Foi realizada na manhã desta segunda-feira, 21, na Câmara Municipal de Vitória da Conquista, uma Audiência Pública para discutir a implantação de um Hospital da Mulher na cidade. A audiência foi proposta pelo mandato da vereadora Lúcia Rocha (MDB) e contou com a presença de médicos, representantes da prefeitura e da sociedade civil.
A proponente do debate, vereadora Lúcia Rocha, abriu as discussões lembrando que “a implantação do Hospital Especializado em Saúde da Mulher em Vitória da Conquista é mais que um projeto, é um sonho de anos que começa a virar realidade”. Ela relatou diversos projetos e indicações que apresentou na Casa em prol da implantação do hospital e afirmou que “essa audiência é mais um passo que trilhamos com o intuito de fortalecer essa luta e mostrar a tamanha importância que é a implantação do hospital da mulher”. Lúcia citou, ainda, as dificuldades do poder público municipal em relação a investimentos para concretização do hospital da mulher. “Para tanto, seriam necessários investimentos do Governo do Estado e do Governo Federal”. Lembrou que será necessário defender inicialmente a implantação do Centro de Atenção Integral à Saúde da Mulher, "conforme minha última indicação apresentada nesse mês de março, mês da mulher, aqui nessa Casa legislativa, e também já protocolada na Secretaria de Saúde”. Por fim, a parlamentar sugeriu a criação de uma comissão representativa para as mulheres em toda sua diversidade. “Sugiro que deva ser formada pela sociedade civil organizada, pelos representantes do governo, do legislativo, classe médica e de enfermagem, OAB e representatividade de gênero, além de outras representatividades que julgarem essenciais para formar essa comissão. Essa é a minha proposta e conto com o apoio e contribuição de cada um”, defendeu.
Equipamento importante - O oncologista Dr. Renato Marinho defendeu a implementação do Hospital da Mulher. “Meu objetivo é destacar a importância da assistência integral à saúde das mulheres. Melhora nas condições de vida da mulher. Dá pra perceber as dificuldades, os gargalos que a gente tem”, apontou o médico.
Ele destacou também que é preciso investir na prevenção e também no diagnóstico precoce de doenças, inclusive daquelas majoritariamente identificadas em mulheres, como o câncer na região do útero e ovários, bem como o câncer de mama. “No Brasil, cerca de 40% dos casos de câncer de mama são diagnosticados em estágio avançado”, detalhou.
Notificação compulsória está prevista em Lei - A delegada Gabriela de Diego Garrido relatou que o Brasil é o quinto país do mundo em violência contra a mulher e explicou como essas agressões acontecem. “A violência contra a mulher a afasta do trabalho e do convívio social, seja porque o companheiro obriga ou por vergonha das marcas que a violência deixa”. Ela lembrou que a mulher vitima é cerceada em todos os seus relacionamentos e disse que nos primeiros sinais de autonomia e perda de autoestima deve se procurar ajuda. “Notificação compulsória está prevista em lei, por isso, a confirmação de violência contra a mulher em qualquer unidade de saúde deve ser avisada às autoridades policiais”. Finalizou ressaltando que “com o hospital especializado, os profissionais estarão mais preparados e irão trabalhar em conjunto para ajudar as mulheres que precisam de atendimento”.
Prefeitura busca recursos - A secretária municipal de Saúde, Ramona Cerqueira, apontou que o Hospital da Mulher é um equipamento desejado pelo município, que tem uma gestão voltada para pessoas. “É com essa boa vontade que a nossa prefeita vem buscando esses recursos para a construção de um novo equipamento”, disse. “A gente vem construindo uma Política Pública de Saúde numa gestão para pessoas”, completou.
Equipe especializada é essencial na recuperação das mulheres – A médica Mastologista Monalisa Ferraz falou sobre o diagnóstico do câncer de mama e o impacto na mulher ao receber a confirmação desse diagnóstico. Ressaltou a importância do apoio que a mulher terá durante todo o tratamento. Monalisa explicou ainda que em um local especializado, como o hospital da mulher, todos estarão trabalhando unidos para dar o suporte a essas pacientes”. Finalizou lembrando da importância do tema e de todo o apoio e suporte pós-tratamento para que a mulher possa retornar à vida normal o quanto antes”.
Redução de mortalidade de mulheres - A ginecologista Edney Matos defendeu maior atenção à Saúde da Mulher, respeitando as suas particularidades, a fim de reduzir os altos índices de mortalidade de doenças tratáveis desde que diagnosticadas precocemente através de equipamentos como o Hospital da Mulher. “Não se justifica a gente ter tanta morte de câncer de mama e câncer de colo de útero”, apontou ela.
A Lei prevê igualdade a todos - Presidente da Subseção da OAB de Vitória da Conquista, Luciana Silva lembrou que saúde é direito garantido na constituição, relatando o principio da igualdade entre homens e mulheres perante a lei. “É preciso sair da cidadania de papel e olhar as particularidades de cada um”, alertou, lembrando que “sendo Vitória da Conquista a terceira cidade da Bahia é necessário ter aqui esse hospital”. Ressaltou que a implantação do Hospital da Mulher é caro, “mas não é impossível”. E lembrou que muitos dos equipamentos que protegem a mulher já foram conquistados. "Com o hospital municipal, esperamos que siga o mesmo caminho”. Concluiu falando da importância da criação da comissão e se colocou à disposição para participar.
A mulher como componente importante do SUS - A coordenadora de Políticas Públicas para as Mulheres, Dayana Evelinne Andrade, falou da importância do Hospital da Mulher para a atenção à saúde feminina em nossa cidade. “É um componente muito importante para a Rede SUS. É uma proposta da prefeita Sheila Lemos, que por entender a singularidade da mulher vem buscando captar recursos para sua instalação”, explicou.
Andrade ressaltou a importância da Câmara no processo de busca por novas conquistas para a cidade. “Poder contar com essa Casa de Leis será fundamental para as conquistas necessárias. Só crescemos e avançamos quando trabalhamos em conjunto”, salientou.
Ao final da audiência foi formada a comissão, composta pela secretária Municipal de Saúde, Ramona Cerqueira, pelo médico oncologista Renato Marinho, pela delegada Gabriela de Diego Garrido, pela médica mastologista Monalisa Ferraz, pela ginecologista Edney Nascimento Matos, a presidente da Subseção da OAB de Vitória da Conquista, Luciana Silva, a coordenadora de Políticas Públicas para Mulheres, Dayana Andrade, e representantes de outras instituições que também serão convidados a participar.