08/12/2015 22:00:00
A Câmara Municipal de Vitória da Conquista (CMVC) realizou na noite dessa terça-feira (08) uma Audiência Pública em comemoração ao Dia Nacional da Família. A sessão foi proposta pelo vereador Adinilson Pereira (PSB) e contou com a participação do coordenador da Pastoral da Família, Edson de Souza de Almeida; Elisângela Marinho dos Santos, Assistente Social do Lar Santa Catarina de Sena; Pastor Davi Oliveira Boa Sorte, presidente da Assembleia de Deus e Psicólogo; Monsenhor Wilton; A juíza da comarca de Barra do Choça, Lázara Abadia; do vice-prefeito de Vitória da Conquista, Joás Meira Cardoso e do Presidente da CMVC, Gilzete Moreira (PSB).
O proponente da sessão, o vereador Adinilson Pereira, explicou que a o dia 8 de dezembro foi instituído como Dia Nacional da Família pelo decreto de Lei 52.748 de 1963: “E hoje nós estamos aqui reunidos não só para comemorar, mas também para debater sobre os desafios da família nos dias atuais”. Ele relatou que os desafios são, principalmente, a falta de políticas públicas, sedução das drogas que tem trazido destruição aos lares e a violência doméstica. Adinilson lembrou que “não podemos esquecer também sobre a má influência que a mídia e as redes sociais tem provocado no seio da família, causando um afastamento no convívio de seus membros”. Falou que a sociedade pós-moderna tem enfrentado mudanças múltiplas e desestruturantes: “A crise entre os papéis no contexto familiar tem levado os membros da família ao caos” e afirmou que “estamos aqui hoje convidando essas pessoas ilustres para trazer a discussão desse tema tão importante que é a Família”.
A assistente social do Lar Santa Catarina de Sena, Elisângela Marinho, lembrou a fala do Papa João Paulo II em que ele defendeu a família enquanto uma santuário de vida, onde a vida humano surge. Segundo ela, “é missão sagrada da família comunicar ao mundo o amor e a vida”. Ela apontou também a visão do Concílio Vaticano II que encara a família como “a Igreja Doméstica”.
Elisângela apontou que “muitas vezes é a mãe solteira que tem que demonstrar para seus filhos que ali é uma família. Às vezes a mãe é ausente e as crianças são criadas por avós, por tios, por uma irmã mais velha e essas pessoas também precisam se sentir família e em nosso trabalho a gente tentar mostrar pra essas pessoas que elas também são família”.“A família não é uma instituição falida. Ela existe, é dom de Deus e permanece, mesmo que enfrentando muitos desafios”, disse a assistente social. Ela apontou ainda que os problemas da família são todos originados no coração do ser humano. “Hoje nós vivemos um tempo de individualismo muito grande e ele se manifesta como em nenhuma época da história. A família não deve nem pode ser um nicho isolado do mundo”, disse ela. “Seus membros necessitam, antes de tudo, vivenciar a solidariedade mútua e juntos abrirem-se à solidariedade aos que estão de fora, à margem”, apontou Elisângela.
O Coordenador da Pastoral da Família, Edson de Souza de Almeida, informou que tem desenvolvido o trabalho em 07 das 10 Paróquias da Diocese. Afirmou que trabalha com a família como instituição divina. “É o pilar que sustenta a sociedade. Precisamos trabalhar para a família estar no seu patamar”. Ao trabalhar em Paróquias que estão na periferia, verifica que a questão das drogas é uma realidade. “Também trabalhamos com essas famílias em casos especiais; quantas famílias cujos pais deixam a família para ganhar o seu sustento em outras cidades e estados. A pastoral tem estado perto dessas famílias”. Edson disse que o projeto para os próximos 03 anos é criar um S.O.S. da família. “Vemos o testemunho de outras Dioceses no Brasil e estamos aprendendo nas assembleias e encontros. Sonhamos, planejamos e queremos. Vamos precisar de assistente social, advogados, médicos, psicólogos e casais que precisam ouvir outros casais”. Declarou que a família é formadora da personalidade, e quando executa esse trabalho com carinho e zelo, ela prospera. Vamos juntos fazer com que a família seja um bom exemplo de vida”.
A Drª. Lázara Abadia Oliveira Figueira, juíza da Comarca de Barra do Choça e professora de Direito da Família na Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (Uesb), trouxe uma fala, segundo ela, técnica em relação a família. A juíza afirmou que apesar de a família ser uma instituição milenar, ela não está isolada das transformações do mundo e a sociedade está hoje diante de uma família pós-moderna. “Nós não estamos diante de uma família melhor ou pior. Nós estamos diante de uma família. A família que nós temos hoje, construída por esta sociedade que atravessa os tempos”, disse. Ela explicou que não se trata de uma família pós-moderna, mas de muitas famílias.
Lázara lembrou que o ordenamento jurídico do país se baseia na dignidade humana o que, segundo a magistrada, é suficiente para o reconhecimento e respeito a novas formas de famílias. Para ela, um dado positivo é que “o afeto tem permeado essas relações”. Nessa perspectiva, a juíza falou de formas plurais de família que trazem inovações. “Nós temos um foco hoje diferente no seio da família. A nossa família hoje é: um por todos e todos por um. Esta é a ideia”, falou. Trata-se de uma família que pensa por ela, busca sua felicidade, alegria e realização dos seus membros. Essas novas composições vem sendo assimiladas pelas instituições e muitas já tratam dos direitos das famílias e não mais do direito de família.
Monsenhor Wilton Pereira, vigário geral da arquidiocese de Vitória da Conquista, iniciou sua fala lembrando do Papa João Paulo II “que chamava família de Santuário da vida e sabemos que Santuário é um lugar sagrado”. Lembrou que por esse motivo, a família deve ser cultivada e protegida: “Família é a igreja doméstica”, completou. Ele relatou ainda, que onde Deus existe é um lugar amado e que não se deixar de afirmar que “Jesus habita com a família cristã. O senhor esta no meio da família”. Por fim, ele clamou que não se perca os valores éticos, religiosos e tantos outros. “A família é a base da sociedade, não tenho nenhuma dúvida”, concluiu.
O psicólogo e pastor presidente das Assembleia de Deus em Vitória da Conquista, Davi Oliveira Boa Sorte, parabenizou a CMVC por promover uma audiência em defesa da família. “A família não vai bem. Nós que trabalhamos com família sabemos que a família pós-moderna atravessa momentos difíceis”, disse ele. Baseando-se no que chamou de “argumentos teológicos”, o pastor defendeu que a família é de grande importância: “Tão importante que foi criada antes da Igreja, do Estado e da Nação. A família é uma instituição divina”, argumentou o pastor Davi Boa Sorte. Ele apontou ainda que o sucesso da sociedade depende da força da família. “Famílias fortes, sociedade forte. Famílias fracas, sociedade em decadência. Investir na família é investir na nação”, disse o pastor.
Representando o Executivo Municipal, o vice-prefeito, pastor e médico, Joás Meira, parabenizou a CMVC pela iniciativa. “Noite histórica que consegue reunir o poder Executivo, Legislativo, o Judiciário e entidades religiosas para discutirmos e falarmos desse assunto”. Joás destacou ações do governo municipal em favor da família como o Centro de Referência de Assistência Social (CRAS), Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS) e Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) espalhados pela cidade e zona rural. “São centros de referência com assistentes sociais, psicólogos e advogados para tratar de abusos e conflitos familiares”. Ele explicou que “o município entende e tem consciência que sozinho não pode dar conta das demandas. Por isso reconhece e conta com o apoio das várias instituições religiosas para que todos possam construir uma família melhor”. Citou as palavras do Apóstolo Paulo sobre a família em sua carta aos Efésios. “O marido deve amar a esposa como Cristo amou a igreja. Amor sacrificial e a mulher submissa a esse amor ao marido. Filhos obedientes e honrando aos pais e pais não irritando aos filhos”. Joás lembrou que as pessoas estudam para tudo, menos como conviver em família. Alertou que “querem derrubar os fundamentos da família. Cabe aos cristãos e aos não cristãos que lutam pela família, reconstruir os fundamentos da família e voltar aos fundamentos da palavra de Deus”.
O presidente da Câmara, o vereador Gilzete Moreira (PSB) relatou sua experiência num curso para casais. Segundo ele, foi a partir de então que percebeu a importância do casal orar juntos. Para Gilzete, faltam coisas fundamentais nos lares, mas a oração é o grande diferencial. “Isso mudou a realidade do meu casamento. Eu tenho sempre dito aos homens que a oração do lar não é iniciativa da mulher, é iniciativa do homem”, falou. Ele afirmou que ao mudar sua postura as coisas melhoraram. Segundo o parlamentar, a Bíblia relata que o momento de maior intimidade com Deus é quando o casal está orando. Para ele, essa postura também é positiva pois estimula os filhos a seguirem o exemplo dos pais. O vereador ainda convidou a população para a audiência pública em comemoração ao Dia Nacional da Bíblia que acontece na próxima segunda-feira (14), a partir das 19h no plenário da Câmara.