10/09/2015 17:00:00
Durante a tarde dessa quinta-feira (10), diversos comerciantes e profissionais de carro de som, bares e restaurantes, estiveram presentes para discutir a questão da poluição sonora, em uma audiência pública realizada na Câmara Municipal de Vitória da Conquista (CMVC), de autoria do vereador Gilzete Moreira (PSB).
Bares e restaurantes – Arlen Fernandes representou os proprietários de bares e restaurantes e relatou que está sendo criada uma associação de bares e restaurantes para que a categoria comece a ser bem representada na cidade: “não existe perfeição em nenhum setor, mas estamos buscando o melhor”. Ele explicou que devido à crise muitos bares e restaurantes não vão conseguir cumprir de imediato as normativas. Arlen relatou a maneira como os proprietários de bar têm sido tratados. “Fizemos um grupo do whatsapp e quando dava dez horas da noite parecíamos que éramos todos ladrões”, relatou. Ele disse ainda que “é preciso conversar para achar um meio que possamos trabalhar e ao mesmo tempo cumprir a lei”. E finalizou dizendo que é preciso “entrar em um acordo sem arbitrariedade”.
Comerciante – Carlos Barbosa, falou em nome dos comerciantes de som da cidade e lembrou que já faz tempo que se fala sobre barulho de som.”As pessoas vem reclamando há muito tempo dos carros de som e paredão, eles veêm os donos de som de paredão como bandidos e não somos”, lamentou. Ele lembrou que se fala muito em punir e esquecem que tem uma história atrás disso: “só sabem punir e não se faz para tentar resolver o problema. A gente vai ter que voltar para roça para puxar inchada porque não tem condições de se trabalhar hoje”. Barbosa sugeriu que a prefeitura crie um espaço para os donos de carro de som e paredão. “Sabemos que existe exagero sim e são esses exageros que precisam ser fiscalizados”.
Cantores - Tarcísio Souza, representante dos cantores, reclamou das faixas de decibéis previstas na legislação. “É totalmente fora de lógica e vai chegar ao ponto em que o artista não vai ter mais função dentro de um bar porque a própria ambiência do povo conversando vai impedir que ele seja ouvido”, falou. Souza convidou as pessoas envolvidas na discussão a visitarem pessoalmente os bares onde muitos cantores se apresentam para, segundo ele, conhecerem melhor e mais de perto essa realidade. Ele afirmou que esses músicos são trabalhadores, querem apenas trabalhar sério.
Carros de som - Carlos Alberto da Silva iniciou afirmando que tudo tem que ter ordem e respeito. “Estamos como pais de família defendendo o pão de cada dia com o suor do nosso rosto, como diz a Bíblia”. Afirmou que estava preocupado com a reunião, “porque tem gente que pega microfone para falar besteira”. Ressaltou que o secretário Gildásio recebeu mais 400 notificações, “mas ele não citou carros de som. Então pergunto: onde é que o carro de som perturba nossa cidade? Em canto nenhum”. Explicou que o trabalha é realizado no horário comercial. “O carro de som é um instrumento de trabalho imediatista, e quero pedir em nome da classe: não afronte nenhum fiscal, desacatar servidor público é crime. Se alguém reclamar, abaixe o som”.
Faculdade Independente do Nordeste (Fainor) - Flávio Silva elogiou a proposta de diálogo através da sessão da CMVC. “Todos estão na intenção de discutir os melhores caminhos nesse processo”. Explicou que “a casa pode ter os decibéis que desejar, mas que o vizinho não seja perturbado”. Salientou que a Fainor está formando os primeiros profissionais em arquitetura e uma das matérias estudadas foi conforto ambiental. “Minha função é dizer que estamos a disposição para ajudar as casas noturnas. Essa audiência é o primeiro passo para chegarmos a um consenso”.
O produtor cultural Esmon Primo lembrou que faz algum tempo que esse tema vem sendo debatido e ressaltou a importância da audiência. Segundo o produtor, “a cidade está, realmente, com muito barulho há muitos anos”, mas o que se pretende com o debate não é estabelecer um confronto entre donos de carros, bares, igrejas, poder público e outros segmentos, mas sim discutir e propor normas e uma legislação que regule a questão do som na cidade. Ele concorda, em termos econômicos, que o som é “ganha pão de muitas pessoas” e lembrou que não são apenas carros, mas tem também bicicletas e motos. Esmon reconhece que não são todos, mas muitos profissionais ultrapassam o limite sonoro. “Vocês podem andar na rua e perceberem que tem pessoas que colocam o som muito alto”, disse. Para ele, o maior problema é o uso de som de carros particulares em locais públicos, pois as pessoas incomodadas não tem como fugir do ruído. “O que me indigna muito é a falta de educação”, detalhou. Segundo Primo, o problema é cultural, mas aponta soluções: “Eu acho que podemos tirar umas normativas específicas e fiscalizar”. Ele também alertou para o problema da estrutura física dos paredões de som que já estariam atrapalhando o trânsito, conforme Primo. “Geralmente é um carrinho pequeno ou uma Hilux [marca de caminhonete], mas a quantidade de caixa acústica extrapola a largura do veículo. Isso é questão de trânsito”.