10/03/2016 21:59:11
A Câmara Municipal de Vitória da Conquista (CMVC) realizou na noite dessa quinta-feira (10) uma Audiência Pública para discutir a Criação do Centro de Estudos em Kierkegaard do Nordeste, um espaço de discussão permanente em torno da produção kierkegaardiana no Nordeste do Brasil. A iniciativa foi do vereador Gilzete Moreira (PSB), através do requerimento nº 21/2016. Durante o evento, estiveram presente o professor Jorge Miranda de Almeida, Presidente do Centro de Estudos Kierkegaard; a Psicóloga e vice-presidente do centro, Maria Ferreira de Oliveira; os filósofos José Marcos Meneses e Fabrício Santana Lacerda; Ricardo Marques, diretor da Faculdade Maurício de Nassau.
[caption id="attachment_10152" align="alignright" width="300"] Gilzete Moreira[/caption]O presidente da casa, Gilzete Moreira, abriu a sessão falando da importância da discussão em torno do tema, lembrando que esse encontro aborda a importância da construção do centro que servirá para dá “continuidade à divulgação nacional e internacional como acontece atualmente; incentivar a divulgação da cidade como polo de desenvolvimento na área de educação, de cultura e de promoção de eventos acadêmicos de relevância nacional e internacional; preparar material didático que seja oferecido e utilizado em salas de aula do Ensino Médio do Município de Vitória da Conquista e do seu entorno”.
[caption id="attachment_10153" align="alignleft" width="300"] Jorge Miranda de Almeida[/caption]O Professor Presidente do Centro de Estudos de Kierkegaard, Jorge Miranda de Almeida, iniciou seu pronunciamento agradecendo a presença de todos. Explicou que Kierkegaard se dirige a pessoa singular na multidão. “Único vale mais que a massa. Kierkegaard escreve para a pessoa singular em situação singular”. Professor Jorge destacou que se trata de um pensador plural, ou seja, se desdobra em vários pensadores, trabalhando com várias temáticas. Desenvolveu 13 personagens, pseudônimos, dentro de um só, abordando temáticas da psicologia, psicanálise e psiquiatria; literatura, teatro e cinema; ética, educação; música e dança. No bicentenário da morte do pensador, em 2013, “trouxemos a 13ª jornada de estudos em Kierkegaard para Conquista. Tivemos mais de 200 inscritos, representantes de 13 estados brasileiros e quatro convidados internacionais”. Ressaltou que não há em nenhuma universidade brasileira em Centro de Estudos de Kierkegaard. “Somos filiados ao centro de Copenhague, a Sociedade Italiana e ao Centro de Estudos de Pesquisa da Sorbonne”. Acrescentou que Vitória da Conquista seria a referência nacional. “Acredito ser o argumento suficiente. Todas as pesquisas e encontros serão aqui no município”. Finalizou que todo o grupo de estudos de Kierkegaard que está vinculado a Universidade Estadual do Sudoeste na Bahia (UESB) é o idealizador do Centro e que tem o desejo de ser parceiro do município, mas não conivente a grupo religioso ou política partidária.
[caption id="attachment_10155" align="alignright" width="300"] Ricardo Marques[/caption]O diretor da Faculdade Maurício de Nassau, Ricardo Marques, elogiou a Câmara pela iniciativa. Para ele, a instituição se destaca ao promover uma audiência pública com a temática da filosofia e ainda propor a extensão do debate – o presidente da CMVC, Gilzete Moreira, levantou a possibilidade de realizar uma sessão mista com a mesma temática. O educador ressaltou a importância de estabelecer espaços para discutir filosofia e arte, papel que o Centro de Estudos Kierkegaard deve cumprir. Ele sublinhou que o centro beneficiará não só a comunidade acadêmica, mas toda a população. Segundo Marques, a Maurício de Nassau tem todo o interesse em participar do projeto, que considera um marco para os estudos avançados de filosofia.
[caption id="attachment_10156" align="alignleft" width="300"] José Marcos Menezes[/caption]José Marcos Menezes explicou a importância do conhecimento da universidade para a comunidade. Lembrou que após encontro na Uesb percebeu o quanto poderia ser útil. “O PIBID nos mostrou que a comunidade esta carente do conhecimento que esta dentro da universidade”. Lembrou ainda que com Centro de estudos “podemos perceber que a filosofia nos convida a algo mais para exercer nosso papel ético e isso é possível sim”, finalizou.
[caption id="attachment_10157" align="alignright" width="300"] Fabrício Santana Lacerda[/caption]O filósofo Fabrício Santana Lacerda agradeceu a oportunidade. Disse que o slogan do centro tem uma árvore símbolo da Dinamarca, e uma cerca que simboliza o nordeste, o ambiente rural. Explicou que o município vai participar das atividades culturais , acadêmicas, visando como objetivos a promoção do município no seu aniversário; o encontros dos pensadores, proporcionando uma maior visibilidade do município. “As pessoas interagem mais para os estudos. Isso traz movimento para a cidade, cultura, literatura e educação de forma geral”. Afirmou que o Centro terá um comprometimento com a educação básica. base de todo o ensino. “A dinâmica que o autor propõe não tem barreiras. Percebemos que é muito viável inclusive economicamente a participação da comunidade nesse centro. Divulgue, conheça e participe”. Acrescentou que “trazer os órgãos públicos para mais perto da população também é objetivo do Centro”. Haverá a edição de um livro a cada dois anos e a realização de documentários. Apresentou que o custo anual do projeto será de R$ 66.500,00. “Queremos uma educação de qualidade e não de quantidade”.
[caption id="attachment_10158" align="alignleft" width="300"] Maria Consolata Ferreira de Oliveira[/caption]A psicóloga Maria Consolata Ferreira de Oliveira explicou que Kierkegaard, em sua obra, tratou da existência, para ele era dom. Segundo Consolata, não se trata de uma leitura fácil, requer compromisso e disciplina. O dom da existência impõe ao indivíduo o desafio de edificá-la. A psicóloga provocou: “Nós temos conseguido edificar nossa existência?”. Para ela, os escritos do filósofo são contemporâneos e estão conectados com o contexto brasileiro que exige uma reflexão e posicionamento individual. Maria sublinhou que Kierkegaard provoca e chama a um testemunho ético que implica em olharmos para nós mesmos e perguntarmos: “O que temos feito de nossa existência?”. Sobre a criação do centro, a psicóloga acredita que ele contribuirá para o rompimento das barreiras da academia, proporcionando a partilha do conhecimento.