Câmara Municipal de Vitória da ConquistaAudiência PúblicaNotíciaCoriolano Moraes
21/08/2019 22:49:00
Os desafios e as ações de ressocialização do Sistema Prisional de Vitória da Conquista foram debatidos em audiência pública na Câmara Municipal nesta quarta-feira, 21. A iniciativa foi proposta pelo vereador Professor Cori (PT) e teve o apoio da Casa. Participaram da audiência representes da OAB, Polícia Militar, Defensoria Pública, Conselho da Mulher, além de profissionais que atuam no Conjunto Penal.
Experiências
devem ser compartilhadas – O vereador
Professor Cori lembrou que quando foi secretário municipal de Educação,
implantou um projeto de alfabetização de detentos. Ele parabenizou a equipe do
Conjunto pelas ações realizadas e frisou que as experiências devem ser
compartilhadas por meio de divulgação e publicações em veículos especializados.
O parlamentar
afirmou que é preciso ter um olhar voltado para o ser humano e se despir do
preconceito que é o grande problema da sociedade. Por fim, salientou que nem
sempre as pessoas têm o conhecimento devido para analisar determinado assunto e
precisa se colocar no lugar das pessoas que erram para ajudá-las a não errar
mais.
População carcerária cresceu – O capitão da Polícia Militar e diretor do Conjunto Penal, Gilberto José Filho, falou sobre o modelo de gestão do novo presídio, partilhado entre o governo do Estado e a empresa Socializa. Salientou o avanço do número de presos no Brasil nos últimos anos e apresentou dados sobre o número de presos em unidades de cogestão. O capitão também falou sobre a estrutura da unidade e estatísticas relacionadas aos detentos do local.
Conjunto de ações
busca a ressocialização – O
enfermeiro Rafael Dominguez, um dos coordenadores do sistema, informou que os
detentos passam por uma triagem para avaliação de suas condições de saúde. A
triagem ainda orienta para quais atividades o detento será encaminhado. Os
detentos recebem atendimento de diversos tipos – terapia ocupacional, dentista
e assistência médica, psiquiátrica e jurídica, entre outros. Em 2019 foram mais
de 13 mil atendimentos de enfermagem, quase dois mil atendimentos médicos e mais
de 300 atendimentos psiquiátricos. O presídio ainda recebe ações de campanhas
como Outubro Rosa e Novembro Azul, que buscam a prevenção do câncer de mama e
de doenças masculinas, sobretudo do câncer de próstata. Dominguez ressaltou que
o conjunto dessas ações busca a ressocialização do detento.
Detentos passam
por triagem – A terapeuta ocupacional
Amanda Letícia Dourado falou sobre como é feito o seu trabalho. O processo
começa com a realização de uma triagem que procura traçar o perfil do detento.
Ele ainda tem avaliação psicóloga, psiquiátrica, e os que realmente têm desejo
de mudança de vida e que querem trabalhar são selecionados para as oficinas
laborativas e isso vai encaminhar a inclusão dessas pessoas na sociedade.
Casamento
coletivo – Ao retomar a palavra, o capitão Gilberto falou sobre o projeto de casamento coletivo que atender 15 internos e
suas companheiras. Ele relatou que houve uma fase de organização da
documentação e que o projeto será realizado em parceria com a Faculdades Santo
Agostinho. Em sua fala, frisou que o detento é tratado com respeito, mas deve
obedecer às regras do conjunto prisional.
Familiares também
são atendidos – A psicóloga Mércia
Lima contou sobre o atendimento feito às famílias dos internos – tanto de forma
individual, como coletiva. A especialista salientou que muitas dessas famílias
são vítimas de preconceito por conta da situação e ressaltou também, o trabalho
feito em oficinas de artes com os detentos, além das atividades com os idosos
da unidade.
Conjunto conta
com coleta seletiva – A defensora
pública Kaliane Gonzaga falou do projeto “Mãos que Reciclam” implantado na
unidade desde janeiro, através de uma parceria com a Defensoria Pública. Ela
parabenizou o conjunto pelas ações desenvolvidas como as oficinas e destacou
que 420 detentos estão envolvidos em alguma dessas atividades. Gonzaga avalia
que o número demonstra o sucesso dessas ações. Segundo a defensora, 12% da
população prisional do conjunto se declara catador de material reciclável.
Foram selecionados 11 detentos para participar do projeto de coleta seletiva na
unidade. A renda obtida por eles será revertida para suas famílias. Ela
explicou que cerca de mil pessoas transitam pela unidade diariamente, gerando
uma quantidade considerável de resíduos. Para a defensora, a ação é importante
porque é o conjunto penal que dá exemplo de sustentabilidade.
Projeto combate a
violência – A presidente do Conselho
da Mulher, Arlene Santos Ribeiro, falou sobre seu projeto, na Uesb, de
reeducação do agressor à mulher e disse que acredita que esse é o caminho. Não
se deve discriminá-los, mas estender a mão para essas pessoas. Segundo ela, a
meta é trazer um tratamento psicológico e até mesmo psiquiátrico para os
agressores e eles passem a agir de uma outra maneira.