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AUDIÊNCIA PÚBLICA: Câmara discute combate à violência contra a pessoa idosa

Câmara Municipal de Vitória da ConquistaAudiência PúblicaNotíciaFernando Jacaré

10/06/2025 17:31:00


A Câmara Municipal de Vitória da Conquista realizou, na tarde desta terça-feira (10), audiência pública para debater o Junho Violeta, mês dedicado à conscientização e ao combate à violência contra a pessoa idosa.

A iniciativa foi do vereador Fernando Jacaré (PT) e teve como objetivo ampliar o diálogo sobre o tema, esclarecer dúvidas, compartilhar experiências e reforçar o compromisso coletivo no combate à violência e ao preconceito contra os idosos. Segundo parlamentar, “ao discutir a violência contra a pessoa idosa, reforçamos não apenas a importância da conscientização, mas também evidenciamos as ações e conquistas já realizadas em prol dos idosos em nossa cidade”. Jacaré destacou que esse ainda é um tema necessário e urgente, o que torna esse debate fundamental.

Durante audiência pública, a coordenadora de Proteção Social Básica, Dayane Evelinne, destacou a importância dos serviços oferecidos pelos CRAS e pelo Centro de Convivência do Idoso no combate à violência contra a pessoa idosa. “Precisamos falar sobre violência contra a pessoa idosa e, infelizmente, essa triste realidade ainda persiste na nossa sociedade. É por meio desses espaços de acolhimento e desenvolvimento que fortalecemos as redes de apoio e garantimos que os nossos idosos não estejam sozinhos, tendo assim os seus direitos assegurados”, afirmou.




O presidente do Conselho Municipal do Idoso de Vitória da Conquista e diretor da Associação Abrigo Santa Dulce, Márcio José de Brito, reforçou durante a audiência pública a urgência de ações efetivas no combate à violência contra a pessoa idosa. Ele destacou que a associação acolhe atualmente dezenas de idosos, muitos em situação de vulnerabilidade, e que as denúncias de maus-tratos ainda são frequentes no município. Para ele, é fundamental fortalecer as redes de apoio e garantir que as leis sejam aplicadas na prática. “A nossa missão é conseguir diminuir os números de violência contra os idosos e proteger essas pessoas que tanto precisam”, afirmou.

A coordenadora do curso de Psicologia da Unex, Natália Ferraz, destacou a importância das instituições de ensino na formação de profissionais preparados para identificar e combater a violência contra a pessoa idosa. Segundo ela, as violências psicológicas, financeiras e institucionais muitas vezes passam despercebidas, e é papel da educação promover o acolhimento e a escuta sensível. Natália ressaltou que debates como o realizado na audiência pública são fundamentais para fortalecer essa conscientização. “Os idosos de hoje são a história do nosso passado, e nós somos a história do nosso futuro. É essencial refletirmos sobre como estamos acolhendo essas pessoas que são fundamentais na construção da nossa sociedade”, afirmou.

A advogada Laísa Soares reforçou a importância da mobilização coletiva no combate à violência contra a pessoa idosa. “O Junho Violeta nos lembra que a violência contra o idoso não deve ser silenciada. Precisamos promover campanhas de conscientização, incentivar a denúncia e fortalecer os laços entre gerações”, afirmou. Para ela, garantir dignidade aos idosos é um dever que envolve não apenas políticas públicas, mas também o compromisso ético de toda a sociedade.

O comandante da Guarda Municipal de Vitória da Conquista, Capitão Lemos, destacou a importância de reconhecer as múltiplas formas de violência contra a pessoa idosa, que muitas vezes são invisibilizadas pela sociedade. Ele alertou para casos frequentes de abandono e negligência, relatando situações presenciadas pela Guarda em que idosos são deixados sozinhos e sem cuidados adequados. Ressaltou também que as mulheres idosas enfrentam ainda mais sobrecarga, acumulando responsabilidades mesmo na velhice. Segundo ele, a Guarda atua na prevenção e no atendimento a pessoas em situação de vulnerabilidade por meio de grupamentos específicos, reforçando o compromisso com a proteção dos idosos. “Nos preocupamos não só como autoridade de segurança pública, mas como pessoas”, afirmou o capitão.

O professor Fábio Felix destacou que o envelhecimento no Brasil é atravessado por desigualdades estruturais e que garantir dignidade na velhice exige políticas públicas eficazes e integradas. “Envelhecer no Brasil, especialmente sendo mulher, negra e pobre, é um ato de resistência. Garantir dignidade na velhice depende de enfrentar o racismo estrutural e o neoliberalismo que fragiliza os direitos sociais”, afirmou. Para ele, a audiência pública é um passo importante para construir soluções que envolvam o poder público e a sociedade civil no enfrentamento das múltiplas formas de violência contra a pessoa idosa.

Representando o Corpo de Bombeiros de Vitória da Conquista, Nelson Junior destacou a importância do debate sobre o cuidado com a pessoa idosa, reforçando que “os jovens de hoje são os idosos de amanhã”. Ele chamou atenção para a necessidade de ampliar a visibilidade do tema, especialmente no mês de junho, quando o Julho Violeta pode acabar ofuscado pelas festas juninas. Segundo ele, é fundamental que a sociedade abrace a causa com responsabilidade e constância. Nelson também colocou o Corpo de Bombeiros à disposição da comunidade, ressaltando o papel da corporação como um braço do Estado que atua de forma acolhedora e comprometida com o bem-estar coletivo.

Representando o Sesc, a professora Lilian destacou a importância de valorizar o protagonismo das pessoas idosas e de incluir os jovens nesse debate. “Enquanto se respira, se pode aprender, ensinar, emocionar, realizar. Nós só precisamos dar espaço para que a terceira idade possa fazer isso – e faz com maestria”, afirmou. Ela também reforçou o compromisso do Sesc com a promoção da participação ativa dos idosos e celebrou o avanço da campanha Junho Violeta, especialmente pela presença crescente da juventude nas discussões.

A Capitã Ana Cristina compartilhou um relato sobre um caso de negligência envolvendo um idoso deixado trancado em casa, sem comida nem remédios, enquanto a filha saía para festas juninas. Mesmo após o resgate feito com ajuda de vizinhos, o idoso se recusou a denunciar a filha, demonstrando afeto e, possivelmente, medo de perder o vínculo. A capitã destacou que muitos idosos se calam diante da violência, especialmente quando os agressores são familiares. “Já estive em situações até de abuso sexual em que a própria mãe não quis denunciar o filho”, revelou. Para ela, o silêncio da vítima é um dos maiores desafios enfrentados pelas forças de segurança. Por isso, reforçou a importância da denúncia, mesmo quando o agressor é um parente, para que os profissionais possam agir e proteger os idosos de novas violências.

O diretor do IFBA, Felizardo Rocha, destacou a importância da qualificação de cuidadores e da atuação conjunta entre instituições públicas e a sociedade no enfrentamento à violência contra a pessoa idosa. “É o momento da gente cuidar daqueles que um dia cuidaram de nós”, afirmou. Ele também ressaltou a parceria com o programa Manuel Querino, do Governo Federal, por meio do qual o IFBA tem ofertado cursos de formação para cuidadores de idosos em Vitória da Conquista, contribuindo para uma atenção mais qualificada e humanizada.

Representando o Colégio Estadual Professora Heleusa Figueira Câmara, a estudante Ana Beatriz destacou a importância do idoso na sociedade, enfatizando seu papel como fonte de sabedoria, experiência e vínculo entre gerações.Ela afirmou que os idosos não são apenas espectadores do mundo em transformação, mas pilares ativos e essenciais na construção social. “O valor dos idosos vai muito além das rugas que adornam seus rostos”, afirmou Ana Beatriz.  


A promotora de Justiça Guiomar Miranda fez um pronunciamento contundente. Ela chamou a atenção para o desrespeito sistemático aos direitos dos idosos no Brasil e cobrou providências. “A violência contra a pessoa idosa no país se institucionalizou. Quando ouço na televisão reportagens enormes falando do rombo do INSS, eu digo: não é rombo, é roubo, é furto, é desrespeito contra a pessoa idosa. E os responsáveis, infratores, precisam ser punidos, um por um, seja quem for, de que partido for”, afirmou a promotora.

O médico geriatra Rafael Correia fez um alerta importante sobre a forma como a sociedade ainda enxerga o envelhecimento. “Uma das formas de violência é justamente essa: impedir o idoso de ser uma pessoa. Ele ficar à margem da sociedade. A pessoa com mais de 60 anos continua sendo uma pessoa, com desejos, autonomia e capacidade de viver plenamente”, destacou. Em sua fala, o médico também enfatizou a importância da vigilância coletiva para identificar sinais de violência e a necessidade de apoio às famílias cuidadoras.

A audiência terminou com a apresentação da dança de quadrilha da Associação de Moradores URBIS VI. 

 



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