A notícia de que Vitória da Conquista poderá receber pacientes de Ilhéus e de Itabuna infectados pelo novo coronavírus foi recebida de forma negativa pela cidade. Juntos, os dois municípios somam 357 casos confirmados de Covid-19. Os números ocasionaram o colapso nos sistemas de saúde dessas cidades. 

Segundo o presidente da Câmara Municipal, Luciano Gomes (PCdoB), Vitória da Conquista não tem condição de receber esses pacientes, pois além da população conquistense, com mais de 340 mil habitantes, atende também mais de 70 municípios pactuados, totalizando uma média de 1 milhão e 800 mil pessoas, e precisa estar preparada para as demandas provocadas pela pandemia da Covid-19. "Já estamos tentando um diálogo com o secretário de Saúde da Bahia, Fábio Villas Boas, para rever essa questão, pois ainda que a gente compreenda o problema enfrentado por Ilhéus e Itabuna, precisamos nos atentar para os nossos próprios problemas. Nós não estamos em situação confortável com relação ao novo coronavírus. Sabemos que a possibilidade de subnotificação de casos aqui é grande", disse.

O presidente destacou que a região de Conquista possui apenas 101 leitos de UTI distribuídos entre as cidades de Conquista, Brumado e Itapetinga. Para as ações de combate ao coronavírus, o Governo do Estado contratou 20 leitos de UTI e mais 20 leitos de enfermaria no HCC, e a prefeitura contratou 10 leitos de UTI e 20 de retaguarda na Santa Casa. "Eu me pergunto é para onde vamos encaminhar os pacientes vindos de Ilhéus e Itabuna?", questionou, acrescentando que a Comissão Especial de Enfrentamento à Covid-19 não aceita essa decisão unilateral do Governo do Estado e adotará todas as medidas necessárias para evitar que a transferência aconteça. "Precisamos defender acima de tudo, os interesses e o bem estar da nossa população conquistense", afirmou.

O vereador Sidney Oliveira (PRB) também demonstrou indignação com a decisão do Governo do Estado. Ele disse que a transferência dos pacientes representa uma temeridade e pode implicar no aumento  da proliferação do vírus em Conquista. "O momento é de unir forças para combater o novo coronavírus, mas como vamos receber os nossos irmãos das cidades vizinhas de Ilhéus e Itabuna se aqui também enfrentamos o problema da falta de leitos, de respiradores e outros insumos para atender a população conquistense?", indagou, sugerindo a transferência para Salvador onde há mais estrutura. "Em Ilhéus e Itabuna o sistema é de média e alta complexidade, Itabuna recebeu R$ 8 milhões para a Covid, enquanto nós recebemos apenas R$ 7 milhões, não entendo essa divisão geográfica e populacional. Essa é uma atitude impensada, o extremo do absurdo, transfiram os pacientes para Salvador, para Conquista, não", concluiu.