A Câmara Municipal realizou, nesta quarta-feira (18),  sessão mista para discutir estratégias de combate ao consumo do crack em Vitória da Conquista. A sessão foi uma iniciativa do mandato do vereador Gilzete Moreira (PSB) e teve por objetivo fomentar iniciativas para redução do consumo de crack no município.

O presidente da Casa, vereador Gildásio Silveira (PT), parabenizou o vereador Gilzete Moreira pela iniciativa em realizar a sessão e afirmou que a discussão do  tema é importante. Para o parlamentar, é preciso o empenho de todos para um combate efetivo do crack em Conquista.
O vereador Gilzete Moreira afirmou que "'muito se tem falado sobre o crack e os danos por ele causados aos seus usuários e familiares, mas pouco tem sido feito no combate ao uso da droga". O parlamentar comentou sobre os danos físicos e psicológicos decorrentes do uso do crack. Segundo dados apontados por Moreira, o Brasil tem mais de um milhão de pessoas dependentes do crack, sendo que a idade média dos usuários é 13 anos.
“O poder público deve buscar medidas não só para prevenir, mas elaborar estratégias eficazes de tratamento dos dependentes”, disse, enfatizando a importância da participação da sociedade na luta pela recuperação de pessoas que desenvolvem a dependência ao crack. Moreira sugeriu a criação de uma comissão especial para articular a criação do Conselho Municipal Sobre Drogas, e indicou o padre Edilberto Amorim como presidente da comissão.

A psicóloga Kueyla Bitencourt, que representou o Centro de Atenção Psicossocial (CAPS/AD) afirmou que o foco do trabalho do Centro é o tratamento do usuário de drogas. Ressaltou que a mídia contribui para a disseminação do uso do crack e apontou o alcoolismo como o grande problema no que diz respeito a dependência química. “O crack é uma consequência do nosso modo de vida”, disse.
Bitencourt destacou a importância do Programa Conquista Criança, que desenvolve um trabalho preventivo com crianças em situação de vulnerabilidade social. “Não dá para pensar políticas públicas de maneira desintegrada”, declarou, destacando a necessidade da criação do Conselho Municipal  Sobre Drogas. Para a psicóloga, os consultórios psicológicos e as comunidades terapêuticas são insuficientes no combate à dependência química.

Osmilto Ramalho, ex-usuário de crack que foi tratado no CREAME – Comunidade Terapêutica, contou como se envolveu no mundo das drogas, salientando a importância que a família teve no processo de recuperação. Destacou  seu engajamento na recuperação de pessoas internadas no CREAME para tratamento da dependência química e o novo sentido que sua vida tomou quando decidiu “entregar sua vida a Jesus Cristo”, se tornando evangélico.  “Sou fruto de um trabalho que me deu apoio e acreditou na minha recuperação”, disse.

Para o advogado Ernesto Dantas, que representou o projeto Na Varanda, a aplicação de medidas socioeducativa em crianças e adolescentes dependentes químicos que comentem algum tipo de infração à lei é importante no processo de reabilitação dos mesmos. Dantas afirmou que o uso de crack deve ser o foco principal na aplicação das medidas socioeducativas.
Segundo Pedro Melo, diretor da Associação Comunitária Cristo Liberta, o aumento do número de pessoas que são dependentes de crack assusta a sociedade, que precisa se organizar para um combate efetivo ao consumo e trafico da droga. Melo destacou o trabalho realizado pelo Cristo Liberta e afirmou que a falta de recursos financeiros limita o campo de atuação da entidade. “Temos que investir na prevenção”, declarou.

Carla Rodrigues, que representou a 1ª Delegacia de Furtos, afirmou que a violência em Vitória da Conquista está associada ao uso e tráfico de drogas. Rodrigues destacou o trabalho realizado pela Polícia Civil, que tem se empenhado para acabar com os pontos de vendas de drogas.
Nagib Barroso, que representou a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social, informou que no próximo dia 27, na Praça Nove de Novembro, vai acontecer a campanha: Crack, não tropece nesta pedra. A mobilização é uma iniciativa do Governo Municipal no combate às drogas.

O Pe. Edilberto Araújo Amorim, presidente da COTEFAVE, disse que os danos causados pelo álcool produzem, na sociedade, problemas maiores que o crack. Afirmou que é preciso uma postura mais participativa da sociedade no enfrentamento dos malefícios causados pelo uso de substâncias ilícitas. “As instituições que recuperam dependentes químicos precisam ser fiscalizadas. É preciso que a sociedade acorde para este problema”, disse, cobrando a criação do Conselho Municipal Sobre Drogas.