19/02/2014 11:00:00
Na sessão mista desta quarta-feira (19) a Câmara de Vereadores debateu a pauta de reivindicações apresentada pelo Sindicato do Magistério Municipal de Vitória da Conquista na Campanha Salarial de 2014.
O vereador Arlindo Rebouças (PROS) disse que uma questão prioritária na luta dos professores deve ser a equiparação às aposentadorias especiais que não entram no fator previdenciário. “Não adianta brigar por melhores salários e na hora de aposentar perder a metade”, disse. O parlamentar informou que à tarde (19) vai participar de uma audiência no Ministério Público, às 14h30 para debater a permanência da escola Lions Clube, com a presença de representantes da Smed, Direc, pais de alunos, alunos e professores da unidade escolar.
O Líder da Oposição destacou que a revolução necessária nas escolas passa por uma reformulação da relação dos agentes envolvidos – pais e professores; ter mais segurança e salário digno. O vereador ressaltou ainda que é preciso avaliar a qualidade do ensino público municipal anualmente, pois acredita que o professor de uma sala multiseriada não pode alfabetizar um aluno com qualidade. “Tudo começa na alfabetização”, afirmou. Falou também que a revolução precisa ser feita para que Vitória da Conquista seja destaque não pela vergonha, mas pela excelência. “As reformas são uma vergonha, pois não tem acompanhamento”, ressaltou e afirmou que vai apurar as denuncia de que tem professores recebendo mais de 60 horas e o pagamento de poços artesianos que não tem água. Ao final do seu discurso questionou sobre as camisas inteligentes e afirmou que “quem não luta não chega a lugar nenhum”.O vereador Júlio Honorato (PT) enfatizou a importância do debate e da mobilização dos professores para reivindicar junto ao Poder Público, políticas públicas educacionais que contemplem a categoria e a população de um modo geral, pois o país tem um déficit educacional grande e esse quadro só será modificado com a organização dos docentes para garantir seus direitos fundamentais. Disse que a Câmara Municipal está atenta a essas necessidades e aberta ao diálogo, de forma a contribuir para que o avanço nas discussões e nas conquistas junto ao Poder Público Municipal.
O vereador Edjaime Rosa/Bibia (PSDB) relembrou um vídeo feito pelo seu mandato que mostrava a situação das escolas no final de 2013 e disse que com a volta das aulas nada foi feito e nenhuma resposta foi dada pela Secretaria de Educação. Disse ainda que na sala de aula nascem todas as profissões, daí a importância de valorizar a categoria. “Temos 17 anos de governo do PT que nada faz, as lutas são as mesmas e a categoria não é respeitada”, disse. O parlamentar destacou também que na zona rural as reformas das unidades escolares não foram bem feitas e citou escolas que não oferecem nenhuma estrutura para receber o alunado, e ressaltou que enquanto for vereador vai lutar por uma educação de qualidade.
O vereador Coriolano Morais Neto (PT) destacou que a educação é um desafio permanente, porque se supera desafio e novos desafios se postam, tendo o gestor de se debruçar sobre cada um deles para resolvê-los. Mas, conforme, o vereador é preciso reconhecer o que foi feito e enxergar os novos desafios, como a melhoria na qualidade do ensino para que ela avance a cada tempo. Disse que o município de Vitória da Conquista superou o desafio de colocar 10 mil crianças na escola, e hoje já se discute a necessidade de ampliar a reforma das escolas. “Das 213 unidades de ensino, mais de 163 já foram reformadas, escolas que não tinham sala de professores, sala de leitura e sala de informática, serviços que aos poucos vão sendo agregados para qualificar cada vez mais o ensino”.
Ainda, conforme o vereador, a educação sempre foi pauta de discussão na Câmara Municipal, e informou que, em 2013, a Casa aprovou a Lei Municipal que cria o Sistema Municipal de Ensino, para regulamentar e criar o sistema que vai possibilitar, de forma organizada, a criação dos conselhos municipais ou colegiados escolares. Sobre os poços tubulares questionados pelo vereador Arlindo Rebouças, disse que a Prefeitura firmou um contrato de risco com as empresas, e que na localidade onde não der água, não se paga, mas em alguns locais houve volume de água em excesso, provocando a derrubada do poço, e nesse caso tem de se reavaliado o contrato, pois não é culpa da empresa que executou o serviço.
Com relação ao cumprimento à Lei do Piso, Coriolano Morais disse que houve muitos avanços, inclusive no que diz respeito à melhoria na questão salarial, mas reconhece que os salários dos professores brasileiros ainda precisam avançar muito e que essa deveria ser a categoria mais valorizada do ponto de vista profissional, porque todos os profissionais para terem seus diplomas precisam passar pelo educador, “é assim que a gente deve entender política pública”.
Para o vereador, um dos desafios que deve ser incorporado à pauta é o debate sobre o INSS. Ele explica que, proporcionalmente, o INSS não debita 100% da carga horária do trabalho, e quando o professor se afasta ou se aposenta há um decréscimo no salário. “Nosso desafio é fazer esse debate para garantir uma aposentadoria digna aos profissionais da educação e discutir, junto com os sindicatos do magistério em nível municipal, estadual e federal, que a lei antiga do magistério, que era de 25 anos, possa ser respeitada, hoje o educador completa 35 anos de trabalho sem conseguir aposentar com carga financeira de 100%”.
Com relação aos incentivos, Coriolano Morais enfatizou que o prefeito Guilherme Menezes tinha como prioridade o cumprimento da Lei do Piso, inclusive quando a lei exigia a obrigatoriedade de começar a pagar a partir de 2010, mas esclareceu que quando os recursos são transferidos para o município segue a tabela valor/aluno, para administrar salário, merenda, transporte, manutenção, reforma, construção, mobiliário, formação continuada, entre outros. “Estamos concluindo um estudo e convocaremos a categoria para nos ajudar na criação de um fator de ponderação com base na formação e no tempo de serviço, a fim de que se possa melhorar os repasses financeiros da educação”.O vereador Álvaro Pithon (DEM) falou sobre um ponto levantado pelo colega vereador Professor Cori (PT) de valorização da classe pela prefeitura e discordou da afirmação, destacando que há 20 anos os professores tinham orgulho em dizer que fazia parte da rede municipal de ensino e que eram melhor remunerados, uma realidade que, segundo o democrata, não condiz com a atual situação da categoria. “Que sigamos o exemplo de ACM Neto, que deu um grande impulso à categoria na capital”, afirmou, salientando que não ter creche na zona rural é um desrespeito com aquela população, onde alguns distritos são maiores que muitos municípios e precisam deste recurso.
Por Camilla Aguiar e Bia Oliveira