Imagem AUDIÊNCIA PÚBLICA: Câmara destaca diversidade das Psicologias em Vitória da Conquista

AUDIÊNCIA PÚBLICA: Câmara destaca diversidade das Psicologias em Vitória da Conquista

Câmara Municipal de Vitória da ConquistaAudiência Pública

21/08/2017 19:20:00


A Câmara Municipal de Vitória da Conquista realizou, na tarde desta segunda-feira, 21, uma discussão sobre o tema: Valorizando as Psicologias. A discussão faz parte da mobilização em torno do Dia do Psicólogo, comemorado no dia 27 de agosto, relembrando a regulamentação da profissão há 55 anos por meio da Lei nº 4.119/1962 e celebrando o profissional da área da saúde responsável por estudar o comportamento humano, lidando com os sentimentos, traumas e crises humanos.

A audiência foi fruto da iniciativa do mandato da vereadora Nildma Ribeiro (PCdoB). A parlamentar disse se sentir honrada em estar abraçando esta  luta por direitos e melhorias profissionais para os psicólogos. A vereadora afirma que além da discussão e debate é preciso encaminhamento e ações concretas, por isso firmou o compromisso de juntamente com a classe dos psicólogos desenvolver um projeto de lei que regulamenta o plano de cargos e salários desse profissional no município de Vitória da Conquista.

Para Monalisa Cirino, integrante do Conselho Regional de Psicologia da Bahia e do Sindicato dos Psicólogos, valorizar a psicologia começa com a própria prática profissional, “Nós começamos a valorizar quando cuidamos e fortalecemos a psicologia enquanto profissão, enquanto um projeto ético e político. Valorizar a psicologia começa por nós, categoria”, explicou. Ela pontuou que essa valorização depende também da gestão pública. “ Estamos aqui para essa provocação. Essa é uma profissão que está em desenvolvimento, e estamos aqui para que esse seja um espaço de discussão para que a psicologia cresça no município e se desenvolva”, disse. “Esse é o nosso maior desejo”, frisou.

A representante dos estudantes de psicologia, Gabriele Dias, lamentou que a diversidade na psicologia é algo pouco discutido na academia. “A psicologia em suas diversidades é muito maior do que a abordagem”, disse a estudante. Ela apontou ainda que o diálogo entre academia e categoria profissional é insuficiente. “Isso é uma coisa que gera preocupação. Falta diálogo de ambas as partes”, apontou Dias, questionando também o que as instituições de ensino têm feito para promover diálogo entre estudantes dos quatro cursos de Psicologia existentes na cidade.

Gabriele cobrou ainda maior valorização da relevância social da Psicologia.

Sabrina Portela, representante do Sindicato Regional de Saúde, falou sobre a necessidade da reflexão de como os psicólogos estão inseridos nos setores públicos, trazendo para debate a questão da valorização profissional, salarial e afins. Na oportunidade, agradeceu a vereadora Nildma pela realização da audiência. “Ela foi a única que se disponibilizou e abraçou a causa para que a gente possa lutar por melhores dias para a psicologia”, disse.

Monalisa Barros disse que em seus 30 anos de psicologia viu a especialidade crescer, sair de um estado de elitismo e passar a ser algo alinhado à demanda da sociedade e com compromisso social. “Nós mudamos para melhor. Me sinto muito feliz de fazer parte de uma profissão que nos seu trabalho acende luzes nos fins dos túneis”, disse a psicóloga.  “Em todas as esferas possíveis a psicologia tem algo a contribuir”, apontou Barros destacando a relevância social da psicologia.

Segundo ela, a grande alegria da profissão é ver as pessoas “construírem novos caminhos” para si mesmos.

Marcelo Pires, representante dos psicólogos servidores da prefeitura municipal, lamentou por não ter a presença, na audiência, de um número maior de psicólogos, ele justifica esse fato à uma lógica antiga e individualista da profissão. “ Isso tem isso uma prática corriqueira dentro da nossa profissão. Vimos de uma lógica individual liberal, e talvez como fruto dessa história temos uma dificuldade muito grande de nos entender enquanto categoria”, disse. Para Marcelo, os psicólogos precisam começar a agir unidos, como classe.

A respeito dos psicólogos servidores da prefeitura, ele trouxe uma problemática, que segundo o mesmo, é antiga. “ Nós somos diante do serviço público profissionais de saúde, mesmo aqueles que atuam na educação, no desenvolvimento social. E assim estamos em todas as definições legais, exato em uma que é o que diz respeito ao quanto nos pagam", contou. Marcelo deixou claro que essa luta é com a prefeitura, e quem está a frente do poder público precisa assumir suas responsabilidades. " Esse problema da classe dos psicológico em relação ao salário, ocorre desde a gestão anterior, e a atual continua errada. A questão não é acusar político nenhum, prefeito anterior ou atual, mas o representante do poder público precisa entender que ele é representante, e a partir do dia que ele assume o cargo não cabe mais ficar atribuindo responsabilidade a quem vem antes", frisou. Para o psicólogo, o que atualmente acontece é o contrário, e há uma tendência do governo atual de sempre colocar a culpa no outro, no anterior.

Representante das Instituições de Ensino Superior com cursos de Psicologia, Angélica Rosa apontou que em termos de formação de profissionais, a instituição na qual trabalha conseguiu formar grandes profissionais. De acordo com ela, a chegada do primeiro curso de Psicologia na cidade, em 2004, foi muito importante para a cidade. “Foi uma grande valia o curso de Psicologia chegar em Vitória da Conquista”, disse. “Através dos estágios em comunidades e grupos de extensão foi a forma que uma entidade particular encontrou de levar o nome da Psicologia”, completou.

Para ela, a grade curricular ainda não é a ideal, mas que apontou que alguns profissionais conseguem transmitir para os estudantes a percepção de que a Psicologia é bastante ampla e diversa. “Ao mesmo tempo que percebo falhas nos currículos fico feliz por ver que alguns colegas fizeram a diferença nesse lugar de ensinar e mostrar que a psicologia vai muito além”, disse ela.

Ivana Patrícia, Presidente da União de Mulheres e Psicóloga do Centro de Referência Albertina Vasconcelos, falou da relação da psicologia com os direitos humanos, pautas feministas e debates relacionados. Por isso, ela citou a problemática de, apesar de ser uma profissão majoritariamente composta por mulheres, as referências teóricas ainda são  masculinas. "Masculinas, imperialista, eurocêntricas. Então essa diversidade tem que ser construída por nós mulheres e todas as pessoas que defendem maior igualdade nos espaços", pontuou. Ivana falou também do caráter elitista da profissão, que fez com que por muitas vezes fosse usada de forma instrumental para reforçar um processo ditatorial. Ela afirma que há um movimento para desconstruir essa visão e construir um processo com mais diversidade, pluralidade, anti-capitalista e pós colonial. "Dentro da própria psicologia, ela traz um campo teórico que possibilidade promover essa transformação", afirmou.

Homenageada, a psicóloga Marika Sakiyama agradeceu e disse que a Psicologia é de uma grandeza impensável. Apontou ainda que desde que se formou, a 33 anos, a Psicologia se transformou e cresceu muito.

Keila Andrade, também psicóloga, falou dos desafios da interiorização da psicológica, mas que  "é possível fazê-la longe dos grandes centros". Keila citou que quando se passa a trabalhar na prefeitura, como é o seu caso, esse profissional deixa de ser um profissional liberal para ser funcionário público, e daí vem novas demandas. Ela acredita que ainda há uma desvalorização do papel da psicologia no setor público. Mas afirma também que é preciso que a classe se una em luta pelos seus direitos. Ela ainda chamou a todos para a responsabilidade de se pensar o futuro da psicologia, trabalhando-a para que seja reconhecida dentro das políticas públicas fundamentais para o país.

Falando em nome de Valter Rodrigues, homenageado postumamente durante a audiência, Zezé Leite, sua esposa, disse que ter convivido com ele a fez perceber que o psicólogo é um profissional com enorme relevância social. Ela disse ser uma honra representar Valter, seu falecido esposo. “Ele ser homenageado sete anos depois da morte dele mostra o quanto ele foi marcante”, apontou Zezé Leite.

Clique abaixo e confira o álbum de fotos da audiência

Audiência Valorizando as Psicologias




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