Câmara Municipal de Vitória da ConquistaAudiência PúblicaNotíciaLuis Carlos DudéAdinilson PereiraEdjaime Rosa - Bibia
21/08/2018 00:11:00
Na manhã desta terça-feira (21), a Câmara Municipal de Vitória da Conquista (CMVC) realizou uma audiência pública para discutir o atual cenário da Agricultura Familiar no município. A audiência, fruto da iniciativa do mandato do vereador Edjaime Rosa Bibia (MDB) contou com ampla participação de vários representantes das comunidades rurais de Vitória da Conquista.
Em seu pronunciamento, Bibia cobrou mais atenção para a zona rural. “Nós precisamos muito do poder público”, disse ele. Entre as cobranças apresentadas por ele estão a ampliação do Programa Nacional de Habitação Rural (PNHR), desburocratização do acesso aos benefícios do INSS. Além disso, o parlamentar reclamou da má qualidade do transporte escolar para a zona rural, bem como da estrutura da educação em comunidades rurais. Ainda em seu pronunciamento, Bibia cobrou do prefeito Herzem Gusmão o cumprimento das promessas de estabelecer três subprefeituras na zona rural, mais especificamente em Inhobim, Bate Pé e José Gonçalves. Outra reclamação feita pelo vereador foi quanto à ausência de vários representantes do poder público que foram convidadas a participar da discussão, mas não compareceram.
A agricultura familiar só existe no papel - José William Nunes, Secretário de Agricultura, chamou atenção para as esferas estaduais e federais para a agricultura familiar. “A agricultura familiar é muito tímida ainda. E não por culpa do agricultor, mas por não tem questões técnicas para que ele possa produzir”, disse. “Não dá só pra jogar o homem no campo. A administração pública precisa estabelecer suas prioridades”, completou.
A nível municipal, o Secretário conta que há mais 280 solicitações de água na zona rural. E afirma que se houvesse mais barragens, o armazenamento de água seria mais razoável. José William falou sobre o seu esforço para a limpeza e aguada e açudes na zona rural. Mas diz que não há maquinário suficiente e que o orçamento é pequeno. Além disso ele cita o engessamento do setor público, que só permite, atualmente, que os serviços sejam realizados com licitação.
A agricultura familiar ainda funciona - O representante dos Pequenos Produtores Rurais, Antônio Figueiredo destacou que apesar de receber pouca atenção do poder público, a agricultura ainda funciona e abastece as mesas da população urbana. “Nós, apesar do desprezo dos governantes, a agricultura familiar ainda é um instrumento que funciona”, disse ele destacando que o Ceasa é prova disso, uma vez que é abastecido, segundo ele, majoritariamente pela agricultura familiar. “Eu gostaria que nós tivéssemos um governo que valorizasse a agricultura familiar”, disse ele. Antônio Figueiredo ressaltou a necessidade de os agricultores familiares escolherem bem em quem votar neste ano, a fim de eleger pessoas compromissadas com o fortalecimento da agricultura familiar.
Em defesa da agricultura familiar - Benício de Jesus, “Benício Amaralina” agricultor e secretário da Associação de Famílias do projeto Assentamento Amaralina do assentamento Santa Marta, fez sua fala em defesa do pequeno agricultor. Ele pontua que a política nacional vive um momento de incerteza que está sendo refletida nos pequenos produtores. “O homem do campo está sofrendo com essa política voltada para empresas de grande porte”, disse. O agricultor frisa as grandes produções são destinadas para exportação, e quem alimenta a cidade é a agricultura familiar. “É preciso apreender a respeitar o homem e mulher do campo”, reforçou.
Preços altos - O representante do projeto Fazenda Santa Marta, José Ribeiro, o Zequinha, lembrou que os trabalhadores rurais abastecem a mesa da população brasileira. Ele reclamou dos preços pagos aos produtores, sendo passados para o consumidor final a um preço muito mais alto. “Hoje só tem valor o homem de gravata, que ganha milhões. Qual o valor que nós temos?”, questionou. “É dura a situação nossa. Meu coração dói pensando em nossa população. Eu estou sofrendo, mas tem gente sofrendo mais ainda”, apontou ele.
É preciso denunciar para que o erro não se repita – O vereador Jorge Bezerra (SD) depositou a responsabilidade sobre a situação que se encontra a zona rural de Vitória da Conquista a gestão anterior. Ele citou o exemplo do poço artesiano no povoado de André que, segundo ele, foi uma obra mal planejada e não concluída. “É preciso denunciar para que não seja repetido no presente”, disse. Bezerra citou também a quantidade de máquinas quebradas como causa do problema atual “Querem atribuir essa herança maldita ao prefeito. É prefeito falar a verdade”, completou.
Falta de água - O representante dos moradores de Lagoa de Simplício, Gerson Silva, reclamou da falta de abastecimento de água na região, principalmente após o Exército assumir a responsabilidade pelo abastecimento das casas. “Existe lá dois poços artesianos e no momento os dois estão quebrados”, apontou ele, ressaltando que várias famílias estão precisando comprar água para atender às suas necessidades.
Zona rural esquecida - Liomax Brandão “Peu”, representando o distrito de Veredinha, também falou sobre o maquinário quebrado. “Os tratores, as máquinas. Tudo jogado ali as traças. E não é em um ano e meio do governo que vai realizar tudo. Ele quer reconstruir a cidade. Mas não dá pra cobrar em 2 anos, o que não fizeram em 20”, disse. Ele pede que os demais políticos tenham mais responsabilidade com a zona rural. “A zona rural está esquecida”.
Melhores condições para o trabalho da Secretaria - O vereador Adnilson Pereira (PSB) disse que consegue perceber na equipe da Secretaria de Agricultura e Desenvolvimento Rural, a vontade de fazer mais e levar desenvolvimento para a zona rural do município. Ele pediu, no entanto que o prefeito dê melhores condições para que o secretário possa trabalhar. “Para que o secretário trabalhe, ele precisa ter o suporte do prefeito. Atualmente o prefeito é Herzem Gusmão. Eu nunca ouvi falar que os próprios funcionários comprassem peças para não prejudicar o trabalho”, disse ele denunciando que atualmente isso vem ocorrendo, prejudicando a prestação de serviços na zona rural do município.
Esforço Municipal - Coordenador Municipal de abastecimento de água, Vicente Moreira, afirmou que o grande problema enfrentado hoje, na região, é a seca. E conta que a prefeitura tem feito o possível para levar água as famílias na zona rural. “O prefeito está contratando caminhões pipas. Mas nem sempre dá pra atender de imediato, porque a demanda é muito grande”, contou. “Tem muita coisa a ser feita, temos dificuldades. Mas o prefeito tem se esforçado, e vai se esforçar ainda mais”, completou.
É preciso investimentos - Marcelo Brito, representante da região de Choça e Campo das Flores parabenizou Bibia pela realização da audiência pública. Ele ressaltou que a situação dos produtores da agricultura familiar está bastante precarizada. “Se facilitar vai faltar verdura no Ceasa”, alertou. Brito cobrou maiores investimentos dos poderes públicos e sugeriu que vereadores e Prefeitura busquem parcerias a fim de garantir melhorias na estrutura de atendimento à agricultura familiar.
Abastecimento de água - Leolina, da comunidade quilombola de Lagoa do Arroz, reclamou da ausência de representantes da Embasa, uma vez que já foi entregue à Embasa um abaixo assinado solicitando o estabelecimento do abastecimento hídrico da comunidade e até o momento sequer foi respondido. “Esse tanto de dificuldades enfraquece a coragem das comunidades permanecerem unidas nas associações”, disse ela. Leolina ressaltou que graças à força da comunidade, foi criada a escola Quilombo Alfabetizado, uma vez que se cansaram de esperar pelo Governo Municipal. Ela cobrou ainda melhorias no transporte escolar para os estudantes.
Demandas do Ribeirão do Paneleiro – Maria Elza, em uso da tribuna, apresentou as demandas da comunidade. Entre elas a questão da estrada e uma valeta de 50 metros de distância; a escola que foi desativada e o posto de saúde que só tem médico de nove em nove meses.
Falta de atenção com a zona rural – Paulo Novais, do assentamento Casulo, ressaltou que em todas as comunidades de agricultores familiares as dificuldades enfrentadas são as mesmas. Ele apontou que não há o mínimo de atenção para os moradores da zona rural do município e que é preciso atender às demandas dos produtores rurais que abastecem os lares da população conquistense e de várias cidades da região.
Esperanças Perdidas - Gildásio Ferreira Santos, do assentamento de Inhobim, além de apresentar as dificuldades da zona rural, falou sobre o descontentamento político. “Quero ver agora nas eleições ter coragem de pedir voto?”, disse. “Qual a esperança dos eleitores em uma situação dessa?”, completou.
Mais cobranças de abastecimento de água - Agnor Nolasco, do Boqueirão, solicitou que sejam tomadas providências quanto à falta d’água na região. “Olhem bem pro povo, coloquem água lá. Lá está ruim mesmo”, contou ele. “Nós sabemos os problemas da zona rural, nós que estamos juntos com o povo”, disse ele cobrando maior atenção aos representantes comunitários da zona rural.