muitos outros setores, a parte do Desenvolvimento Social, da Educação”, disse ela destacando que as necessidades são múltiplas. “É muito pequeno ainda o que nós fazemos aqui”, reconheceu ela, ponderando, no entanto, que o Governo Municipal faz tudo o que está ao seu alcance para atender às necessidades do público.
“Saúde é barato. Caro é doença” – Ex-secretário de Saúde do município, o médico Dr Armênio lembrou que quando esteve à frente da pasta, na década de 80 e conseguiu enviar dezenas de pessoas com fissura labiopalatina para o Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais, da Universidade de São Paulo (USP), em Bauru-SP, para passarem por cirurgias. “Nós mandamos pra lá 82 pessoas”, lembrou ele, que apontou ainda que investimento em saúde nunca é caro. “Saúde é bom e barato. Caro é doença”, concluiu.
Atenção à causa – O médico Dr. Rafael Moura, que realiza cirurgias para correção da fissura pelo SUS em Vitória da Conquista, ficou feliz em perceber a atenção da Câmara para a causa. “É muito interessante observar que esta Casa está tendo olhos para essa situação”, disse. Ele apontou que atualmente são realizadas cerca de 70 cirurgias por ano para correção da fissura. “A gente opera hoje aqui cerca de 70 cirurgias por ano. Não opera mais porque não tem horário, porque tem paciente pra fazer”, disse ele. O médico disse também que a estrutura oferecida ainda precisa de melhorias, uma vez que famílias que chegam de fora do município em busca de tratamento muitas vezes não tem lugar para dormir ou mesmo tomar um banho. “É uma estrutura que pode ser melhorada”, avaliou o médico.