Imagem Câmara debate importância da prática de voleibol como instrumento de inclusão social

Câmara debate importância da prática de voleibol como instrumento de inclusão social

Câmara Municipal de Vitória da ConquistaAudiência PúblicaNotíciaFernando JacaréChico Estrella

26/04/2022 17:25:00


Na tarde desta terça-feira, 26, a Câmara Municipal de Vitória da Conquista promoveu uma audiência pública para debater a importância do esporte, com ênfase no voleibol enquanto instrumento de inclusão e cidadania, sobretudo para a formação de atletas profissionais no município.

A iniciativa partiu do mandato do vereador Fernando Jacaré (PT), que aponta o esporte como importante ferramenta de transformação social. “O esporte contribui na diminuição de desigualdades e dá oportunidade para a formação de futuros atletas”, afirmou. Jacaré ainda destacou a paixão dos brasileiros por essa modalidade esportiva. “O vôlei é o segundo esporte mais praticado pelos brasileiros, contando com mais de 15 milhões de praticantes”, ressaltou.

Para promover esse debate, foram convidados o coordenador de esportes de Vitória da Conquista, Luciano Pina, o educador físico Mahatma Leite, a esportista e professora Maria Ivone Novaes, o médico esportivo Danilo Ladeia, o professor José Jackson Reis e o empresário Gabriel Fernandes, do Centro de Treinamento Praia Conquista.

Voleibol, um modificador social - O atleta, técnico de voleibol e professor Mahatma Leite falou sobre a importância da prática de esportes para o bem-estar e a saúde da população. Em sua exposição, ele buscou diferenciar o que seria a atividade física, exercício físico e o esporte. Segundo ele, o primeiro está baseado na prática de alguma atividade além da linha de repouso, o exercício físico é uma atividade planejada, enquanto o esporte é uma atividade física competitiva que tem como objetivo, ganhar do adversário.

No decorrer do seu discurso, Leite falou sobre a história do voleibol e seu derivado, o vôlei de praia. Para ele, atualmente "a gente não está conseguindo produzir atletas como antes", disse ao se referir à qualidade do vôlei no Brasil. O técnico ainda lastimou a ausência de medalhas do vôlei de praia, nas Olimpíadas Tóquio 2020, visto que foi a primeira vez que nenhuma categoria conseguiu ganhar medalhas. Para finalizar, ele abordou essa prática esportiva como uma ferramenta de modificação social.

É preciso pensar a questão do esporte nas escolas - A professora e esportista Maria Ivone Novaes iniciou a fala destacando a necessidade de se discutir sobre o esporte, especificamente do voleibol, em Vitória da Conquista. Ela fez uma explanação das suas experiências com o vôlei ao longo dos anos e, nesta perspectiva, afirmou que é perceptível a desvalorização do esporte nas escolas municipais de Vitória da Conquista: “eu comecei a jogar vôlei com 13 anos de idade e é preciso entender que jogo é diferente de esporte. Nas escolas muitos alunos questionam a prática do vôlei, já que a educação física é direcionada para outras práticas esportivas, como o futebol, por exemplo”. 

A esportista também destacou os benefícios da prática do vôlei em todo o Brasil e salientou a questão do patrocínio e dos investimentos nos atletas. “O apoio, o patrocínio ao esporte é fundamental. Aqui na Bahia existem associações do vôlei amador e aqui em Conquista existem equipes que não recebem remuneração”, destacou. 

Por último, Ivone destacou a importância de ampliar os espaços para a prática do voleibol em Vitória da Conquista: “É preciso sair das escolas e praticar o vôlei nas praças, nos estádios e divulgar essa prática esportiva para estudantes. Você não precisa praticar o vôlei, mas pode assistir, o importante é estar presente e envolvido com o esporte”, finalizou.

A prevenção que pode evitar sete milhões de mortes - O médico Danilo Ladeia, mestre em Medicina Esportiva, destacou a importância do exercício físico como medida de prevenção e enfrentamento a doenças que mais acometem os brasileiros. “A atividade física regular é fundamental para prevenir e controlar doenças cardiovasculares (como infarto, AVC e pressão alta), diabetes tipo 2 e diferentes tipos de câncer”, alertou. Nesse sentido, ele destacou a importância do exercício físico. “Pequenas mudanças já representam grandes avanços. Bastam 60 minutos de exercício físico para conseguirmos reduzir a incidência das doenças cardíacas, metabólicas e respiratórias”, afirmou.

O médico destacou ainda um levantamento feito pela Organização Mundial da Saúde (OMS), apontando que se os países de baixa e média renda investissem US$ 1 por pessoa, eles economizariam cerca de US$ 3 nas ações de saúde, como prevenção de doenças crônicas, a exemplo de diabetes, e cerca de sete milhões de mortes poderiam ser evitadas até 2030, segundo o médico. “Em nove anos, a economia gerada poderia ser de US$ 230 bilhões”, pontuou.

Fomento à prática esportiva - Representante do Centro de Treinamento (CT), Arena Beach Sunset, Igor Dourado, pautou a necessidade de fomento ao esporte em Vitória da Conquista. Para ele, ainda falta incentivo no município para que os jovens pratiquem esportes. "Nossa intenção é fomentar o esporte na cidade", declarou. Ao falar sobre a Arena como um lugar para a prática esportiva, ele destacou os esportes lá praticados, como o vôlei de praia, voleibol, futevôlei e o funcional.

Esporte como incentivador da educação e da sociabilidade - O vereador Chico Estrella (PTC) iniciou o discurso falando da satisfação em participar de uma audiência que discuta questões relacionadas ao esporte em Vitória da Conquista. De acordo com Chico, infelizmente o vôlei não é tão amplamente divulgado na mídia por uma questão cultural. “Sabemos que no Brasil existe a cultura do futebol, a população conhece de fato mais o futebol do que o vôlei, mas isso não significa que o voleibol seja um esporte menos importante. Eu digo que até a emoção de uma partida de vôlei supera o de um jogo de futebol”, disse. Ele destacou a questão dos salários dos atletas de vôlei na perspectiva da falta de patrocínio e investimento. ”Nós devemos entender que a valorização do esportista se dá pela questão dos patrocinadores”, afirmou. Por último, o vereador falou da importância em se apresentar o esporte às crianças como incentivador da educação e da sociabilidade. “Se você apresentar a bola, a criança vai se desenvolver a partir do incentivo. Quando eu era criança, costumava disputar os jogos estudantis e me tornei um atleta. Eu não consigo entender o porquê da não valorização do esporte, dada a sua grande importância principalmente para as nossas crianças. Que possamos ter capacidade de apresentar às nossas crianças a bola, o quimono, a raquete, antes que os traficantes apresentem as drogas”, finalizou.

O desafio em atender todas as modalidades esportivas - Representando o Governo Municipal, o coordenador de esportes de Vitória da Conquista, Luciano Pina, falou dos desafios em atender todas as modalidades esportivas. Ele destacou as ações ligadas ao esporte oferecidas a toda população. “Nós temos hoje 100 jovens fazendo voleibol no Estádio Edvaldo Flores, 700 crianças e adolescentes praticando capoeira, jiu-jitsu, karatê e futebol”, informou. Nesse contexto, ressaltou a procura pelo futebol e lamentou o custo elevado de outras modalidades esportivas. “Mesmo assim, estamos tentando ampliar nossa cobertura para outras modalidades, atendendo a um pedido da prefeita Sheila Lemos. Um exemplo disso é o trabalho que temos feito com o voleibol”, afirmou. Luciano destacou ainda o planejamento de ações conjuntas com outras secretarias na realização de eventos esportivos nos bairros da cidade. 

Pina defendeu a presença de instrutores nas quadras do município e manutenção adequada desses espaços, atrelando esses avanços à criação da Secretaria Municipal de Esportes. Por fim, sugeriu a formação de uma comissão com àqueles que participaram do debate, para se reunir com a prefeita e pontuar as demandas discutidas neste encontro.

Vôlei enquanto esperança para crianças carentes - O professor José Jackson Reis iniciou a fala homenageando a professora Ivone Novaes e falando que a educação, o esporte e a cultura podem e devem caminhar de forma indissociável. Ele também pautou as relações entre o esporte, a educação formal e a sobrevivência. Durante o discurso, ainda questionou os presentes sobre as alternativas para que pessoas adultas, idosos, crianças e pobres possam praticar o vôlei.

Reis também narrou o seu processo de ingresso no mundo do voleibol e da educação. E apresentou esse esporte como um lugar para ampliar o espírito de sociabilidade, de encontro das diferenças, quebrador de preconceitos e esperança para crianças carentes.




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