Câmara Municipal de Vitória da ConquistaAudiência PúblicaComissão Especial de Enfrentamento à Covid-19
27/04/2020 19:43:00
Preocupada
com a pandemia do novo coronavírus, a Câmara Municipal de Vitória da Conquista
realizou uma audiência pública na tarde desta segunda-feira (27) com os
vereadores e representantes de vários órgãos e entidades da sociedade civil,
para debater as medidas de enfrentamento à Covid-19 no município e sugerir
ações que possam minimizar os impactos da pandemia.
Compromisso
com a sociedade conquistense - A presidente da Comissão Especial
de Enfrentamento à Covid-19, vereadora Nildma Ribeiro (PcdoB), destacou o
compromisso da Câmara Municipal com a sociedade conquistense nesse momento de
crise e disse que o objetivo da audiência é discutir ações coletivas de
enfrentamento à pandemia provocada pelo novo coronavírus. Segundo a vereadora,
a Casa do Povo tem o papel de acompanhar as ações e também fiscalizar a aplicação
dos recursos no combate ao coronavírus, a exemplo dos R$ 7 milhões repassados
pelo Ministério da Saúde e as emendas dos deputados. “Nós também estamos pedindo a liberação de renda
emergencial para as famílias que não se enquadram nos critérios exigidos pelo
Programa do Governo Federal, agilidade na distribuição da merenda escolar,
prorrogaçao de prazo de pagamento de impostos e taxas municipais, diálogo com o
comércio, entre outras questões. “A Câmara tem feito o papel dela, estamos
sendo cobrados com a questão da merenda escolar, muitas famílias estão passando
por dificuldades, a violência contra as mulheres aumentou de forma assustadora nesse
momento de quarentena, precisamos unir forças para tentar resolver todos esses agravantes,
temos que nos unir e dar as mãos e lutar para que essas pessoas possam viver de
forma digna, lutar por uma saúde pública
digna, democrática e universal”, afirmou.
A
vereadora citou também algumas importantes ações do Governo do Estado e dos
deputados Zé Raimundo e Fabrício Falcão, como a destinação de todas as emendas
de 2020 para ações de combate ao coronavírus, reconhecimento ao decreto de
calamidade pública de Vitória da Conquista e de mais 370 cidades da Bahia,
aprovação das isenções de água e luz para pessoas de baixa renda, aprovação da
bolsa de R$ 55 para alunos da escola pública, e articulação da UTI do HCC para
atender pacientes da Covid-19.
Investimentos do Governo do Estado
- O vereador Danillo Kiribamba (PCdoB) destacou que Vitória da Conquista
tem recebido atenção do Governo do Estado há anos e graças a isso está com
alguma estrutura para atender a população conquistense e da região sudoeste
nesse momento. “Graças a Deus a gente tem um Governo do Estado que vem
investindo em Vitória da Conquista, construindo a UPA, reformando o Hospital de
Base, construindo a Policlínica. Ao contrário do Governo Municipal, que veio
fechando hospital, com problemas no TFD (Tratamento Fora do Domicílio) por
muito tempo, faltando fralda. Isso é uma vergonha”, apontou Danillo.
Danillo criticou ainda a falta de
inclinação da Prefeitura ao diálogo com o Poder Legislativo Municipal. “Não
incluiu a Câmara de vereadores nesse conselho (Comitê de Crise). Será que está
com medo que a Câmara perceba o despreparo da Secretaria de Saúde e da
administração atual para lidar com esse problema?”, questionou ele, cobrando
maior abertura do Poder Executivo ao debate.
Plano
de retaguarda – O vereador Coriolano Moares (PT) cobrou um plano técnico
para assegurar a reabertura gradual do comércio. Ele ressaltou que o país já
vinha sendo assolado pelo desemprego e aumento do número de trabalhadores
informais e que pandemia agravou a situação. “Essa pandemia requer posição,
planejamento, orientação técnica e decisão dos gestores, pois os países que
criaram um plano de retaguarda conseguiram sobreviver”, disse, citando como
exemplo a Coreia do Sul, em que o governo agiu de forma rápida, sem se preocupar
com bandeira partidária, e conseguiu minimizar os prejuízos nas área de saúde e
econômica.
“Precisamos
de decisão e união, criar um plano de ação com leitos de UTI, testes rápidos,
respiradores, e reabrir de forma gradual o comércio, que na verdade já está
aberto, temos chegando na rodoviária, filas imensas nos bancos, não há
isolamento social de fato, reduzimos o trabalho das pessoas, é preciso ouvir o
Conselho Municipal de Saúde, os técnicos, colocar na mesma os dados
estatísticos, vamos disponibilizar os leitos de UTI, o antigo aeroporto está
fechado, por que não utilizar o espaço como hospital de campanha, o município e
o estado precisam expor o que estão fazendo, apontar solução, porque na ponta estão
pessoas que podem morrer pela pandemia ou pela dificuldade econômica, o
comércio está fechado há 40 dias, é
preciso pensar o retorno gradual do comércio urgente, porque a situação
econômica tende a se agravar”, concluiu.
Prefeitura deve explicar como vai
usar recurso federal – A vereadora Viviane Sampaio (PT),
Líder da Bancada de Oposição, cobrou da Prefeitura Municipal a apresentação das
medidas que serão adotadas e executadas com os mais de R$ 7 milhões destinados
pelo Governo Federal para o município combater a Covid-19. Ela afirmou que a
instituição ainda não apresentou o plano de trabalho para enfrentamento da
pandemia. Sampaio frisou que a maior autoridade sanitária da cidade é a Secretaria
Municipal de Saúde, que deve dar uma resposta consistente sobre quais medidas
devem ser adotadas. A parlamentar alertou que Conquista não está em isolamento
total, já que muitos comércios, mesmo diante de um decreto municipal, seguem
abertos.
Combate à Covid-19 deve ter base
científica – O vereador Valdemir Dias (PT) afirmou que a preocupação com
comerciantes, sobretudo os mais pequenos, é grande, pois o segmento já sofre os
impactos da pandemia. Ainda assim, ele alertou para a necessidade de balizar a
decisão de abrir ou não o comércio em critérios técnicos e científicos. O
parlamentar parabenizou a Casa pela audiência, uma oportunidade de ouvir
especialistas. “Não podemos, num momento desse, trabalhar no improviso”,
afirmou Dias. Ele frisou que se trata de vidas ao cobrar um trabalho mais
coletivo no enfrentamento da crise. O parlamentar cobrou da Prefeitura
Municipal o plano para aplicação dos mais de R$ 7 milhões destinados à
Conquista pelo Governo Federal. Dias também comentou sobre a situação do HCC e
condenou o que considera uma tentativa de “queda de braços” da Prefeitura
relação ao Estado. “É tudo de que não precisamos”, disse.
Câmara tem feito seu papel – O
vereador Fernando Jacaré (PT) ressaltou o papel da Casa no combate à pandemia.
Ele citou ações como a criação de um Comitê de Crise, fiscalização de atos da
Prefeitura e proposição de ações como a prorrogação do pagamento do IPTU e
destinação de cestas básicas para alunos da rede municipal. Para Jacaré, a
contribuição pode ser maior com a abertura de mais espaço pela Prefeitura para
a participação da Casa no enfretamento ao novo coronavírus. O parlamentar
alertou que as pessoas estão ansiosas com a crise, o que exige assertividade na
atuação da Prefeitura. Jacaré criticou o formato de distribuição de cestas
básicas. Para ele, falta organização e as cestas estão demorando de chegar às
famílias dos alunos da rede municipal, de ensino. O edil ainda cobrou da
Prefeitura a elaboração de regras para reabrir gradualmente o comércio. Ele
avalia que a gestão municipal deve se abrir para o diálogo. “Nós estamos
abertos para somar”, falou.
Preocupação
com a saúde e com a economia - O vereador Rodrigo Moreira (PP)
disse que a Câmara Municipal já fez algumas proposições à prefeitura, mas não
obteve resposta. Citou como exemplo a ausência de representantes da Casa no
Comitê de Combate à Covid-19. “A Câmara não pode ficar de fora das decisões, o
momento é de união, temos de nos preocupar com a economia, com a saúde e com a
fiscalização das ações da prefeitura, nós já criamos, inclusive, a subcomissão
de fiscalização de gastos da prefeitura”, afirmou.
Ainda
segundo o vereador, a prefeitura fechou o comércio sem se preocupar com as
consequências, sem buscar mecanismos de retaguarda para evitar o desemprego. “O
próprio secretário disse que não tem
dinheiro para programas sociais, que não pode ajudar quem vai ficar
desempregado, que não pode deixar de cobrar o ISS, não ouvimos uma única proposta
do município, é importante que a prefeitura tome medidas de enfrentamento
social, que dê possibilidade às pessoas de ficarem em casa, garantir cesta básica,
botijão de gás, nesse momento a população não precisa de asfalto, precisamos canalizar
os recurso para assistir as pessoas que estão isoladas”, disse, pedindo a
reabertura do comércio com base nos critérios de segurança da OMS e do
Ministério da Saúde. “Os próprios comerciantes serão os fiscais para impedir
que as pessoas entrem nas lojas sem máscaras, sem usar o álcool gel, é preciso
flexibililizar porque o comércio terá dificuldade de retornar com a força que
tinha”.
Preocupação
com reabertura do comércio - O vereador Cícero Custódio demonstrou
preocupação com a possibilidade de reabertura do comércio, pois, segundo as
cidades que decidiram por flexibilizar tiveram aumento no índice de
contaminação pelo coronavírus. “Precisamos ter cuidado, as pessoas estão na
rua, nas filas dos bancos, por necessidade, a gente vê pessoas passando
dificuldades nos bairros periféricos e
na zona rural, mas cabe ao executivo distribuir cestas básicas, o município tem
R$ 7 milhões guardados, use o recurso para ajudar quem precisa, nós destinamos
nossas emendas impositivas para ajudar, os deputados liberam emendas, o
governador Rui Costa tem investido na saúde, já contratou o HCC”, afirmou,
complementando que as pessoas estão sofrendo, as empresdas fechando e os R$ 600
do auxílio do governo são insuficientes para pagamento de água, luz, remédio e
alimentação. “O prefeito tem que destinar a merenda para os alunos, temos que
pensar no bem da população”.
Câmara busca diálogo – O
presidente da Câmara, vereador Luciano Gomes (PCdoB) apontou que a Câmara tem
buscado a Prefeitura a fim de colaborar com o Comitê de Crise para combater o
coronavírus. “O que nós queremos é dividir responsabilidades. Até agora a
Prefeitura Municipal não se disponibilizou a inserir a Câmara Municipal no
Comitê de Crise”, disse o parlamentar cobrando espaço para o Legislativo na
busca por soluções para os problemas relacionados à pandemia.
O vereador cobrou maior celeridade
na distribuição da merenda escolar, porque, segundo ele, já há pessoas tendo
sérias dificuldades para ter o que comer. “Temos pessoas carentes sofridas que
até hoje não receberam. Ainda não chegou à grande maioria”, disse ele pedindo
atenção para a população da zona rural. Além disso, Gomes exigiu que sejam feitos
mutirões para cadastrar as pessoas das comunidades rurais mais carentes, que
muitas vezes,não conseguem fazer o cadastramento para receber a renda mínima
emergencial disponibilizada pelo Governo Federal. “Esse auxílio não tem chegado
a quem mais precisa”, apontou Luciano Gomes.