Na noite desta segunda-feira (20), a Câmara de Vereadores realizou audiência pública que debateu questões de mobilidade, segurança e condições de trabalho dos taxistas. A audiência foi proposta pelo vereador Gilzete Moreira (PSB) e reuniu representantes do governo municipal, policiais militares e taxistas.

Durante a audiência, o vereador Gilzete Moreira (PSB) afirmou que embora a audiência tenha sido requerida por ele, não se pode deixar de reconhecer que todos os vereadores estão imbuídos nas causas relacionadas aos taxistas, com o único objetivo de resolver os problemas enfrentados pela categoria.

O representante da 77ª Companhia Independente da Polícia Militar, Capitão Máximo, falou que a postura dos taxistas deve mudar no que diz respeito às denúncias de crimes contra a categoria, pois os números de assaltos registrados pelas companhias de polícia destoam dos dados apresentados pelos taxistas. “A polícia busca ser uma parceira de vocês, pois sabemos da rotina estressante que têm. A parte que cabe à PM, de intensificação da abordagem, tem sido feita e continuará sendo realizada. Queremos contar com vocês, possuímos um serviço de Disk Denúncia e é preciso que haja uma integração para que possamos combater os crimes contra a categoria”.

A representante da 78ª Companhia Independente da Polícia Militar, Tenente Lorena Vitória, afirmou que as abordagens aos táxis foram intensificadas e que a PM tem dado uma atenção especial aos taxistas, uma vez que a labuta da categoria é reconhecida por todos. “Sabemos dos índices de criminalidade em alguns bairros, e mesmo assim os taxistas não deixam de trabalhar nesses locais. Nosso serviço é preventivo, mas, uma ponte muito interessante para a redução dos crimes é a denúncia, que nos permite atuar de forma ainda mais incisiva na prevenção”.

O líder dos motoristas auxiliares, Josafá Sousa Farias, afirmou que os motoristas sabem que o aumento da frota depende do estudo técnico da prefeitura, mas, relembrou um fato ocorrido há 18 anos, quando alvarás foram liberados sem qualquer critério e falou que é preciso ter cuidado e discutir como deve ocorrer essa liberação. “Quando os alvarás foram liberados, eu que era motorista auxiliar fiquei ‘a ver navios’. Queremos prioridade diante dessa situação, deveríamos ter participação nas discussões e no novo regulamento do serviço de taxistas, no qual não tivemos a oportunidade de opinar, já que só tinham representantes da prefeitura e do sindicato. Queremos que o abuso na abordagem de alguns fiscais da secretaria de Mobilidade Urbana seja fiscalizado, pois eles têm aplicado excessivas multas, injustas, enquanto estamos trabalhando sem prejudicar ninguém. Não podemos mais deixar o carro sozinho por 15 minutos no ponto de táxi que somos multados. As multas não podem se tornar uma receita do município”, disse, destacando que é preciso que a referida secretaria aja sem prejuízos ao trabalho dos taxistas.

Para o coordenador da 4ª Circunscrição Regional de Trânsito (Ciretran), Rodrigo Moreira, o táxi tem se tornado cada vez mais um importante integrante na vida da população de Vitória da Conquista. Para o coordenador, a pauta dos taxistas deve ser bastante discutida e a audiência é uma oportunidade para nortear algumas questões. “Temos que buscar a segurança não só destes profissionais, mas também dos passageiros. Além disso, também devemos buscar cursos de aperfeiçoamento para melhorar a integração entre o profissional e o cidadão que utiliza o serviço. Estamos dispostos a estudar meios e efetivar as soluções”.

O presidente do sindicato dos taxistas, Nilson Pinheiro, falou que em 2007 participou de uma audiência pública na Câmara de Vereadores, onde foram feitos diversos encaminhamentos aos governos do Estado e Municipal, reivindicando uma série de melhorias para a categoria dos taxistas, mas poucas foram atendidas. Segundo ele, em relação à mobilidade urbana é necessário que o poder público tome uma série de medidas para melhorá-lo. Entre os pontos tratados, o presidente destacou o recadastramento dos logradouros públicos, que são mal sinalizados; implantação de mais semáforos; retirada de todos os quebra-molas situados abaixo dos semáforos; mão única em algumas localidades da cidade; retirada de vans e ônibus do centro da cidade; mobilização da Via Bahia para implantar viadutos no anel rodoviário da cidade; melhoria da iluminação pública; critérios para a liberação de futuros alvarás; melhorias nas condições de trabalho dos taxistas; avaliação das regras de embarque e desembarque e arborização da cidade para proteger os taxistas do sol. “Essas reivindicações já foram feitas várias vezes e nunca fomos atendidos. Agora queremos solicitar que a Câmara apresente um projeto de lei para regulamentar a cobrança da bandeira 2 durante todo o mês de dezembro”.

Representando a Secretaria de Mobilidade Urbana, o coordenador de Trânsito, Herling Santos Conceição falou que desde o início da atual gestão há uma preocupação com o sistema dos transportes coletivo e de táxi. Segundo ele, o governo municipal vai continuar lutando, trabalhando e conversando muito para que a o sistema dos táxis possa melhorar ainda mais. O coordenador destacou o desmembramento da secretaria de Mobilidade Urbana, que oportuniza que as discussões sejam realizadas de forma mais ampla, e a criação do plano de mobilidade urbana, que está no prazo para ser implementado e vai trazer diversas melhorias. Ele também afirmou que a sincronização dos semáforos tem sido estudada para melhorar a sinalização da cidade.

Sobre o questionamento feito sobre a retirada de quebra-molas da Avenida Integração, Herling Santos Conceição explicou que é um trecho federal, e que, em breve o ministro dos Transportes, César Borges, deve sinalizar que pertence ao município para que se possa implantar o sistema de binários. “Quanto aos quebra-molas, sabemos que eles foram implantados em um período onde não existiam os semáforos, mas isso só pode acontecer se a área for do município, possibilitando assim a colocação de radares. Por outro lado, a retirada das lombadas atrairia novamente os caminhões e carretas para dentro da nossa cidade. Temos que pensar nos dois lados e garantir aos pedestres e aos ciclistas mais segurança”.

O coordenador também falou sobre a regularização do terreno doado ao sindicato dos taxistas e informou que a liberação de novos alvarás deve ser feita após a realização de muitos estudos e discussões com a categoria, havendo a possibilidade de licitação. A respeito do excesso de multas aplicadas pelo Simtrans, Herling Santos garantiu que todas as reclamações serão apuradas. “Tem ocorrido um debate para resolver a questão dos pontos de táxis, bem como dos embarques e desembarques. Sabemos que existe o transporte irregular, mas temos combatendo de forma efetiva o transporte clandestino. Quanto à bandeira 2, o governo acredita que as modificações devem analisadas para não prejudicar nenhuma parte”.