02/04/2014 13:30:00
Em Sessão Especial na Câmara Municipal nesta quarta-feira (2) os vereadores parabenizaram a iniciativa de debater os 50 anos do golpe que implantou uma ditadura militar no Brasil. A sessão foi proposta pelos vereadores Ademir Abreu (PT) e Florisvaldo Bittencourt (PT).
Líder da Bancada de Oposição, o vereador Arlindo Rebouças (PROS) abriu seu pronunciamento dizendo que o bem mais precioso é a liberdade, sem a qual nada vale a pena. Em seguida, lamentou a ausência do ex-prefeito José Pedral Sampaio, de Elquisson Soares, Raul Ferraz, Ubirajara Brito, Rui Medeiros e Badu, conquistenses que vivenciaram a ditadura militar. “Apesar do peso dessa mesa, ela ficou pobre com essas ausências, essa sessão não era para tratar do exemplo de terceiros e sim dos nossos exemplos, história verdadeira e real, história viva”, disse.
Segundo Rebouças, a independência do Brasil ocorreu sem um único tiro, o golpe militar da mesma forma, porque o país tinha um governo fraco e corrupto. “Temos que combater a corrupção a todo dia e todo momento, para promover um incêndio é preciso combustível, fagulha e oxigênio, e foi o quer aconteceu. Porém, não podemos deixar as pessoas se esquecerem desse momento trágico que manchou a nossa história, temos que identificar os torturadores, mas é importante não nos esquecermos dos atuais torturadores, àqueles que torturam a população nas filas dos hospitais, sem médico, sem remédios, essa é a ditadura da pior espécie, seja de direita ou de esquerda, toda ditadura é tortura, não podemos admitir um governo democrático onde quem manda é Renan Calheiros, José Genoíno, José Dirceu, que desviam o dinheiro da educação, da segurança, da saúde, essa é a fagulha para que os oportunistas deem o golpe”, afirmou.Em nome da Bancada da Situação, o vereador Anderson Ribeiro (PCdoB) destacou a importância da sessão especial e a relevância do tema, que, na sua visão, poderia adentrar a noite, dada à necessidade de uma reflexão mais aprofundada sobre o período ditatorial. “Senti-me bastante contemplado com as falas dos historiadores José Dias e Belarmino, a ditadura foi um momento de treva em nosso país, momento em que todos os direitos e liberdades foram ceceados, perdemos o direito às mínimas coisas, como a liberdade de expressão e outras tantas que servem não apenas para refletirmos, como também para buscarmos um estado mais igualitário, mais fraterno e mais democrático, que o poder realmente emane do povo”, salientou, lamentando a ausência de alguns políticos na mesa, como Pedral Sampaio e Rui Medeiros.
O vereador aproveitou para informar aos representantes do Movimento Levante Popular da Juventude que a Câmara Municipal não está contra o projeto que proíbe dar nomes de ex-torturadores a logradouros públicos, de autoria do vereador Florisvaldo Bittencourt (PT), apenas não entrou em pauta na sessão desta quarta-feira. “O projeto vai ser votado e aprovado por unanimidade, porque todos os vereadores dessa Casa reconhecem a importância desse documento”, finalizou.O vereador Álvaro Pithon (DEM) classificou como falta de respeito o que houve no período da ditadura militar, com prisões e mortes não-justificadas pelo regime, que exilou vários intelectuais e artistas. Falou ainda sobre o AI5, definido como o momento mais duro do regime, que cassou mandatos políticos como o do ex-presidente Juscelino Kubitschek. Parabenizou a iniciativa dos vereadores Ademir Abreu e Florisvaldo Bittencourt, mas lamentou a falta do "homem conquistense que foi humilhado pela ditadura" – Pedral Sampaio.
A vereadora Lúcia Rocha (DEM) relembrou a prisão do seu pai e de seu tio há 12 anos, relatando emocionada o fato do sumiço, inclusive de ameaça feita a ela na época, quando diariamente procurava notícias do seu pai. Lamentou o fato dos envolvidos no episódio não terem punição até hoje e apoiou o trabalho da Comissão da Verdade para que casos como o da sua família tenham justiça. “Infelizmente tem 20 anos que faço uso da tribuna cobrando justiça, mas nada acontece porque ele (mandante da prisão de seu pai e seu tio) tem costas largas. Em 1992 ele foi eleito junto comigo para vereança e com o tempo ele foi envolvido em casos de desmanche de carros, mas hoje continua advogando em Salvador e nada acontece. A justiça e a política deixam a desejar. Clamamos por justiça”, disse a parlamentar.
Por Camilla Aguiar e Bia Oliveira / ASCOMCV