08/10/2009 22:30:00
A Câmara Municipal realizou, nesta quinta-feira (8), sessão mista para discutir políticas públicas para a saúde mental em Vitória da Conquista. A sessão foi uma iniciativa da Comissão de Saúde e Assistência Social, composta pelos vereadores Ademir Abreu (PT), Luciano Gomes (PR) e Gilzete Moreira (PSB).
O tema políticas públicas para saúde mental é destaque desde o início da Reforma Psiquiátrica, em 2002. Um dos principais objetivos da Reforma foi acabar com o sistema manicomial, que funcionou durante décadas como “depósitos” de portadores de transtornos mentais.
A atual postura do Governo está apoiada na lei 10.216/02, que busca consolidar um modelo de atenção à saúde mental aberto e de base comunitária, com uma rede de serviços e equipamentos variados, tais como os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), os Serviços Residenciais Terapêuticos (SRT), os Centros de Convivência e Cultura e os leitos de atenção integral (em Hospitais Gerais, nos CAPS III).O vereador Ademir Abreu (PT), presidente da Comissão de Saúde e Assistência Social, ressaltou a importância do debate sobre a saúde mental em Vitória da Conquista. O parlamentar afirmou que é no cotidiano da vida das instituições, dos serviços e das relações interpessoais, que a Reforma Psiquiátrica avança, mesmo com impasses, tensões, conflitos e desafios.
Segundo Abreu, o processo político da nova maneira de encarar a saúde mental no Brasil teve como ponto culminante a realização da III Conferência Nacional de Saúde Mental, no final de 2001, logo após a promulgação da Lei 10.216. O parlamentar destacou a implantação dos CAPS como principal marca da nova política em saúde mental.
“O papel estratégico dos CAPS é o de atuar em nível de território e como formador de rede articulada e comunitária de cuidados com as pessoas que sofrem de transtornos mentais. Essa rede precisa ser articulada e composta por vários serviços que substituem o hospital psiquiátrico, capazes de acolher a pessoa em transtorno mental”, explicou o parlamentar.
Dentre as principais funções dos CAPS, Ademir Abreu destacou a prestação de atendimento clínico em regime de atenção diária, evitando as internações em hospitais psiquiátricos; promoção da inserção social; regulação da porta de entrada da rede de assistência em saúde mental e suporte à saúde mental na rede básica.
Abreu ressaltou a importância da implantação dos CAPS III e CAPS AD, bem como a formação de equipe multidisciplinar no tratamento a pacientes com transtornos mentais, nas áreas de psicologia, assistência social, terapia ocupacional, pedagogia e fonoaudiologia. “O CAPS deve atender aos portadores de transtornos mentais severos e persistentes, cabendo à rede básica de atendimento àquelas pessoas que sofrem de transtornos mentais menos graves”, disse.O vereador Arlindo Rebouças (PMN), líder da bancada de oposição, destacou que os portadores de transtorno metal tem direito de acesso ao melhor tratamento. O parlamentar ressaltou o número insuficiente de psiquiatras na rede de atenção para a saúde mental.
Rebouças questionou o efetivo funcionamento das políticas de saúde pública em Conquista e afirmou que existem 1.000 pessoas na lista de espera para serem atendidas, porém a insuficiência de recursos humanos impede que estes pacientes sejam assistidos pelo sistema de saúde.
O parlamentar afirmou que o atendimento no Hospital Geral de Vitória da Conquista é de péssima qualidade. Questionou a postura do prefeito em receber bem a população, ao passo que os secretários municipais sequer atendem as representações sociais. “Só quem sabe o sofrimento é quem tem um portador de transtorno mental em sua família”, disse.Para o vereador Alexandre Pereira (PT), que representou a bancada de situação, a saúde mental deve estar na pauta de debates dos gestores públicos. O parlamentar ressaltou os avanços no tratamento da saúde mental no Brasil e em Vitória da Conquista, especialmente após a Reforma Psiquiátrica.
“Esta nova política busca resgatar os direitos e respeito aos pacientes que têm transtornos mentais”, afirmou, enfatizando os avanços e desafios de implantar novos serviços. Segundo Pereira, a partir da implantação do serviço, aumentou a demanda de pacientes que são assistidos pelas políticas de saúde mental.
O vereador destacou o papel da Câmara na discussão sobre o financiamento da saúde pública. “Isto iremos conseguir com a sociedade organizada. Momentos como estes servem para levantar a bandeira que vamos continuar lutando por melhorias”, afirmou.O presidente da Câmara, vereador Gildásio Silveira (PT), afirmou que a realidade da saúde mental não tem fronteiras. O parlamentar citou um exemplo de uma pessoa de sua convivência que, num surto psicótico, necessitou da CAESG para ser transportado para Vitória da Conquista, a fim de receber tratamento adequado.
Para o parlamentar a Reforma Psiquiátrica é uma luta antiga e, a partir da mesma, muitas conquistas foram alcançadas. “Precisamos estar juntos com o objetivo de vencer os desafios”, afirmou.
Silveira destacou as manifestações de repúdio que aconteceram em todo o país quando o ministro Carlos Minc desfilou na passeata a favor da descriminalização da maconha. “Esta Casa aprovou uma moção de repúdio ao ministro. Semanas depois, a revista Veja publicou matéria em que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso também se declarou favorável à descriminalização da maconha, mas ninguém se manifestou”, disse o presidente, solicitando coerência nos discursos dos demais parlamentares.