Câmara Municipal de Vitória da ConquistaAudiência Pública
08/12/2017 18:00:00
Nesta sexta-feira, 8, a Câmara Municipal de Vitória da Conquista (CMVC) realizou uma audiência, solicitada pelo vereador Danillo Kiribamba (PCdoB) sobre as políticas públicas para o Esporte em Vitória da Conquista. Durante audiência, ocorreram discussões sobre as diversas modalidades do esporte amador, abordando a sua realidade atual, disponibilidade de recursos, perspectiva de investimentos, bem como a adequação do esporte em Vitória da Conquista à política nacional de esportes.
Kiribamba destacou que segundo a Lei Pelé, 9615/98, é dever do Estado em fomentar as práticas desportivas formais e não formais. No entanto, ele observa que a situação das políticas públicas para o esporte em Vitória da Conquista é lamentável. “Não existe uma Secretaria do Esporte, apenas uma coordenação sem estrutura, sem orçamento, absolutamente desestruturada”, relatou. Ele reforçou dizendo que não há política de fomento aos atletas e seleções. “Os desportistas em geral são abnegados, que tiram do próprio bolso para realizar um campeonato ou torneio na comunidade, assumindo uma obrigação que é do poder público”, disse.
O vereador falou também sobre os equipamentos esportivos do munícipio. “As quadras estão absolutamente depredadas. O Estádio Lomanto Júnior está completamente defasado em relação a outros estados, e recentemente vimos uma infestação de fungos prejudicar o gramado que quase custou um milhão para ser reformado”, contou. Ele citou também a falta de condições dos vestiários, ausência de cadeira e cobertura nas arquibancadas.
Kiribamba propôs a criação de uma autarquia, Agência ou Diretoria Municipal de Esportes, implantada com a locação de profissionais de carreira e remanejamento dos cargos. Esta autarquia proposta seria vinculada diretamente ao Gabinete Civil da prefeitura. Para garantir a estrutura necessário ao fomento, gestão e infraestrutura para o esporte, o parlamentar propôs a criação do Fundo Municipal de Esporte.
O diretor da Superintendência de Desportos do Estado da Bahia (Sudesb), Elias Dourado fez uma longa fala sobre a importância do esporte para a sociedade e também elencando ações da Sudesb em Vitória da Conquista. “Cada real investido em esporte reduz o investimento em saúde”, assegurou o diretor.
Antes de elencar as ações na cidade, Dourado apontou que o esporte é feito pelos seus abnegados e não pelos governos, explicando que o governo apenas oferece, dentro das suas condições, as estruturas de fomento ao esporte. “Quem faz o esporte não são os governos, são os abnegados”, disse ele.
Confira as ações já realizadas ou com execução garantida elencadas por Elias Dourado:
•Caravana do Lazer, na Patagônia;
•Curso de formação de árbitros e técnicos de futebol;
•Programa de Qualificação das Ligas de Futebol;
•Programa Esporte e lazer da Cidade (PELC);
•Quatro escolinhas de futebol em parceria com a Polícia Militar da Bahia;
•Reforma da quadra da Patagônia e da Praça Nossa Senhora dos Verdes;
•Apoio a várias copas de futebol amador;
•Apoio ao Campeonato Brasileiro do Montain Bike;
A atleta e coordenadora do Programa de Esporte e Lazer da Cidade – PELC – Bahia, Paula Vieira, explicou que a iniciativa vai proporcionar às participantes atividades esportivas, culturais de lazer, atendendo pessoas com ou sem deficiência, buscando estimular a convivência social nas comunidades e municípios. Na Bahia são 78 núcleos. O PELC é uma parceria entre o Ministério do Esporte e o Governo da Bahia.
Ela frisou que Vitória da Conquista foi contemplada com quatro núcleos do PELC, graças a articulação dos deputados federais Daniel Almeida e Alice Portugal e do estadual Fabrício Falcão. Os núcleos vão atender pessoas entre sete e 80 anos de idade com atividades de judô, capoeira, percussão aulas de música, xadrez, futsal, vôlei, ginástica e dança de salão. Segundo Paula, os materiais já foram entregues e o projeto deve iniciar as atividades no mês de janeiro. Para Paula, a chegada do PELC é importante porque Conquista “estava descoberta de políticas públicas para o esporte”.
Como atleta, ela afirmou que sente a falta de apoio do poder público para o esporte. Ela afirmou que a classe “luta para que o nosso esporte não morra”. Paula defendeu contrapartidas do Município e a criação de uma secretaria para o Esporte. Atualmente o segmento está atrelado à Secretaria de Cultura, Esporte, Turismo e Lazer.
O ex vereador e ex-coordenador de esporte, Hudson Castro, afirmou que em seu mandato o esporte era uma pauta recorrente. Ele lamenta a cidade não possuir uma secretaria de esportes, mas destaca as pessoas da iniciativa privada que estão abraçando o esporte com responsabilidade. Hudson destacou também o investimento que o governo do estado vem fazendo através da Sudesb. “Venho acompanhando todas as ações, vários projetos, convênios. São essas ações que estão segurando a onda do esporte no nosso estado”, pontuou.
O presidente da Liga Conquistense de Desportos Terrestres (LCDT), Leonésio Alves, defendeu o desenvolvimento de políticas públicas direcionadas para o Esporte em Vitória da Conquista, a fim de garantir investimentos reais para o setor. “A gente precisa de estrutura política na cidade para o esporte, de outra forma não existe”, disse ele. “O Esporte não tem nem R$ 100 mil no ano”, disse ele se referindo ao montante investido pela Prefeitura.
O ex-vereador, Ricardo Babão, afirmou que Conquista avançou no Esporte com a gestão passada. Ele explicou que, desde 2008, o município teve 39 quadras construídas, oito campos com alambrados, mais de 12 miniginásios construídos, reforma do Lomantão, revitalização do Estádio Edvaldo Flores, além das praças CEU e da Juventude.
Ainda assim, ele reconheceu que a demanda é grande e as políticas devem avançar. Babão defendeu a criação de uma pasta própria para o segmento que hoje é abrigado na Secretaria de Cultura, Esporte, Turismo e Lazer. Em sua fala, o ex-parlamentar destacou a atuação do PCdoB. “É um dos partidos que mais ajuda o esporte de Conquista”, disse. Babão ressaltou o trabalho do deputado Fabrício Falcão (PCdoB) que vem articulando, segundo ele, grandes projetos esportivos para Conquista. Para o ex-vereador, a luta deve ser continuar por mais políticas públicas para o esporte.
O vereador Jorge Bezerra (SD) frisou que também é um amante e apoiador do esporte e que há 20 anos dá aula como professor de futebol em uma escolinha no bairro Ibirapuera. Ela afirma que também é um defensor da criação da secretaria de esportes. “Precisamos desses órgãos para conseguir mais recursos, não só para o futebol, mas para todas mobilidades do esporte”. Bezerra se comprometeu, enquanto base do governo municipal, cobrar mais investimentos para o esporte.
O Capitão da Polícia Militar Wagner Ribeiro explicou que o investimento em esporte tem suas consequências ampliadas para a Educação e para a Segurança Pública. “O esporte vai muito além de uma questão apenas de saúde. Perpassa também pela educação e segurança pública. Quando fomentamos o esporte ganhamos em todos esses aspectos”, disse o militar.
O capitão contou que a Polícia Militar está modernizando a sua estrutura física, construindo um ginásio de esportes com campo de futebol society no Batalhão, que já conta com um campo de futebol e um tatame que estão abertos à utilização pela comunidade.
O desportista Sérgio Medeiros, popularmente conhecido como Serjão do Vôlei, disse que é preciso unir esforços e ter boa vontade para fazer o esporte da cidade crescer e atingir o seu potencial máximo. “É uma questão de boa vontade fazer o esporte em Conquista”, disse Sérgio. “É vergonhoso o que a gente passa”, disse o desportista se referindo às dificuldades impostas a praticantes de esportes, principalmente aqueles que já alcançaram um nível mais alto e acabam tendo que ir para outras cidades e até países em busca de oportunidades melhores.
Para Marcos Andrade, do diretor de Operações de Espaços Esportivos da Sudesb, as criações de órgãos exclusivos para os esportes são necessárias para fortalecer o debate sobre as práticas esportivas, por isso também defende a criação de uma autarquia a respeito em Conquista. “Se a questão são os custos para a criação da secretaria, vamos fazer uma autarquia, como propôs Kiribamba, mas é preciso que tenha recursos para investimentos”, defendeu. “Não podemos considerar o esporte como custos, e sim como investimentos”, completou.