Câmara Municipal de Vitória da ConquistaAudiência PúblicaNotíciaAlexandre Xandó Chico EstrellaDr Augusto CândidoOrlando FilhoRicardo Babão Subtenente Muniz
28/03/2022 22:11:00
Na noite desta segunda-feira, 28, a Câmara Municipal de Vitória da
Conquista (CMVC) se reuniu para discutir em audiência pública o Plano Diretor
de Desenvolvimento Urbano. A iniciativa foi do mandato do vereador Augusto
Cândido (PSDB). O PDDU vai nortear o desenvolvimento do município de forma
organizada pelos próximos 20 anos.
O vereador Augusto Cândido destacou a importância
da discussão a respeito do PDDU. “Ano passado nos foi entregue uma minuta. São
muitos temas de extrema e relevante importância. Eu preciso ouvir e ler para
poder entender”, disse ele, ressaltando a necessidade de conhecer todos os
pormenores do planejamento do desenvolvimento do município.
O
plano está sendo elaborado desde 2018 - O secretário de Infraestrutura de
Vitória da Conquista, Jackson Yoshiura, foi representado neste debate pelo
coordenador de estudos e projetos da Seinfra, Rafael Celino. Ele iniciou o
pronunciamento falando sobre a malha urbana de Conquista e tratando do atraso
do PDDU do município. “O útimo PDDU é de 2007”, lembrou Rafael. Ele pontuou
também que a prefeitura está desenvolvendo o novo PDDU desde 2018. Ressaltou
ainda que em 2021 foi encaminhado à Câmara Municipal um planejamento
urbanístico para Vitória da Conquista, destacando também o plano de obras e a
lei de ocupação do solo, que visam desburocratizar os processos e dar mais
celeridade ao desenvolvimento da cidade.
Vitória
da Conquista do futuro - O corretor de imóveis Marcelo Santana destacou que o PDDU é o
planejamento da cidade que queremos. “Falar do PDDU é pensar a cidade. O que
todos nós queremos é o melhor para a nossa cidade. Temos que pensar em muitas
coisas. Nós estamos pensando a cidade para daqui a 50 anos”, apontou ele.
Imaginar
o futuro sem engessá-lo - O arquiteto Maurício Muiñoz trouxe para o debate a necessidade
e a importância do Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano para o crescimento
de uma cidade. Ele lembrou que esse planejamento é necessário, porém, não pode
ser estático. “A gente precisa ter um caminho a seguir. Esse caminho não pode
ser estático, pois trata-se de um organismo vivo”, afirmou. Nesse sentido, ele
tratou de algumas variáveis que podem acelerar ou frear o desenvolvimento,
citando como exemplo o efeito das políticas que estimularam a cultura do café
na década de 70. Maurício também destacou os desafios de pensar o futuro, sem
reprimir as demandas do tempo presente. “Não adianta imaginar o que vai ser o
futuro, sem viver o seu dia a dia”, declarou. Maurício encerrou o
pronunciamento reafirmando as mudanças experimentadas nas relações humanas e os
seus impactos no urbanismo. “O plano diretor é imaginar, mas não engessar. Esse
é o desafio para todos nós aqui”.
Organizar
para crescer - O engenheiro civil Leandro Fonseca afirmou que se for aprovado
o PDDU, encaminhado pela Prefeitura de Conquista à Câmara Municipal, a cidade
terá grandes prejuízos. “Existem incongruências que precisam ser expostas”,
afirmou. Ele relembrou os danos causados à cidade após as chuvas do mês de
janeiro e responsabilizou o Poder Público pela ocupação inadequada do solo,
citando, como exemplo, os fatos registrados na Lagoa das Flores e no distrito
do Pradoso. Ele criticou a forma como os projetos estão sendo desenvolvidos na
cidade. “A equipe técnica da cidade não consegue acompanhar os projetos que são
entregues à prefeitura. O pessoal vem de fora, pousa aqui e entrega projetos
desalinhados com a realidade local”, afirmou.
Fonseca
fez um resgate da história de Vitória da Conquista, pontuando marcos históricos
no seu desenvolvimento e a base econômica do município em diferentes épocas.
“Até 1940, a nossa base econômica era a agropecuária. A partir daí surge o
comércio local até a chegada do polo cafeeiro na década de 70. É exatamente no
final dessa década que o prefeito Jadiel Matos percebeu que Vitória da
Conquista precisava de um norte e de um rumo. Então, ele chamou a equipe
técnica da cidade para montar o primeiro PDDU em 1977”, relembrou. Ele
continuou falando sobre o desenvolvimento da cidade e o contraste causado pela
desatualização desse planejamento por meio do PDDU.
“A
cidade cresceu e nós seguimos com aquele PDDU iniciado em 77 até meados de
2007. A equipe técnica precisou se mobilizar para atualizar esse planejamento
30 anos depois”, informou. Nesse sentido, ele pediu a Câmara Municipal para ampliar
esse debate antes de aprovar o documento encaminhado pelo Poder Executivo.
“Espero que haja sensibilidade dessa Casa para discutir esse planejamento para
que as categorias possam dar suas contribuições, pois viveremos o que está
aqui. O PDDU precisa ser debatido entre engenheiros e arquitetos e a discussão
não pode ser retrógrada”, pontuou. Leandro ainda criticou também os equívocos e
as permissões concedidas pelo Poder Público que resultaram em grandes desafios
para a atual gestão, principalmente em áreas de retenção, também chamada de
piscinões.
Outro
ponto abordado por ele foi o modelo de loteamento que, segundo Leandro, é o
mesmo da década de 70. O transporte público foi outro aspecto tratado durante o
pronunciamento do engenheiro. Ele lamentou ausência de propostas e projetos,
citou o exemplo de transporte público adotado na cidade de Sobral–CE, e
defendeu a ampliação do atual modal de transporte e a importância de um VLT.
“Saídas têm, mas a questão agora é boa vontade. É cobrar das gestões que precisamos
repensar a cidade para os nossos filhos e netos”, pontuou.
“A
cidade não para” - A engenheira Nelma Morais lembrou que o Plano Diretor atual está
ultrapassado. “A cidade não para, o crescimento está aí, a necessidade de
mudança é muito grande. O nosso Plano já tem 16 anos. É uma necessidade”
avaliou Morais, destacando que o município vem contando com desenvolvimento de
Planos desde o final da década de 1970.
“Nossa cidade é diferenciada. Vitória da Conquista tem o privilégio de
ter Plano Diretor desde 1979”, lembrou ela, ressaltando a necessidade de
seguirmos atualizando este planejamento.
Plano
de Obras é o grande entrave - O vereador Chico Estrella (PTC) analisa que o plano tem como um
dos objetivos tornar a cidade mais humanizada, mais confortável e que atende
aos princípios estipulados pelo Estatuto das Cidades, tais como habitar,
trabalhar, transitar e se divertir, pilares para a segurança, mobilidade,
saúde, entre outros. Dele se deriva a Lei de Ordenamento e Uso do Solo e o
Código de Obras. “O plano aponta os caminhos a serem seguidos pela
administração pública. É um norte”, observa.
No
entanto, lamentou a construção unilateral desse planejamento. “Quem deveria
está elaborando o PDDU deveria ser pessoas que militam na área e que conhecem
nosso solo e nossa bacia hidrográfica”, defendeu. Ele ainda criticou o atual
plano de obra de Vitória da Conquista. “O grande entrave está no plano de obra,
que foi criado em 2007. Esse plano foi criado para fornecer dificuldades e
vender facilidades”, criticou o vereador, lamentando a demora na liberação de
alvarás. “É inadmissível esse emperramento de alvarás dentro da prefeitura”.
Chico destacou também o loteamento rural e afirmou que a cidade tem mais de 80
mil lotes irregulares. “Eles deveriam está gerando divisas. A prefeitura de
Vitória da Conquista ganha com que?”, questionou.
Habitação
Popular - O
vereador Alexandre Xandó (PT) cobrou a realização de uma análise que aponte o
real tamanho do déficit habitacional no município, a fim de nortear as
políticas de habitação popular do município. “Temos que pensar o que encaramos
como áreas estratégicas. Vitória da Conquista tem um grande déficit
habitacional”, disse ele.
Ele
ponderou ainda que apesar de algumas falas defenderem o contrário, a cidade tem
favelas, sim. “Conquista tem favela, sim. Talvez não naqueles moldes que a
gente está acostumado a ver no Rio de Janeiro, mas temos, sim. Conquista é
fruto de várias ocupações”, avaliou o parlamentar.
Maior
valorização da Zona Oeste – O vereador Subtenente Muniz (Avante) pediu mais atenção para a
Zona Oeste da cidade. “A cidade não pode ser a cidade da Zona Leste”, apontou.
“Por que a construção dos melhores condomínios tem que ser no lado Leste da
cidade?”, questionou ele, apontando que a Zona Oeste precisa ser mais valorizada,
inclusive na legislação.
As
demandas sociais e os desafios do planejamento - O vereador
Ricardo Babão (PCdoB) disse que o PDDU, instrumento importante para o
município, é aguardado há anos e se faz necessário para organizar a cidade e
estimular o desenvolvimento. Parabenizou a iniciativa e falou sobre as
permissões do Poder Executivo, destacando os desafios das gestões em realizar a
permissão na ocupação do solo e alinhar essas demandas com as necessidades
sociais, como a questão da moradia. Babão encerrou o pronunciamento afirmando a
necessidade do amplo debate entre os vereadores antes mesmo de aprovar o
documento enviado pela prefeitura.
Participação
da Câmara - O vereador Orlando Filho (PRTB) defendeu uma maior participação da
Câmara no processo de construção do PDDU. “Quero propor que nós venhamos a
constituir uma comissão especial provisória para análise do PDDU na Câmara. Que
votemos e aprovemos essa comissão”, disse ele, em defesa da aprovação do
requerimento.
Segundo
ele, o objetivo é “ajudar o Governo Municipal na constituição deste plano tão
importante. A Câmara precisa exercer o seu papel fiscalizador, proponente e
articulador, contribuindo para o Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano de
Vitória da Conquista”.