01/12/2010 10:00:00
A Câmara Municipal realizou, nesta quarta-feira (1º), sessão especial para marcar a celebração do Dia Mundial de Combate a AIDS em Vitória da Conquista. A sessão foi uma iniciativa do mandato do vereador Beto Gonçalves (PV), líder da bancada de situação, que destacou a importância do debate sobre o tema, com o objetivo de discutir as políticas públicas municipais de prevenção da doença.
Transformar o 1º de dezembro em Dia Mundial de Luta Contra a AIDS foi uma decisão da Assembleia Mundial de Saúde, em outubro de 1987, com apoio da Organização das Nações Unidas (ONU). A data serve para reforçar a solidariedade, a tolerância, a compaixão e a compreensão com as pessoas infectadas pelo vírus HIV-AIDS. No Brasil, a data passou a ser adotada a partir de 1988.
O vereador Beto Gonçalves afirmou que a sessão é o “pagamento de uma dívida” com o Centro de Atenção e Apoio à Vida David Capistrano (CAAV), já que é muito importante a realização do debate entre vereadores e funcionários do Centro de Atenção. O parlamentar lamentou o fato de a AIDS ainda não ter cura e enfatizou a necessidade de ampliar as políticas públicas de assistência às pessoas que contraíram tal doença.
Gonçalves destacou o trabalho desenvolvido pelo CAAV, salientando que pesquisas têm sido realizadas no Centro, com o objetivo de avaliar os resultados obtidos. “Podemos perceber que o trabalho realizado pelo CAAV é de excelência, se destacando em nível nacional”, afirmou, ressaltando que o bom trabalho é fruto de uma atenção especial do Governo Municipal.
Para Jirlene Souza Oliveira, representante da Associação Renascer, ainda existem deficiências no funcionamento do CAAV, pois as reclamações feitas pelos usuários do sistema são constantes. Oliveira apontou falhas no atendimento no Centro, especialmente no atendimento pediátrico. “Enfrentamos muitas dificuldades. Nós, os soropositivos, passamos por situações difíceis no que diz respeito ao atendimento. Precisamos de apoio psicológico e da presença de uma assistente social”, disse.
Já Eliana Amorim de Souza, coordenadora do Centro de Atenção e Apoio à Vida, afirmou que a AIDS é uma epidemia grave, que tem feito milhões de vítimas em todo o mundo. Destacou que em Vitória da Conquista mais de 800 pessoas que têm AIDS são acompanhadas pelo CAAV. A coordenadora também afirmou que Conquista é o único município que faz exames de média complexidade para acompanhar e monitorar a saúde de pessoas portadoras do vírus HIV.
Lilia Embiruçu, médica infecto pediátrica do CAAV, afirmou que o número de pessoas que trabalham no Centro é insuficiente diante da demanda. A médica afirmou que atua sozinha na infectologia pediátrica e, por isso, alguns pacientes sofrem com a demora para conseguir atendimento. Destacou que Conquista tem uma alta transmissividade do HIV e sífilis de mãe para o filho. “É preciso uma decisão política para melhorar o serviço de atenção básica, reduzindo o índice de transmissão da doença”, disse, criticando a ausência de políticas públicas eficazes de combate à AIDS.
Embiruçu afirmou que é possível acabar com a transmissão vertical, porém destacou que se sente envergonhada diante da falta de atenção do poder público em destinar recursos para a saúde. “Precisamos de um CAAV melhor estruturado, com mais investimentos do poder público, garantindo assim qualidade de vida para crianças infectadas pelo vírus”, concluiu.
O médico Emanoel Pedreira de Carvalho, urologista do CAAV, destacou a alta incidência de HPV na população de Vitória da Conquista. O médico ressaltou que o trabalho do CAAV é desenvolvido com competência, apesar das deficiências no número de funcionários especializados. “O CAAV tem, sem dúvida, o melhor atendimento no serviço de saúde pública em Conquista”, declarou.