03/09/2015 21:40:00
Foi realizada na noite dessa quinta-feira (03), na Câmara Municipal de Vitória da Conquista (CMVC) uma Audiência Pública para discutir a situação dos resíduos sólidos na cidade de Vitória da Conquista, de autoria do Presidente da casa, Gilzete Moreira (PSB), e contou com a presença do professor da UESB e Executivo de Negócios da Telemar, Rubens Jesus Sampaio, do engenheiro civil, representando o Sindicato da indústria da construção civil, Gilberto Nova Prates, do presidente do Alô entulho, Samuel Silva Braga, da engenheira ambiental, Camila Daniele Willers, do secretário municipal de serviços públicos, Gildásio Silveira, o secretário municipal do meio ambiente, Carlos Teles representante do CREA.
O autor da sessão, Gilzete Moreira, agradeceu a presença de todos e ressaltou a importância do tema para melhoria na qualidade de vida da população: “discutir a situação dos resíduos sólidos na nossa cidade, nos ajuda a entender melhor a importância da reciclagem, da coleta seletiva e da preservação do meio ambiente para nosso dia a dia”.
A representante do CREA de Vitória da Conquista, Patrícia Pirajá, explicou que é responsável pelos projetos de licenciamento ambiental na cidade e que “é difícil colocar em prática o que se coloca nos projetos”. Ela relatou que a cidade tem condições de ser mais limpa a cidade, com os materiais sendo mais bem aproveitados. “Existem reformas pequenas e as grandes obras que são fiscalizadas com mais rigor. Mas se fizer uma vistoria vai se perceber a quantidade de entulhos na cidade e descartados de forma inadequada”, explicou. Por fim, ela disse esperar que “essa sessão seja o ponta pé inicial para termos uma cidade mais limpa, mais organizada”.
Rubens Jesus Sampaio, professor assistente da Uesb e executivo de Negócios na Telemar, fez um pequeno panorama sobre como a questão dos resíduos sólidos vem sendo tratada no mundo, no Brasil e em Vitória da Conquista. Ele ressaltou um dado alarmante, publicado numa revista internacional, que informa que o maior lixão do mundo está no Oceano Pacifico, são 4 milhões de toneladas de lixo espalhadas no mar impactando toda a vida marinha. “Muito pouco se tem feito por isso”, detalha ao afirmar que a questão do lixo não tem suscitado a devida importância. Segundo Sampaio, as atividades humanas vêm gerando um volume cada vez maior de resíduos. Um exemplo dado pelo professor é a questão alarmante da falta de tratamento dos resíduos gerados pela construção civil, em franco desenvolvimento em Vitória da Conquista. Rubens ainda explanou sobre a Lei 12.305/2010 que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos.
A engenheira ambiental, Camila Daniela Wiilers, concentrou sua fala nos resíduos da construção civil. Segundo ela, para outros resíduos existe o lixão, mas a construção não tem nenhum espaço para descartar seus resíduos. “O volume é grande porque o crescimento da cidade é visível”, justificou. Camila lembrou que é preciso criar alternativas: “hoje a gestão é compartilhada e o que vem do governo, nas três esferas, deixa a desejar”. Ela explicou que “em conquista só existe o Recicla Conquista que faz o trabalho de reciclagem, é preciso um investimento para aumentar a reciclagem, ampliar o Recicla Conquista”. Por fim, disse que “o que é mandado para o aterro é dinheiro, o que mandamos pra lá tem valor agregado, estamos jogando nossos recursos num aterro”.
Gilberto Nova Prates, engenheiro civil e representante do Sindicato da Indústria da Construção Civil, reconhece que o segmento da construção civil é o que mais gera resíduos, mas tem buscado, no município, soluções. O engenheiro citou alguns: o entulho sólido é recolhido por empresas cadastradas na Prefeitura Municipal; já materiais mais leves, como papelão, vão para a Recicla Conquista, cooperativa de reciclagem; o segmento já trabalha com a logística reversa do saco de cimento, ou seja, as embalagens retornam para os fabricantes; e utilização de tanques de decantação que encerram o cimento que se solta das ferramentas utilizadas nas obras, evitando que este tipo de resíduo vá parar na rede de esgoto. Prates ressaltou que se trata de tecnologias que diminuem a geração de entulho. Ele acredita que as empresas são capazes de assumir projetos como usinas de reciclagem, mas é necessário fiscalização e parceria com a gestão pública.
Carlos Teles, secretário municipal do Meio Ambiente, explicou o funcionamento da secretaria e como é o processo de liberação da licença ambiental para as obras da cidade. “É importante dizer que, mesmo com dificuldade, a secretária vem desenvolvendo o trabalho da melhor forma, inclusive, no que diz respeito à consciência ambiental”. Outro ponto destacado por ele foi sobre o Plano de Saneamento Básico que está sendo montado pelo governo municipal, que contempla o Plano de resíduos sólidos. “Esse tema tem sido colocado constantemente em pauta, e nós do conselho municipal do meio ambiente está aberto para novas ideias”, relatou.