04/08/2016 22:48:04
A Câmara Municipal de Vitória da Conquista (CMVC) realizou nessa quinta (04), Audiência Pública para debater a Violência contra a Juventude. O vereador Coriolano Moraes, Professor Cori (PT), presidiu a Mesa, que foi composta pelo Pároco da Paróquia São Miguel Arcanjo, Padre Zenilton Dias dos Santos, conhecido como Padre Monginho; Coronel Esmeraldino Correia; a Coordenadora do Conselho Tutelar da Zona Leste Juliana Mota Sampaio; a Coordenadora do Conselho Tutelar da Zona Rural, Beatriz Galvão; o representante da Pastoral da Juventude, Welder Cardoso; o Subcomandante Capitão PM André Máximo Braga, representando o Comandante da 92ª Companhia Independente de Polícia Militar, Capitão Edmário José Britto Araújo; a Presidente do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, Cássia Eugênia Reis; e o Pároco da Paróquia Nossa Senhora das Graças em Vitória da Conquista e Diretor Espiritual do Seminário Arquidiocesano, Padre Gerson Bittencourt. Também estiveram presentes os vereadores, Nelson de Vivi (PCdoB), Florisvaldo Bittencourt (PT) e Fernando Vasconcelos (PT) também estiveram presentes.
O vereador Coriolano Moraes (PT) disse ser necessário refletir sobre o que estamos fazendo para mudar a realidade enquanto postura, atitude, reflexão e contribuição em programas dentro da nossa sociedade. Afirmou que “a CMVC tem trabalhado, não tem se furtado ao debate”. Citou que “a Audiência foi fruto de diversas reuniões com a pastoral da juventude”. Acrescentou que as políticas públicas de esporte, educação, inclusão ao curso superior, precisam ser discutidas para a juventude da área urbana e rural. “Vamos continuar à disposição, abertos para as críticas”. Também enfatizou que o papel da mídia precisa ser discutido, alertando para a violência que há nos desenhos e filmes e que “as novelas destroem a concepção de núcleo familiar”. Apresentou a estatística de que nos últimos três anos, foram registrados 513 homicídios em nosso município.
[caption id="attachment_13629" align="alignright" width="300"]Em sua fala, o Padre Monginho destacou que a humanidade padece de várias formas de violência como o aborto, os roubos, os sequestros, o desrespeito no trânsito, as agressões, os homicídios, a corrupção, a falta de condições de saúde, o tráfico de drogas e pessoas. “É a vida humana sendo violada”, caracterizou o sacerdote.
Ele apontou também que nenhuma das formas de violência são agradáveis aos olhos de Deus e explicou que ela tem origem no próprio ser humano. “Nasce do ódio, da vingança, da marginalização social”, disse antes de caracterizar o homicídio como forma de violência que se configura em pecado mortal.O padre disse ainda que “a paz não é somente a ausência de violência. É um dom de Deus e uma tarefa de todos os homens e mulheres”.[caption id="attachment_13630" align="alignleft" width="300"]O Coronel Esmeraldino Correia destacou que a população está sofrendo muito com a violência. “Sei da dificuldade que é trabalhar na Polícia Militar”, enfatizando os fatores sociais colaboram para os números da violência. Citou que em Vitória da Conquista, apresenta a estatística de 8,7 jovens em mil para morrer, atrás apenas de Itabuna, Cariacica e Camaçari. Acrescentou que estudou criminologia e verificou problemas como o uso e abuso de drogas, o isolamento da mulher, a desigualdade dentre homens e mulheres, acesso às armas e aceitação a violência. “Temos que tomar uma providência corajosa”.
[caption id="attachment_13631" align="alignright" width="300"]A coordenadora do Conselho Tutelar da Zona Leste da cidade, Juliana Mota, destacou o dever da família, da sociedade e do estado de garantir a crianças e adolescentes os direitos fundamentais. Segundo ela, em Vitória da Conquista várias crianças e adolescentes tem seus direitos violados, em geral pela família e por instituições que deveriam resguardar a segurança.
Juliana projetou que se não houver ações que possibilitem a reversão do crescimento da violência contra crianças e adolescentes, em 2040 ocorrerá mais de 6 mil homicídios em Vitória da Conquista.[caption id="attachment_13632" align="alignleft" width="300"]O Subcomandante Capitão PM André Máximo Braga disse estar feliz por tratar de assuntos relevantes para a juventude. Agradeceu a formação que teve na Igreja Católica. “As estatísticas são tristes. O número de homicídios é alto”. Esclareceu que a PM não quer ser repressiva, mas quer ser participativa do processo. “Elaboramos diversos projetos sociais”. Acrescentou a necessidade da participação dos poderes Executivo e Legislativo e, principalmente, da família, citando os textos bíblicos de Provérbios 22.5 e Efésios 6.1-2. “ Não podemos perder a sensibilidade. Como cristão devemos participar do processo, inserirmos nesse projeto para termos uma comunidade mais justa e digna de viver. Somos responsáveis. Devemos procurar fazer a nossa parte para um mundo melhor. A companhia rural está à disposição de todos”. Finalizou dizendo que a “a paz é um dom de Deus”.
[caption id="attachment_13635" align="alignright" width="300"]A presidente do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente (Comdica), Cássia Eugênia, parabenizou a Câmara pela atitude de pautar a discussão sobre os direitos da criança e do adolescente. Ela explicou que o Conselho é um órgão fiscalizador e deliberativo das políticas voltadas para crianças, adolescentes e juventude e que é responsável também por construir planos de enfrentamento da violência.
[caption id="attachment_13636" align="alignleft" width="300"]O Pároco da Paróquia Nossa Senhora das Graças em Vitória da Conquista e Diretor Espiritual do Seminário Arquidiocesano, Padre Gerson Bittencourt, disse que os padres conhecem muito a alegria de um nascimento, de um batizado, de um casamento, quando o jovem fala do primeiro emprego, a formatura, “mas conhecemos a dor e as lágrimas das pessoas que sofrem violência, o velório, o luto, o sofrimento, principalmente quando é de um jovem assassinado”. Afirmou que a presença é de uma igreja samaritana, preocupada com os feridos na estrada da vida. “Agradecemos a casa, a mesa, e precisamos estar mais unidos, mentes e corações, para que nossas mãos sejam instrumentos de paz”.