Câmara Municipal de Vitória da ConquistaAudiência PúblicaNotíciaLuciano GomesValdemir DiasMárcia Viviane Fernando Jacaré
27/08/2019 23:01:00
Aconteceu na noite desta terça, 27, uma audiência pública em homenagem aos 17 anos da Comunidade Terapêutica Fazenda Vida e Esperança (Cotefave). A comunidade é resultado de um sonho nascido após o lançamento da Campanha da Fraternidade do ano de 2001, que teve como objeto o combate às drogas, com o lema “Vidas Sim, Drogas Não”. A Cotefave foi criada em 19 de agosto de 2002, como sociedade civil sem fins lucrativos, buscando a partilha solidária das necessidades, das tarefas e das soluções dos problemas, sem discriminar cor, raça, sexo ou ideologia política. Mantém caráter ecumênico, despertando o sentido religioso para uma vivência da espiritualidade que motiva o encontro com Deus. A iniciativa da realização da audiência pública é dos mandatos dos vereadores Viviane Sampaio (PT) e Valdemir Dias (PT), contou com a presença dos vereadores Fernando Jacaré (PT) e Luciano Gomes (PL).
A vereadora Viviane Sampaio (PT) presidiu a audiência e ressaltou que é uma honra para a Câmara realizar o evento, pois celebra os 17 anos de um projeto que acolhe e cuida de pessoas. Ela destacou que a Cotefave já acolheu 1.478 pessoas.
Agradecimento aos vereadores e aos parceiros da entidade – O fundador e diretor-presidente da instituição, Pe. Edilberto Amorim, afirmou que essa era uma noite de gratidão aos vereadores – em especial a Vivane e Valdemir – e aos parceiros de todos esses anos. O padre afirmou que a Cotefave existe porque existem pessoas acometidas de uma doença e elas precisam de apoio e tratamento para serem reinseridas na sociedade. Pe. Edilberto também ressaltou que a entidade cresceu bastante nos últimos anos e deixou as portas abertas a todos que necessitarem.
A Cotefave resgata vidas – O ex-diretor da Cotefave, Célio Barbosa relembrou que esteve na administração e hoje não está mais por uma questão regimental, mas continua tendo a entidade no coração e sempre está procurando o melhor para ela. Célio afirmou que é uma felicidade muito grande a promoção desta audiência pública e que a Cotefave deve estar sempre em evidência por estar resgatando vidas e mostrando os resultados.
Valorização da vida – Sebastião Coutinho, diretor da Cotefave, agradeceu ao Padre Edilberto pelos ensinamentos e dedicação ao projeto. Para ele, a maior lição aprendida é a valorização da vida, valor que perpassa todo o trabalho da Cotefave. De acordo com o diretor, a comunidade oferece novas possibilidade de se reerguer a partir de uma reeducação.
É responsabilidade da pessoa não voltar ao vício – O Pe. Joselito Oliveira ressaltou que é um alcóolatra em recuperação e que o vício é uma armadilha em que as pessoas estão dentro dela, mas acham que estão fora. O pároco também afirmou que um ambiente como o da Cotefave é imprescindível para que as pessoas tomem consciência do rumo que suas vidas estão tomando. Por fim, o padre declarou: “Não pude oferecer nada a minha comunidade ao beber. Quando me dei conta de minha doença, quis trilhar um outro caminho. É de responsabilidade minha não voltar a beber”.
Entidade busca sustentabilidade – Para Farley Amorim Novais é uma alegria festejar os 17 anos de Cotefave. Ele destacou que acompanha o padre Edilberto há 10 anos, uma trajetória de aprendizado. “Fica aqui, padre, a minha gratidão ao senhor” pela dedicação ao projeto. Para Farley, a dependência química é uma doença mental que deveria ser levada mais a sério. Ele afirmou que os governos, em todas as esferas, deixam a desejar em ações para a recuperação de dependentes e que essa responsabilidade acaba recaindo sobre as comunidades terapêuticas. Mas o repasse de recursos é pequeno. Por isso, um dos desafios da Cotefave é criar meios de se tornar sustentável.
Em 2019, deram um passo fundamental. A partir de uma parceria com uma empresa capixaba, a entidade plantou 12 mil pés de morangos e espera colher entre 300 e 400 quilos da fruta. A comercialização do morango será uma renda extra. Farley ainda informou que a Cotefave analisa instalar uma queijaria artesanal e deve investir no plantio de pimentas e alface. De acordo ele, são ações que vão ajudar a Cotefave a cumprir a missão de cuidar das pessoas. Ele frisou que os dependentes devem ser tratados com amor e não só com remédios. “Vale a pena investir em pessoas”, concluiu.
Vitória da Conquista é solidária – O Sr. Ezequiel Sena Gomes ressaltou que o sonho do Pe. Edilberto – fundador da Cotefave – está completando 17 anos e com seu carisma, conseguiu atrair as pessoas para o seu lado. Ezequiel também disse que Vitória da Conquista é uma cidade solidária e que a função da entidade é “visitar o fundo do poço e resgatar o ser humano para devolvê-lo à família e à sociedade”.
Mudança de vida – Iure Oliveira de Jesus, que passou pela entidade, testemunhou sua experiencia. Para ele, o trabalho da Cotefave vai além da abstinência, pois ajuda o acolhido a mudar de vida, com novos hábitos e contexto de vida saudável. Ele destacou o trabalho do padre Edilberto: “é a personificação do altruísmo”. Iure relatou que descobriu a música na entidade, dom que desconhecia porque, até então, não havia tido a oportunidade de ter aulas de música. Ele fez apresentações musicais durante a audiência.
A Cotefave também auxilia os familiares do interno – O assistente social da Cotefave, Elói Santos Cunha, afirmou que é um prazer fazer parte do espaço que proporcionou o seu crescimento profissional. O profissional também disse que o local tem um trabalho de cuidar não só do dependente químico, mas de trazer novamente os valores perdidos e a vida social que fora devastada pelas drogas. Além disso, afirmou que a Cotefave engloba não só as pessoas presentes, mas toda a sociedade, já que a família do acolhido também precisa de tratamento.
Cotefave ajudou a mudar de vida – Ernani Marques afirmou que, após passar pela Cotefave, renasceu. Para ele, padre Edilberto é um segundo pai. Foi na instituição que encontrou novas perspectivas de vida e pôde reconstruir a vida. Hoje Ernani é advogado, empresário e construiu uma família.
Só quem viveu é quem sabe o sofrimento – O ex-interno Fábio Lucas Prates Barbosa iniciou sua fala dizendo que hoje é um dia de agradecimento e que há pouco mais de 9 anos estava com uma vida desregrada, mas por conta dos esforços de sua família e da instituição, decidiu ser tratado e não se arrepende. Também ressaltou que ficou quase 1 ano lá e que não é fácil para ninguém que passa pelo problema, já que não há cura e se apega em Deus para viver com dignidade.
Cotefave faz o que muitos não têm coragem – O Tenente-Coronel Leite representou o Coronel Ivanildo. Ele destacou que conhece o trabalho da Cotefave e a Polícia Militar já levou alunos do Proerd ao espaço, para que eles tivessem uma visão mais real dos impactos do problema das drogas. Leite frisou que a polícia não é só repressiva, é preventiva e está à disposição do projeto para parcerias. Para o tenente, a Cotefave faz o que muitos pensam, mas não têm coragem de fazer.
Vida longa à Cotefave – O vereador Valdemir Dias (PT) – que juntamente com a vereadora Viviane Sampaio (PT) teve a iniciativa de realizar o evento – afirmou que é uma grande alegria comemorar mais um ano da Cotefave e ressaltou que desde 2017 tem feito essa audiência pública em comemoração ao trabalho da instituição. O edil lembrou do surgimento da entidade e falou que há um trabalho sério sendo feito no local. Parabenizou a todos os colaboradores e finalizou: “Vida longa à Cotefave”.
Acolhidos agradecem acolhimento – Charles Oliveira Guimarães, um dos acolhidos na entidade, agradeceu por poder fazer parte da comunidade. Ele relatou que já morou na rua e passou fome, mas encontrou acolhimento e cuidado na Cotefave, onde tem enfrentado a dependência. Para Charle, o padre Edilberto “é especial”.
Já Joadson Menezes afirmou que a Cotefave é como uma escola. Ele, que passou pela instituição, afirmou que chegou à comunidade com baixa formação e lá conheceu vários pensadores e a Bíblia. “E ainda me veio de graça, Jesus Cristo”, disse. Menezes comparou a Cotefave a um útero, que renova as pessoas e produz homens que saem de lá íntegros. Ele afirmou que conseguiu concluir o 2º grau e ainda obteve 38 certificados.
O interno Marcos Antônio também fez o uso da tribuna e disse que está há 4 meses na entidade e que está aprendendo a ser um novo homem, um bom filho e um bom pai. Agradeceu aos seus familiares e à Cotefave e por fim, afirmou que escolheu viver.