Imagem Audiência pública debate crise do curso de Medicina em Jequié

Audiência pública debate crise do curso de Medicina em Jequié

Arquivo

05/04/2013 08:00:00


A possibilidade de transferência dos alunos do curso de Medicina do campus de Jequié para o campus de Vitória da Conquista em função das más condições estruturais verificadas na unidade da cidade vizinha foi objeto de audiência pública na noite desta quinta-feira (04), na Câmara de Vereadores de Vitória da Conquista.

Autor do requerimento que originou a audiência, o vereador Nelson de Vivi (PCdoB) afirmou para uma plenária repleta de estudantes universitários que o problema central enfrentado pelos alunos é a falta de professores. “Não podemos deixar que nada afete a qualidade do curso de Medicina, fundamental para nossa cidade e para todo o Estado da Bahia”, afirmou o parlamentar, para quem é necessária a criação de comissão especialmente para acompanhar os desdobramentos da audiência pública.

Em seu pronunciamento, o reitor da UESB, Paulo Roberto Pinto, informou que o colegiado de Medicina emitiu parecer segundo o qual a transferência dos alunos de Jequié para Vitória da Conquista resultaria na perda de qualidade do curso e que, por isso, não seria mais adotada medida nesse sentido. “Com essa resposta, ficou evidente: não virão os alunos de Jequié para Vitória da Conquista. Eu fiz uma consulta e obtive a resposta hoje pela manhã. Se tivessem me dado essa resposta há 20, 15 dias, eu já teria tomado essa medida”, afirmou. O reitor destacou ainda que vem buscando parcerias para resolver os problemas enfrentados pela comunidade acadêmica, notadamente quanto à falta de professores. Um professor de Patologia da UFBA já teria inclusive se prontificado a lecionar gratuitamente na instituição. Além disso, outras parcerias estão sendo buscadas junto à Universidade Estadual de Feira de Santana e de Santa Cruz.

Representante do Diretório Acadêmico de Medicina do campus Vitória da Conquista, Davi Khoury fez uma retrospectiva dos problemas referentes ao curso de Medicina da UESB e enumerou “O problema mais urgente é a falta de professores, pois nosso curso foi projetado para atender os 180 alunos que já tem”.

A coordenadora do colegiado do curso de Medicina da UESB em Vitória da Conquista, Maria Ester Ventin, fez questão de afirmar que não falta ao órgão sensibilidade com a situação do curso de Jequié, que o momento é “delicado” e que a solução “está além de nós”. Ela lembrou que as manifestações dos estudantes tiveram início após tomarem conhecimento da consulta do reitor quanto às condições que o curso oferecia caso fosse necessária a vinda dos alunos de Jequié para Vitória da Conquista. Em plenária realizada nesta quarta-feira (03) deliberou-se quanto à total falta de condições para transferência dos alunos.

Luis Cláudio de Carvalho, representante do Conselho Regional de Medicina da Bahia, afirmou que a instituição vem combatendo há vários anos a abertura indiscriminada de cursos de Medicina, ação que vem sendo condenada também pelo conselho federal. Ele afirmou que, no entendimento do conselho, o curso deveria ser fechado imediatamente, com os alunos tendo asseguradas as condições ideais para concluir a faculdade.

Representante do Sindicato dos Médicos do Estado da Bahia, o médico Luis Almeida afirmou que a principal preocupação com a qualidade de ensino nos cursos de Medicina é o fato de os egressos dessas faculdades lidarem diretamente com a vida das pessoas. Ele lembrou que, à época da implantação do curso, o Conselho Regional de Medicina sugeriu o fechamento do mesmo. Segundo ele, cabe ao Governo do Estado construir as condições de execução da saúde. “Se foi implantado sem condições é culpa do Estado, que é omisso”, disse, acrescentando que a situação dos estudantes, médicos e usuários é bastante degradante e que, levando em conta o que recomenda o Código de Ética dos Médicos, o curso deveria ser fechado.

Presidente da Câmara de Vereadores de Jequié, Josué Menezes afirmou, por sua vez, que, no que depender da defesa política do Poder Legislativo e do Executivo locais, e da própria sociedade jequieense, o curso de Medicina não será fechado. “Podemos notar um total descaso do Governo do Estado com a saúde em todas as cidades. Estamos cobrando ações efetivas do governo para manutenção do curso. O que falta é vontade política para qualificação do curso de Medicina de Jequié”.

O presidente da Casa, vereador Fernando Vasconcelos (PT), destacou a participação dos alunos do curso de medicina da UESB campus de Vitória da Conquista e Jequié, que juntos, estão lutando pelos direitos e pela qualidade do curso. Parabenizou o reitor da Uesb, que vem fazendo uma bela administração garantindo que os alunos de Jequié não virão para Vitória da Conquista e que está buscando junto as outras universidades estaduais apoio para a melhoria do curso. “Mais uma vez a Câmara de Vereadores abre suas portas para a comunidade na busca de soluções para as demandas apresentadas. Este é o nosso papel”.

Plenária

Cristenes Castro, pai de aluno da UESB, campus Jequié, solicitou auxílio dos docentes da UESB e do Poder Público. “ Porque os docentes de Vitória da Conquista não podem colaborar?, questionou, pedindo aos vereadores das duas cidades uma mobilização para resolução desta matéria.

Ian Moraes, estudante, comemorou os resultados obtidos pelo movimento estudantil. “Nossa ideia para fomentar o debate na cidade deu resultado. A decisão do colegiado demonstra que a vinda dos 27 alunos de Jequié, não vai resolver a situação. Nós entendemos que a sobrecarga leva a perda de qualidade”, afirmou.

Débora Coutinho, estudante, afirmou que a transferência dos alunos não é a solução para o problema. “O que vem acontecendo em Jequié não é emergência, foi previsto. Temos que primar por uma educação e uma saúde de qualidade”, disse.



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