Câmara Municipal de Vitória da ConquistaAudiência PúblicaTribuna LivreNotíciaValdemir Dias
28/05/2019 11:50:00
Durante a audiência pública realizada na Casa do Povo, na manhã dessa terça-feira, 27, para discutir o fechamento das escolas municipais na zona rural, pais, mães e representantes das comunidades reivindicaram que as escolas sejam mantidas e alegaram que a distância, má conservação das estradas e até das escolas, são alguns dos fatores que vem prejudicando o aprendizado das crianças.
22 km para chegar a escola - Cleide Lima Oliveira do Povoado de Serra Grande, se posicionou contrário ao fechamento da escola da localidade. “A secretaria transferiu os alunos para outra escola que fica a 22 km de Serra Grande. A escola não tem segurança, o pátio só foi roçado porque o pai de um aluno fez o serviço”, contou. Lamentou por esses alunos têm saído de uma escola organizada para uma sem estrutura: “Sem contar que a estrada não existe mais. São 22 km de transporte que os meninos têm que enfrentar até chegar na escola”. Contou ainda que o carro não tem monitor: “Fomos questionar e eles falaram que não tem como colocar. Tem crianças que acordam às 5h da manhã pra ir pra escola. Lá não tem merenda, os professores pediram para mandar os lanches para os meninos comerem no caminho e na escola”, finalizou.
Transporte escolar - Manoel de Jesus Lima, da comunidade de Santo Antônio, informou que tem uma filha de seis anos de idade que está sem estudar por conta da falta de transporte escolar. Ela também não poderá frequentar a escola de sua comunidade, em decorrência dos fechamentos de escola. Lima afirmou que a escola de Santo Antônio é boa e pode atender os alunos.
Adultos fazem companhia as crianças até o ponto de ônibus – A mãe de aluno do quilombo do Baixão, Maria da Paz, lembrou da importância das escolas de cada comunidade: “As escolas são simples, mas são da comunidade. Onde todo mundo começou a aprender, ler e escrever”. Se disse indignada com a notícia que a escola vai fechar. E lembrou que “isso depende de nós, porque a união faz a força”. Ela contou que as crianças acordam as 5h e precisam de um adulto para chegar até o ponto do ônibus. “Não podemos aceitar e não vamos desistir. É um direito nosso e de nossos filhos”, finalizou.
“Nossa escola é nossa história” - Moradora do assentamento de Lagoa Nova, Nilzani Bispo Mendes falou da forma como a comunidade recebe a notícia de fechamento das escolas. “É com muita indignação”, disse ela. “A nossa escola é a nossa história, não somente um patrimônio. São histórias de vida”, apontou ela.
“O Governo está aí só para desfazer tudo que foi feito”, disse Zane sobre o modelo de gestão adotado por Herzem Gusmão e o secretário de educação Esmeraldino Correia. “Se o filho dele fosse tratado da forma como os nossos filhos estão sendo tratados, com desrespeito, será que ele gostaria?”, questionou ela.
Escolas necessita reforma - Já Suelina Moreira, do povoado de Laranjeiras, destacou que a escola de sua comunidade necessita de reforma. Ela ressaltou que são 28 alunos afetados e mais 10 que ainda vão iniciar os estudos em 2020. Moreira cobrou a ida do prefeito a essas localidades para ver a realidade de perto. Já Suelina Moreira, do povoado de Laranjeiras, destacou que a escola de sua comunidade necessita de reforma. Ela ressaltou que são 28 alunos afetados e mais 10 que ainda vão iniciar os estudos em 2020. Moreira cobrou a ida do prefeito a essas localidades para ver a realidade de perto.
Mais de 50 alunos vão todos os dias para Belo Campo – “É triste, no século 21, estarmos discutindo fechamento de escolas”, foi assim que Antônio Rodrigues, de Campo Formoso começou seu discurso durante a audiência. Ele contou que a escola de Campo Formoso tem 55 anos, “eu fui um dos primeiros alunos de lá”. Seu Antônio lembrou que política tem que ser feita 24h por todo cidadão porque é direito de cada um. “Esse direito conquistado custou o sangue de muitos trabalhadores”, contou. Ele disse ainda que não foge de nenhuma discussão e solicitou que representantes do prefeito fossem a comunidade conversar com os moradores. Pediu que fosse feita uma abaixo assinada e encaminhada para o ministério público para que evitem o fechamento das escolas. “É triste ver sair mais de 50 a 60 alunos pra ir pra Belo Campo todos os dias para estudar”. Afirmou que as escolas estão sendo sucateadas desde o início dessa gestão para ser fechadas. Finalizou dizendo que “tem tantos professores esperando ser chamados que passaram no concurso. Cada comunidade tem que ter sua escola de porta aberta”.
Futuro e passado - Para Noeci Salgado o tema central é o embate futuro versus atraso. Ele destacou que apesar de as escolas que vão receber esses alunos sejam boas, as estradas rurais estão em condições ruins, o que dificulta o transporte escolar. Salgado propôs a formação de uma comissão com pessoas de cada comunidade atingida e ações para pressionar a gestão municipal a voltar atrás, até mesmo uma ocupação da Prefeitura.
Falta de diálogo com a comunidade – O Rosivaldo Gonçalves, do povoado Cachoeira dos Porcos iniciou seu pronunciamento se dizendo indignado e repudiando o fechamento de salas ade aula. “Fico triste com essa questão de fechamento de escolas nos tempos de hoje”, lamentou. Ele disse ainda que essa é uma decisão arbitraria por parte do governo e da secretaria. “Escola é lazer, é cultura e é triste o que está acontecendo”, disse. O professor disse que ficou sabendo que existia o planejamento do fechamento das escolas e foi assim que as comunidades se organizarem. Contou que foram alguns representantes da prefeitura na comunidade mas nem atenção deram aos moradores. “Crianças que precisam dessas escolas estão sendo transferidas de forma arbitrária” e disse que “nós vamos lutar até o fim e não vamos parar. Isso não pode acontecer”. Ele finalizou questionando as consequências para crianças tão novas serem colocadas em ônibus sem estrutura para enfrentar estradas tão ruins. “A escola não é formada só de alunos. Alunos, pais, professores e comunidades”.
Falta estrutura para receber os novos alunos – O professor Davino Nascimento apontou que na zona rural não há escolas aptas a receberem o montante de alunos da escolas que o Governo Herzem anunciou que serão fechadas. “As nossas escolas nenhuma está preparada e equipada para receber mais alunos”, disse ele.“Fechar arbitrariamente, como estão fazendo é desmerecer”, analisou o professor ressaltando que não houve qualquer diálogo a respeito do assunto.
Políticas Públicas - A professora Rose Santana reforçou a necessidade de políticas públicas para o público. Ela leciona numa escola rural e quilombola e ressaltou que está a postos para lutar pela educação.
Falta merenda, transporte e educação - O ex-vereador Ricardo Babão disse que é fácil falar sobre “esse desgoverno”. Disse que quem tá contando os dias para acabar esses quatro anos são as pessoas que votaram na atual gestão. “Falta transporte, educação, saúde”. Ele lembrou que até 2016 todo mundo tinha transporte, merenda, educação. “Infelizmente nem todo mundo sabe administrar e amar as pessoas de Conquista, as vezes ficamos tristes de falar que moramos aqui com tanto desrespeito”. E finalizou parabenizando a comunidade pela mobilização e aos vereadores por estarem sempre lutando pelo melhor para a comunidade conquistense.
Falta de cuidado em transporte e agressão em creche – Moradora de Rancho Alegre, Renilda Moreira disse que seu filho de sete anos estuda em uma das escolas com previsão de fechamento. “Eu tenho um filho de 7 anos. Ele ama a professora, o contrário de quando ele estava na creche”, disse ela, que denunciou que na creche seu filho foi agredido por uma professora. Ela relatou ainda que na creche ele foi colocado em um ônibus errado que o levou para outra comunidade.