Durante a Sessão Itinerante da Câmara Municipal de Vitória da Conquista (CMVC), ocorrida nesta quarta-feira, 29, na Escola Municipal José Rodrigues do Prado, no Pradoso, a população local fez uso da Tribuna Livre, a fim de apresentar as suas demandas e também de falar sobre a atuação do poder público na região.

Capoeira e futebol feminino precisam de mais apoio – O professor Maicon Nóbrega informou que atua como instrutor de um projeto de capoeira que atende crianças a partir dos quatro anos e com deficiências. Segundo ele, o projeto enfrenta problemas pela falta de apoio. Maicon pediu a atenção de todas as secretarias municipais e ressaltou que capoeira é cultura e esporte. O professor ressaltou que a Secretaria de Cultura, Turismo, Esporte e Lazer possui um orçamento pequeno, mas “todas as [outras] secretarias podem ajudar a capoeira”.

O professor também informou que conseguiu montar uma equipe de futebol feminino que já conta com 54 atletas. Para ele, o apoio deve ser ampliado para além de campeonatos. Maicon explicou que a maior parte das atletas são mães de família e tem dificuldades em manter as atividades esportivas. Ele frisou que elas não têm como custear materiais como bolas, redes e uniformes. “[Elas] não têm condição de se manter no time”, disse. O professor ainda pediu a instalação de oito refletores no campo e destacou o reconhecimento da comunidade ao futebol feminino.

Cobranças de várias necessidades antigas - A secretária da Associação de Moradores do Pradoso, Lara Evelyn Fernandes, pontuou que a região tem uma série de demandas a serem reivindicadas, como a quadra poliesportiva e a creche, como foi dito pelo professor Maicon. “São reivindicações antigas da comunidade. São necessidades”, disse ela, que registrou o atendimento da antiga necessidade da população local de iluminação da entrada do Distrito

A secretária da associação cobrou o asfaltamento de ruas da comunidade, a expansão da rede de iluminação pública, instalação de uma Base da Polícia Militar e uma geladeira para o Posto de Saúde da Família. “O Pradoso está crescendo, o número de novas casas é muito grande”, apontou ela. “Esperamos contar com o apoio dos vereadores”, completou.

Um médico para atender mais de cinco mil pessoas – A representante da Associação de Moradores do Pradoso, Leocádia Nelly, apresentou uma série de demandas da comunidade. Na área da saúde, ela pediu uma geladeira e um aparelho de medição do diabetes para o Posto de Saúde. Segundo Nelly, mais de cinco mil pessoas contam com apenas um médico, que atende na sede. Além do Pradoso, 13 outras comunidades dependem desse serviço. Para ela, é necessário ampliar a equipe de Saúde da Família, agregar mais médicos, enfermeiros e técnicos. Leocádia ainda ressaltou que o posto de Lagoa de Clemência está abandonado, necessita urgentemente de reforma.

A representante também apontou problemas no transporte coletivo que atende o Pradoso. De acordo ela, o mesmo ônibus também circula por outras localidades, mas não atende a demanda. Leocádia informou que a comunidade está organizando uma festa de Ano Novo, a primeira do Pradoso, para arrecadar fundos para retomar a reforma do Posto Policial. Ela agradeceu as ações de iluminação pública efetuadas pela Prefeitura Municipal na entrada e ruas do distrito e destacou a atuação do secretário de Serviços Públicos, Ivan Cordeiro.

Necessidade de maior divulgação das sessões itinerantes na comunidade - A moradora local, Clemência Novais, agradeceu ao Legislativo Municipal pela realização de mais uma sessão itinerante no Pradoso, mas questionou o porquê de a sessão itinerante não ter sido divulgada, como aconteceu nos outros anos, o que segundo ela causou o esvaziamento da sessão. “Em Bate Pé, quando esteve lá, o carro foi, fez a divulgação. Por que aqui não teve?”, perguntou ela.

Clemência apontou que a comunidade tem crescido, graças à sua atuação cobrando investimentos do poder público. “São reivindicações são da própria comunidade. A comunidade aqui caminha com os seus próprios pés”, disse a cidadã.

Transporte escolar sofre com falta de combustível e veículo quebrado – A moradora de Lagoa de Maria Clemência, Viviane dos Santos Viana, afirmou que alunos de sua comunidade, que é quilombola, ficaram uma semana sem aula porque o transporte escolar quebrou. Em outros dois momentos a situação se repetiu por falta de combustível. Ela frisou que a quebra é aceitável, mas “ficar sem vir pra escola porque não tem combustível, não dá”. Viviane ainda ressaltou que escolas de Lagoa de Maria Clemência, Riacho e Manoel Antônio vêm enfrentando outros problemas. A primeira necessita de cobertura da área coletiva, pois, em dias de chuva, a merenda é distribuída nas salas. Em Riacho o piso está degradado e em Manoel Antônio a unidade não tem muro.

Em sua fala, pediu uma reforma urgente no Posto de Saúde de sua comunidade e a construção de uma área de lazer. Ela explicou que existe uma equipe de futebol feminino que enfrenta dificuldades para treinar, sobretudo à noite, já que a região está sem iluminação pública.

Falta até energia elétrica - Jailson Ferreira, popularmente conhecido como “Excelência”, contou que em 9 de setembro recebeu o deputado estadual Euclides Fernandes para conhecer as necessidades da população da região de Pradoso, alguns com falta até mesmo de energia elétrica. “O deputado Euclides Fernandes saiu triste, magoado”, contou. “A escola não funciona, o posto de saúde é um lixo humano, a cadeira de dentista é amarrada de arame”, apontou ele.

Excelência contou que pediu ao deputado que visse a situação e ele liberou R$ 87 mil para expansão da rede de energia elétrica na região.

Sobre a creche do Pradoso, Jailson contou que esteve na Prefeitura e não foi atendido pelo prefeito e teve o seu pedido negado. “A resposta foi não, da vice-prefeita, do prefeito e do secretário de Educação", contou ele.