08/03/2017 14:06:46
Parabéns, manifestações de afeto, entrega de homenagens, palavras de protesto e apresentação de dados sobre a luta pelos direitos das mulheres marcou a programação do Dia Internacional da Mulher na Câmara Municipal de Vitória da Conquista (CMVC). Para o dia 8 de março a Câmara realizou uma sessão especial e mais uma edição do Diploma Mulher-Cidadã Loreta Valadares, que homenageou seis mulheres que contribuem para a defesa dos direitos da mulher e questões do gênero. O diploma foi estabelecido pela lei nº 41/2005, fruto de um projeto do próprio Legislativo.
[caption id="attachment_17014" align="alignright" width="300"] Viviane Sampaio (PT)[/caption]A luta pelos direitos é contínua – A Vereadora Viviane Sampaio (PT) afirmou sentir-se honrada em representar as mulheres de Vitória da Conquista e estar hoje como mulher eleita, superando a barreira da desigualdade nos espaços de poder. Para Viviane, o dia 8 de março deve ser marcado pela necessidade de defender os direitos já conquistados, mas que vem sendo desrespeitados. “Precisamos continuar na luta para garantir políticas públicas efetivas, principalmente no combate a violência doméstica”, defendeu. A vereadora aproveitou a oportunidade para repudiar o Governo Federal pela extinção do Ministério das Mulheres, pelo corte orçamentário nas políticas públicas para mulheres e pela reforma da previdência. “ Não podemos deixar que esse governo golpista retire conquistas históricas das trabalhadoras e trabalhadores. Não aceitaremos nenhum retrocesso”, afirmou. A parlamentar reforçou o convite às mulheres para se juntarem em marcha na defesa de seus direitos. “Vamos, hoje, ocupar as ruas e dizer que não aceitamos nenhum direito a menos, nenhuma mulher a menos. Tolerância zero à violência contra as mulheres”.
[caption id="attachment_17015" align="alignleft" width="300"] Lúcia Rocha (DEM)[/caption]Políticas públicas para as mulheres são fundamentais – A vereadora Lúcia Rocha (DEM) disse ficar feliz ao perceber que Vitória da Conquista tem um Poder Legislativo que se movimenta em busca de fazer valer os direitos da mulher. “Fico feliz por essa casa fazer valer na prática o Dia Internacional da Mulher debatendo assuntos que dizem respeito aos direitos e garantias para as mulheres de nosso município”, disse a parlamentar. Lúcia Rocha destacou a importância das políticas públicas para mulheres. “As políticas públicas devem assegurar os direitos da mulher, garantir o acesso aos direitos políticos, econômicos e sociais das mulheres. Devem beneficiar a mulher, sua família e sua comunidade”, apontou ela. Lúcia reconheceu ainda que muitos avanços ainda precisam ser conquistados pelas mulheres. “Há muito a ser feito e implementado”, disse ela.
[caption id="attachment_17016" align="alignright" width="300"] Nildma Ribeiro (PCdoB)[/caption]“Devemos ser guerreiras, lutar todos os dias para ocupar os nossos espaços” – A vereadora Nildma Ribeiro (PCdoB) ressaltou que o 8 de Março é emblemático para a luta pelos direitos mulheres, mas se espera respeito todos os dias. Nildma destacou o que considera conquistas como o Centro de Referência da Mulher, a Vara de Violência Doméstica e a Delegacia Especializada de Atendimento à da Mulher. Mas, a parlamentar lembrou ainda há muito a ser conquistado: a Ronda Maria da Penha, a Casa Abrigo para mulheres vítimas de violência, o Hospital da Mulher, a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 287 que altera regras referentes aos benefícios da Previdência e da Assistência Social e vai atingir as mulheres que, em sua maioria, exercem jornada tripla de trabalho. A edil lamentou que apesar de as mulheres serem a maioria do eleitorado em Conquista, só possuem três representantes na Câmara, num universo de 21 vereadores. Nildma conclamou: “Devemos ser guerreiras, lutar todos os dias para ocupar os nossos espaços”.
[caption id="attachment_17017" align="alignleft" width="300"] Irma Lemos[/caption]Vice-prefeita destaca ampla participação das mulheres na gestão municipal – A ex-vereadora e atual vice-prefeita de Vitória da Conquista, Irma Lemos, parabenizou à Câmara Municipal pela cerimônia em homenagem às mulheres, mas frisou que, mais do que comemoração, o 8 de março é um dia de luta. A vice prefeita lamentou o número ainda reduzido de mulheres no legislativo. “ É triste saber que Vitória da Conquista, terceira maior cidade da Bahia, só tem 3 mulheres na Câmara de Vereadores. Queremos nossos direitos, nosso espaço”, defendeu. Irma parabenizou o prefeito Herzem Gusmão pela atenção e valorização dada às mulheres. “ Temos hoje 70% de mulheres no governo, sete secretarias municipais são comandadas por mulheres e todas as unidades do CRAS são geridas também por mulheres”, contou. Irma Lemos afirmou ainda que “quando uma mulher chega ao poder é preciso ser forte, ter coragem, ousadia e não ter medo de falar”.
[caption id="attachment_17018" align="alignright" width="300"] Luciana Gomes[/caption]“Luta das mulheres é por igualdade e não por superioridade” – A subtenente da Polícia Rodoviária Estadual, Luciana Gomes, fez parte da primeira turma de policiais femininas do interior do estado da Bahia e, em seu pronunciamento lamentou que a presença das mulheres na Polícia Militar no estado tenha ocorrido a pouco mais de duas décadas. “A Polícia Militar hoje é muito melhor com a presença das mulheres”, apontou a subtenente. Ela destacou que a luta das mulheres é por igualdade e não por superioridade em relação aos homens. “Não devemos querer ser melhores do que os homens, nós lutamos pela igualdade. Com certeza teremos uma sociedade muito melhor. Devemos ocupar o nosso espaço com dignidade”, concluiu a militar.
[caption id="attachment_17019" align="alignleft" width="300"] Arlene Santos Ribeiro[/caption]Mulheres enfrentam diversos tipos de violência – A presidente do Conselho Municipal da Mulher, Arlene Santos Ribeiro, frisou que a luta principal é diminuir a violência contra as mulheres e que o conselho vem buscando parcerias diversas para isso. Ela comemorou a presença de três vereadoras combatentes na atual composição da Câmara e, pela primeira vez na história, uma vice-prefeita, Irma Lemos. A presidente, que representa a OAB no conselho, falou que é necessário atentar para outros tipos de violência como a psicológica sofrida nos ambientes de trabalho, em casa, nas ruas. “Isso é constante e não damos valor a essa violência psicológica que é também violência contra a mulher”, detalhou. Ela pediu apoio dos vereadores para instalar em Conquista a Casa Abrigo para mulheres vítimas de violência, a Ronda Maria da Penha, através da Polícia Militar. “A mulher faz uma denúncia na Deam ela não tem para onde ser encaminhada. Ela volta para casa e, muitas vezes, volta para a morte”, alertou. Arlene ressaltou que o combate à violência contra a mulher começa pela educação, ensinar as crianças, sobretudo os meninos, a respeitarem as mulheres e isso implica em ações nas escolas. Em sua fala, destacou a instalação da Vara de Violência Doméstica, sob o comando da juíza Julianne Nogueira Santana, uma das homenageadas.
[caption id="attachment_17021" align="alignright" width="300"] David Salomão (PTC)[/caption]Vereador acredita que ideologia do feminino prega a segregação familiar – O vereador David Salomão (PTC), representando a Bancada de Situação, afirmou que “infelizmente a ideologia do feminismo tem pregado a segregação da família. Uma disputa interna no lar”. Segundo ele, “não foi assim que o Todo Poderoso planejou com tanta perfeição o homem e ainda mais a mulher. Vocês sabem por que o homem foi criado antes da mulher? Não é porque o homem é melhor do que a mulher. É porque toda vez que se prepara uma grande obra, uma obra-prima, tem-se primeiro um rascunho. É natural”. Para o parlamentar, “o homem não vive sem a mulher, a mulher não vive sem o homem. A segregação e a separação é o fim da espécie humana”. Em sua fala, criticou o que considera repetitivo o “Fora Temer, golpista”: “Juridicamente quem votou na Dilma, na presidente, porque não existe a palavra ‘presidenta’, isso é um assassinato da língua portuguesa, a ideologia do feminismo pregando isso. Existe a palavra presidente. Presidenta é assassina. Se a presidenta quisesse ser presidenta ela foi estudanta, assaltanta. É presidente. A língua portuguesa tem que ser respeitada. Então, essa ideologia de esquerda, de feminismo, de machismo, tanto ismo. Feminicídio, não existe essa palavra também na língua portuguesa”. O edil defendeu que Deus criou a família, sem separações, homem e mulher lado a lado. Em sua fala, destacou que as mulheres ocupam espaços de destaque a exemplo da presidente do Supremo Tribunal Federal, Carmen Lúcia e que seu gabinete possui maioria feminina. “A mulher já ocupou o topo do poder Executivo. Foi um desastre, falando aqui na realidade brasileira. Acabaram com o país, recessão, desemprego, golpe nos cofres públicos. Mas, nem todas as mulheres são assim. A mulher é importantíssima na sociedade como base da família e ajudadora, companheira do homem”, disse.
[caption id="attachment_17022" align="alignleft" width="300"] Coriolano Moares (PT)[/caption]Câmara deve pautar bandeiras levantadas durante a sessão especial – Em nome da bancada de oposição, o vereador Coriolano Moares (PT) citou o texto “Quem é você?” de Cora Coralina para trazer à tona alguns aspectos ligados a luta da mulher. Entre eles, a luta para enfrentar diariamente a brutalidade, a opressão, a ignorância, o assédio, e as mais diversas formas de preconceito. “E enfrentar também o preconceito de classe, de cor. Enfrentar esse machismo que é tão perverso”, completou. O vereador reforçou a importância de a Câmara pautar algumas bandeiras levantadas durante a sessão como: a Casa Abrigo para mulheres, a Ronda Maria da Penha e a Parada Segura. “Convido a todos os 21 vereadores a assumirem esse compromisso em respeito às mulheres”, conclamou. Em ato de homenagem às mulheres, Cori pediu ainda que todos os vereadores da bancada de oposição ficassem de pé e repetissem: “Por nenhum direito a menos. Respeitem todas as mulheres!”.