10/10/2013 19:00:00
Na tarde desta quinta-feira, 10, a Câmara de Vereadores de Vitória da Conquista realizou audiência pública para discutir a mandiocultura na região. Durante as discussões foram tratados problemas causados pela estiagem, falta de assistência técnica, correção de solo, entre outros, que prejudicam os pequenos agricultores. A audiência foi uma iniciativa do vereador Julio Honorato (PT).
Segundo o parlamentar, a audiência tem grande relevância, pois é uma oportunidade para discutir um problema que vários agricultores da região têm enfrentado. “Os produtores têm passado muitas dificuldades com a produção da mandioca, que já foi um dos maiores vetores da agricultura familiar e hoje enfrenta uma grande crise devido à estiagem que a região tem passado, e outros problemas. Queremos que a mandiocultura continue sendo um importante vetor econômico”.
A representante da Associação de Pequenos Agricultores de Campo Formoso, Elza Salgado, elogiou a audiência e disse que discutir e buscar alternativas para os problemas enfrentados pelos produtores de mandioca é uma excelente iniciativa. “É um problema que faz a zona rural e os pequenos agricultores sofrerem. Com a diminuição de raízes de mandioca a gente sofre porque a nossa renda diminui, a força da mão de obra diminui”, disse, destacando que a queda na produção tem provocado também o aumento do êxodo rural. “Queremos permanecer na terra, mas queremos ter uma segurança, um apoio desta Casa e do Poder Público”. Elza Salgado ainda pediu que os governos olhem para a zona rural independente do crescimento da zona urbana.
O presidente da Sindicato dos Trabalhadores Rurais\STR, Nailton Vieira, pontuou algumas necessidades dos agricultores que investem na mandiocultura, como a melhoria na assistência técnica e na qualidade das sementes para sanar os problemas causados pela falta de chuva. Nailton Vieira indicou também a importância de o Governo Municipal oferecer assistência técnica com instruções para o preparo do solo e para a qualidade do plantio. O presidente ainda destacou a importância da mandioca para o povo brasileiro. “Não tem uma refeição que não tenha um derivado da mandioca na mesa”.
O presidente da Cooperativa Mista Agropecuária dos Pequenos Agricultores do Sudoeste da Bahia/COOPASUB, Izaltiene Rodrigues, falou que os problemas dos agricultores devem ser atendidos pelo Poder Público, pois produzem algo muito importante para todos, a mandioca. Além disso, o presidente da COOPASUB ressaltou que os produtores devem pensar em alternativas para as épocas fora da colheita. “Sabemos que esse problema depende muito de planejamento: planejamento de agricultores e de governo, e de assistência técnica”.
O representante da Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola/EBDA, Roberto Andrade Costa, parabenizou a iniciativa da audiência e falou que o costume de produzir para vender barato deve acabar, para valorizar a produção agrícola. “Tem que parar de produzir para vender barato, e assim alcançar melhores oportunidades de venda, de preço”. Destacou ainda o Projeto de Melhoramento de Manivas, que consiste em aplicar no campo, técnicas que melhoram a qualidade da produção da mandioca.
O representante do Sebrae, Lívio Muniz, falou que os pequenos produtores devem incorporar as novas tecnologias ao plantio, pois se as roças não forem trabalhadas de forma correta ainda ocorrerão prejuízos. Lívio Muniz ainda disse que o Sebrae está aberto para o desenvolvimento da atividade. “A ideia é disseminar tecnologias importantes para o desenvolvimento da atividade. Também estaremos nas próximas semanas levando informações para o Congresso Nacional de Mandiocultura, que vai acontecer em Salvador”.
A representante da UNICAPS, Regina Dantas, foi enfática ao dizer que todos devem encontrar a solução para os problemas dos agricultores. “Esse debate tem solução e vamos atrás. Esta Casa também está de parabéns por tratar sobre esse tema”, disse, ressaltando que o processo de valorização do campo deve ser iniciado, bem como da farinha, para que se torne um produto nobre.
O representante da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, professor Anselmo Viana, disse que a crise da mandioca não é uma novidade, porque a seca tem sido presença constante na região. “Se já falamos disso há muito tempo e ainda continuamos falando, algo está errado. Ou nada foi feito, ou o que foi feito deu errado. A expectativa é que aqui a gente possa encontrar uma maneira de melhorar a vida do agricultor”.
O secretário Municipal de Agricultura, Odir Freire, afirmou que os agricultores estão vivendo tempo de terras cansadas e falta de chuva, e que é necessário aliar essa situação à técnica, lembrando que é preciso que os agricultores incorporem às suas produções as instruções dos técnicos da secretaria de Agricultura. Ainda em sua fala o secretário destacou a preocupação do Governo Municipal com a zona rural e disse que o corpo técnico da secretaria está à disposição dos agricultores para orientá-los. Odir Freire também comentou sobre um projeto que está sendo discutido pela Administração Municipal, a Unidade Experimental de maniva e palma, que vai fornecer material de qualidade e assistência técnica aos produtores. “É um processo demorado e cuidadoso para que a gente possa dar suporte aos agricultores”.