Para marcar a passagem do Dia Internacional da Síndrome de Down, celebrado no último domingo (21), a Câmara Municipal realizou nesta quarta-feira (24), pelo Sistema de Deliberação Remota (SDR), uma Audiência Pública para discutir a luta das pessoas que convivem com essa síndrome e que buscam mais inclusão e qualidade de vida. A audiência foi proposta pela vereadora Viviane Sampaio (PT).
Representantes de órgãos públicos, entidades e da sociedade civil fizeram diferentes abordagens sobre a temática. Uma das convidadas foi a Diretora da APAE de Vitória da Conquista, Daisy Bastos. Ela parabenizou a iniciativa e a todos os envolvidos nessa audiência. Em seu pronunciamento, Daisy fez uma reflexão sobre a evolução da APAE nesses 44 anos de serviços prestados à Conquista. Ela ressaltou que a Instituição atende portadores da Síndrome de Down e também de outras deficiências intelectuais. "Quando começamos, atendíamos a 30 usuários com um serviço bem limitado. Hoje, a APAE beneficia 540 alunos em um trabalho multidisciplinar. Precisamos crescer mais, e as políticas públicas precisam ser mais direcionadas, para assim garantir esse desenvolvimento", afirmou. Daisy ressaltou também os resultados desse trabalho. "Estamos conseguindo fazer a inclusão dos nossos alunos no mercado de trabalho e na vida acadêmica. Com isso, estamos garantindo mais qualidade de vida aos nossos usuários." A diretora informou ainda que o Brasil possui mais de 2 mil unidades da APAE.
Ainda representando a APAE, a psicopedagoga Laily Benedicts lembrou que o dia 21 de março foi instituído em alusão ao Dia Mundial da Síndrome de Down. Ela destacou que é preciso garantir avanços nas pautas apresentadas por todo o movimento. "Não basta apenas pensarmos em inclusão, precisamos que ela aconteça de forma real. Nesse sentido, precisamos falar também de direitos, acessibilidade, e, até mesmo, do lazer. Quando a gente pensa no ser, pensamos no humano com todos estes direitos estabelecidos. Infelizmente temos enfrentado muita exclusão", afirmou Laily. Ela explicou, ainda, que a APAE recebe o indivíduo com Síndrome de Down ainda bebê. Ele é acolhido por uma equipe multidisciplinar e, após conquistar o controle tronco-cervical, é inserido no processo de alfabetização. Explicou também que para ser assistido pela APAE, o indivíduo precisa estar laudado, e criticou o fato de Vitória da Conquista ainda não disponibilizar de um serviço público que ofereça esses laudos.
A fonoaudióloga da APAE, Maria Clara Santana Maia, destacou o trabalho multidisciplinar desenvolvido pela Instituição. "A criança diagnosticada com Síndrome de Down precisa de muitos estímulos. Nós atuamos em diversas fases da vida desses indivíduos, com objetivos que mudam ao longo do tempo. Quando a gente observa a evolução desses pacientes, o que fica é um sentimento de gratidão pelo serviço prestado", afirmou a fonoaudióloga.
Os resultados desse trabalho foram reconhecidos por Luana Ferreira. Ela é a mãe da pequena Laura, uma garotinha de 2 anos, portadora da Síndrome de Down. Luana falou sobre a evolução do quadro clínico da filha após ser acolhida pela APAE. "Ela tinha hipotonia, e não conseguia firmar o pescoço. Após os serviços de fisioterapia oferecidos pela instituição, Laura evoluiu bastante. Ela andou com 1 ano e 5 meses, bem antes do previsto. Hoje, ela já consegue falar muitas palavras, e eu devo tudo isso ao trabalho realizado pela APAE", agradeceu Luana. Ela ressaltou também que mesmo durante a pandemia, continuou recebendo o suporte da APAE para garantir o desenvolvimento da filha.
Geisa Barros, vice-presidente da Associação Conquista Down, falou sobre os desafios enfrentados pela associação desde o ano de 2008. "No início ficamos 6 panos no papel. Em 2016, conseguimos um espaço na FAMEC, e iniciamos nossas atividades com um grupo de voluntários. Dois anos depois, em 2018, conseguimos alugar uma casa para acolher os pais de filhos com Síndrome de Down. Porém, veio a pandemia e fechou as portas do nosso serviço" lamentou Geisa. Ela reivindicou ainda a inclusão dos portadores da Síndrome de Down no grupo prioritário da vacina contra a COVID-19. Geisa finalizou sua participação se colocando à disposição para garantir os direitos dessas pessoas.
Por fim, a vereadora Viviane Sampaio destacou a necessidade da aprovação do Projeto de Lei que institui o Dia da Síndrome de Down. Agradeceu a todos os envolvidos na realização da audiência, ressaltando a importância da equipe da APAE nesse debate.