29/08/2013 11:45:00
Na manhã desta quinta-feira (29), a Câmara de Vereadores de Vitória da Conquista realizou audiência pública para discutir o aproveitamento da água da nova Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) de Vitória da Conquista.
Durante a audiência, que foi uma iniciativa do Bloco Parlamentar, composto pelos vereadores Joaquim Libarino (PCdoB), Nelson de Vivi (PCdoB), Andreson Ribeiro (PCdoB), Hermínio Oliveira (PDT) e Sidney Oliveira (PRB), foram discutidas formas de uso adequado do grande volume de água tratada que será obtido após o tratamento do esgoto.
Para o vereador Andreson Ribeiro (PCdoB), que representou o Bloco Parlamentar, é fundamental a discussão sobre o assunto, uma vez que o Legislativo deve representar e garantir que os direitos da população sejam assegurados. “Realizamos essa audiência para debater sobre algo de suma importância neste momento para o município. Essa obra vem em boa hora, porque irá resolver o problema de esgotamento sanitário, que é algo que implica diretamente na saúde das pessoas, e é uma das obras mais modernas de todo o mundo, além de ter grande capacidade”.
Segundo o parlamentar, a capacidade e a vazão expressiva da ETE terá como resultado grande quantidade de água tratada, e o aproveitamento dessa água é a principal discussão. “Essa audiência quer debater sobre o aproveitamento dessa água, principalmente em benefício dos pequenos agricultores”.
O professor e geógrafo, Adão Albuquerque, fez um panorama sobre a situação dos reservatórios de água propícia para o consumo no planeta, além da disparidade entre o ritmo de crescimento populacional e a água disponível para consumo. “Água é um elemento vital. Uma vez perdida pela poluição, não pode mais voltar para natureza”, afirmou, ressaltando que uma sociedade ambientalmente correta evita o desperdício e reaproveita.
A engenheira da Embasa, Kelly Galvão, explicou que a ETE utiliza um processo diferenciado, que possibilita um tratamento de água mais eficaz. “Após o tratamento temos também uma desinfecção. Já estamos irrigando a área verde interna da ETE com o esgoto tratado e outra parte está sendo jogada no Rio Verruga. Sobre o reuso, ainda não há projeto, mas a possibilidade de utilizar para irrigação já está sendo discutida”. Segundo a engenheira, existe uma tendência grande do reuso para a agricultura, já que, durante a estiagem que ocorre no município, tanto os seres humanos precisam de água quanto os animais e as plantações. “Com certeza o governo já deve estar buscando colocar esse projeto em prática. Precisamos unir forças realizar isso”.
A secretária Municipal de Infraestrutura, Débora Cristiane Rocha, destacou a diferença e evolução do pensamento sobre a relação com os bens naturais. Salientou ainda que, cada pessoa envolvida no processo social devem ter como meta a realização destas políticas públicas de conservação dos recursos naturais.
Falou também sobre os recursos provenientes do Programa de Aceleração do Crescimento/ PAC utilizados para execução da obra da ETE pela Embasa, promovendo um tratamento mais eficaz da água utilizada na cidade, e desta forma possibilitar a redução de doença, maior qualidade de vida à população.
A secretária destacou também a importância da ETE para promoção do reuso da água para atividades agrícolas, excluída a lavoura de hortaliças, que deve ser feita com água tratada. Salientou o trabalho da prefeitura para viabilizar a construção da Barragem do Rio Pardo, instrumento importante para o equilíbrio da oferta e demanda de água na cidade, além de construir na área conhecida com “pinicão”, prevendo no local um espaço de lazer e cultura para cidade.
O agrônomo Ariosvaldo Souza parabenizou a Câmara pela iniciativa da audiência, e elogiou a participação de jovens no evento, salientando que a juventude deve estar sempre presente em discussões similares. Em sua fala o agrônomo contou que faz parte do Assentamento Amaralina desde 1987, e afirmou que a comunidade foi uma das que mais sofreram com o efeito negativo do Pinicão. “Estávamos muito próximos e sofríamos consequências terríveis, de às vezes ter que sair de lá por não suportar o mau-cheiro. O assentamento conta com 134 lotes e precisa ser o principal beneficiado com o reuso, já que fomos por muito tempo os principais prejudicados. A participação nesse processo é fundamental para o desenvolvimento do assentamento”, disse.
Para ele, o momento é oportuno para a região ter água de qualidade, para beneficiar as 334 famílias que lá residem. Ariosvaldo Souza também comentou que já foi feito um projeto para avaliar a quantidade de água necessária para beneficiar o assentamento, e afirmou que não será preciso mais do que 10% do total da água, o que pode beneficiar outras comunidades. “Quem está no semiárido não tem condição de produzir tranquilamente sem água”.
Lauro Fábio Cardoso, proprietário de uma gleba no entorno da ETE, vê na estação de tratamento uma possibilidade inteligente de baixo custo para utilização da água, em função do benefício social. Disse que a UESB poderia ser parceira para estudar e auxiliar as comunidades do entorno da ETE para ter conhecimento das culturas viáveis com a água reaproveitada e tratada.